Casas Bahia: Santander vê caminho difícil para 2024 e revisa preço-alvo para BHIA3

Com a 2ª fase do plano de transformação em vigor até 2024, ainda esperamos um caminho difícil para as Casas Bahia durante o ano

Lara Rizério

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O Santander manteve recomendação neutra e revisou o preço-alvo para as ações das Casas Bahia (BHIA3), ainda vendo um cenário bastante desafiador para a companhia. Com base em seu modelo atualizado, o banco introduziu um novo preço-alvo para o ano de 2024 de R$ 7 (ante a meta anterior para 2023 de R$ 36,20, levando em consideração o grupamento de ações de 25 para 1 realizado no fim do ano passado).

Os analistas do Santander ressaltam que, desde a posse da nova gestão da empresa em agosto de 2023, o grupo Casas Bahia passou por um plano de transformação que visa priorizar a geração de caixa e a rentabilidade, com o objetivo de desalavancagem e retorno a uma trajetória de crescimento sustentável.

Durante o 2S23 (segundo semestre de 2023), a administração: i) cumpriu as promessas de ficar mais enxuta, fechando 49 lojas e desativando 10 centros de distribuição, reduzindo significativamente seu quadro de funcionários; e ii) focando nas principais categorias (bens duráveis), migrando mais de 20 categorias não essenciais de 1P (estoque próprio) para 3P (marketplace).

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“Com a 2ª fase do plano de transformação em vigor até 2024, ainda esperamos um caminho difícil para as Casas Bahia durante o ano”, avalia o banco, que acredita que o reescalonamento da dívida concluído em março dá mais tempo para o esforço de recuperação da empresa começar. O Santander ainda prevê que 2024 será um ano de melhoria do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês).

O banco, por sua vez, espera que as pesadas despesas financeiras persistam, levando a Casas Bahia a registrar grandes perdas líquidas e consumo de caixa em 2024. “Por essas razões, reiteramos nossa classificação neutra para ações até vermos uma confirmação mais tangível de um ponto de inflexão operacional”, avalia.

No curto prazo, os investidores que avaliam a trajetória de recuperação da Casas Bahia não devem buscar a aceleração do crescimento das vendas em 2024. Em vez disso, o foco permanece em melhorias sequenciais de rentabilidade e geração de caixa, que não devem depender de ganhos de alavancagem operacional.

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Dentre as alavancas que a gestão dispõe para aumentar as margens, o banco ressalta: i) otimização de sortimento, visando reduzir rupturas de estoque de itens em categorias principais; ii) implementação de preços dinâmicos com potencial para melhorar vendas e margens simultaneamente; e iii) alinhamento de incentivos entre gestores de loja e foco da empresa na rentabilidade.

“Com esses ajustes produzindo resultados gradualmente, no trimestre, esperamos que o Ebitda da Casas Bahia totalize R$ 1,8 bilhão em 2024, o que implica uma expansão de margem de 230 pontos-base na base anual, mesmo com a expectativa de que a receita caia 5% ano a ano”, reforça.

De acordo com as estimativas do banco, a Casas Bahia ainda deve registrar um prejuízo líquido em 2024 e 2025 (-R$ 1,4 bilhão e -R$ 514 milhões respectivamente) devido a pesadas despesas financeiras sobre uma dívida líquida estimada em R$ 4,5 bilhões (em 2024, incluindo acordos de financiamento de fornecedores e ventos contrários à medida que a empresa implementa seu plano de transformação.

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Assim, dado o potencial de valorização limitado e os riscos persistentes de recuperação e alavancagem financeira em meio à volátil recuperação do setor de bens duráveis, o banco reitera recomendação neutra.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.