CEO diz que IRB (IRBR3) está no caminho certo, mas analistas mantêm cautela; ação fecha em queda de 3% após balanço

Tanto o Citi quanto o Credit destacaram que os números foram negativos e apontam pressão no capital da companhia em meio a sucessivos prejuízos

Felipe Alves

IRB (Foto: Divulgação)

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Ainda impactados pelos efeitos da Covid-19, os resultados do IRB Brasil ( IRBR3) no 4º trimestre estão “na direção correta”, mas ainda não no patamar desejado pela administração da companhia, afirmou nesta sexta-feira (25) o presidente (CEO) Raphael de Carvalho em teleconferência com analistas.

Segundo ele, o “IRB está no caminho correto”, pois o negócio é “resiliente e já mostra recuperação”.

Contudo, os analistas de mercado ainda estão céticos sobre a companhia, enquanto a reação do mercado foi negativa ao resultado, ainda que a ação tenha amenizado as perdas. Na sessão desta sexta, os papéis fecharam em queda de 3,16%, a R$ 3,06, após chegarem a ter perdas de 5,38%, a R$ 2,99, na mínima do dia.

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No balanço do 4º trimestre de 2021 divulgado quinta-feira, o ressegurador registrou prejuízo contábil de R$ 370,9 milhões, redução de 42,4% na comparação com as perdas do mesmo período de 2020. No acumulado do ano passado, o resultado líquido foi negativo em R$ 683 milhões, perda 54% menor ano a ano.

Tanto o Citi quanto o Credit Suisse destacaram que os números foram negativos.

Os analistas do Credit Suisse veem que a rentabilidade do IRB foi fortemente impactada pelo segmento internacional e a empresa está com capital apertado, limitando o crescimento dos negócios. “O IRB está aberto a explorar diferentes alternativas para impulsionar seus indicadores regulatórios”, diz o Credit Suisse. Os analistas possuem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para o papel, com preço-alvo de R$ 5, ainda um potencial de alta de 58% em relação ao fechamento da véspera.

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O Citi ressaltou que foram mantidas as tendências dos trimestres anteriores, mas ainda assim os números tiveram surpresas ruins. Os analistas avaliam que os persistentes e elevados resultados negativos estão pressionando o capital da companhia. “Os problemas de IRB Brasil parecem maiores e a empresa está demorando para apresentar resultados positivos”, afirmam. Eles reforçam que as projeções de longo prazo para a empresa permanecem baixas. Eles reforçam recomendam de venda para a ação, com preço-alvo de R$ 3,70, ainda uma alta de 17% em relação ao fechamento de quinta-feira (24).

Os números ainda trazem impactos diretos da Covid-19, especialmente pelos quase R$ 150 milhões que a empresa pagou ou provisionou relacionados a sinistros de Covid.

Segundo Willy Jordan, Vice-Presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores do IRB Brasil, tanto em 2020 como em 2021 cerca de 80% dos sinistros se referiram aos três últimos anos de subscrição. Em 2022 os sinistros vão vir das safras de 2020, 2021 e 2022, fazendo com que impactos das safras anteriores se reduzam significativamente.

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Estratégia é ampliar participação no mercado doméstico

O ano de 2021, segundo a diretoria do IRB, foi para consolidar a reconfiguração da liderança da organização. O foco agora é total na ampliação da participação no mercado de seguros doméstico para alavancar as vantagens competitivas da empresa.
“Enxergamos o IRB sustentável com no mínimo 2/3 no mercado doméstico. A América Latina é uma área de extensão natural dessas vantagens competitivas e o restante do mundo é mais complementar”, afirmou Raphael de Carvalho.

Segundo ele, a diluição de riscos é um dos pilares para crescer de maneira sustentável. “Olhamos estar presente em mais negócios, mas em cada um deles estar mais sob controle”.

Os segmentos vida e rural representaram 46% dos sinistros do IRB em 2021. E 59% dos sinistros em 2021 vêm de contratos no exterior, “indicando que a sinistralidade se reduziria com a maior concentração no mercado doméstico”, segundo Willy Jordan.

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2022 será ano de inflexão para o IRB

Embora fortemente impactados por anos anteriores, os resultados de IRB Brasil devem ser melhores em 2022, com um IRB robusto em solvência e ativos, disse Raphael de Carvalho.

A expectativa é de um 2022 mais positivo do que 2021 e 2020 apoiado em uma economia nacional melhor para este ano. A companhia espera ter menos impactos da Covid-19 nos negócios e projeta um cenário de taxa de juros mais positivo. “É o ano em que a confiança que os nossos clientes demonstraram nessa organização continuará acontecendo e viabilizando junto com o amadurecimento da política de subscrição para um ano mais positivo para a organização”, afirmou Raphael.

O plano estratégico em implantação pela nova administração do IBR começa a trazer resultados em 2022, destacou o presidente da seguradora. “Esse negócio tem sua dinâmica, seu tempo, e isso começa a se concretizar em 2022 de maneira mais explícita”, projeta Raphael.

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Enquanto analistas seguem pessimistas,  Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores individuais da Bolsa, afirmou recentemente ao InfoMoney que aproveitou a queda recente das ações do IRB no último dia 4, quando a cotação chegou a R$ 2,82, para comprar mais ações da empresa. Ele aumentou mais a participação no seu capital – e quase “de graça”, como ele define. Estima-se que tenha desembolsado R$ 4,5 milhões na operação.

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