Cai no boato, sobe no fato? Ação da Lojas Renner (LREN3) sobe 6% apesar de resultado fraco, com atenção aos próximos passos

Renner divulgou fato relevante com estimativas de redução do custo do transporte no e-commerce e de outros custos logísticos

Lara Rizério | Vitor Azevedo

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Os números da Lojas Renner (LREN3) referentes ao primeiro trimestre de 2023 (1T23) não foram bem lidos pelos analistas de mercado, mas mesmo assim as ações registraram ganhos, já que a expectativa já era de números mais fracos. Os ativos, apesar de volatilidade, fecharam com ganhos de 6,11%, a R$ 15,46.

A varejista registrou um lucro líquido de  R$ 46,8 milhões no primeiro trimestre de 2023, número 75,6% menor do que os R$ 191,6 milhões registrados no mesmo período de 2022.

O recuo vem a despeito do aumento de 2,2% da receita líquida, que ficou em R$ 2,2 bilhões, e se explica, principalmente, por um pior desempenho operacional – o Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, da Lojas Renner recuou 34,3%, ficando em R$ 251,8 milhões.

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“A Renner reportou resultados fracos nesses 1º trimestre, com um Ebitda ajustado 13% abaixo do nosso por conta de uma dinâmica mais fraca no varejo, tanto em receita como rentabilidade, enquanto Realize apresentou resultados melhores, porém ainda pressionados”, aponta a XP.

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Enquanto a receita líquida consolidada subiu 6% na base anual puxada por Realize, o Ebitda ajustado caiu 46% frente o 1T22  por conta de uma dinâmica mais fraca na operação de varejo decorrente de desafios no cenário macro e de clima. A geração de caixa foi negativa em R$ 218 milhões, mas melhor versus o ano anterior por conta de melhora no capital de giro, principalmente recebíveis, avalia.

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A Genial aponta que, afetada por uma desalavancagem operacional das operações de varejo, a Renner reportou um faturamento líquido de R$2,8 bilhões (+6,2% ao ano, acima da projeção de 2,9% da casa). As temperaturas médias mais elevadas somada à forte base de comparação e á ruptura de itens de meia estação (entre a coleção de alto e baixo verão) afetaram o balanço.

“Ao nosso ver, a estratégia de antecipar a coleção de inverno em 2023 foi problemática e, além dos fatores macroeconômicos, essa estratégia pode ter custado a rentabilidade do período da varejista”, avalia.

Entre as bandeiras, a performance veio em linha ao esperado, com a Youcom mantendo a dinâmica de crescimento acima do varejo, consolidando uma receita líquida de R$ 77 milhões. O faturamento da Renner e Camicado ficaram -0,7% e +1,2% versus a estimativa da casa.

“Como já havíamos antecipado, Camicado seria o grande detrator de crescimento do segmento de varejo. Com um fechamento de 13 lojas no período e dado o cenário desafiador para Home & Decor, a bandeira mantém a performance de queda de duplo dígito ao ano”, aponta.

Para o Bradesco BBI, os resultados do 1T23 são neutros para a ação, pois o consenso já reduziu suas expectativas para a Lojas Renner, o que se manifestou um pouco na queda de 25% no preço desde o último resultado do 4T22.

“Embora trimestres fracos e persistentes nunca sejam boas notícias, em nossa opinião, desta vez os números não são suficientes para causar qualquer revisão para baixo dos lucros para 2023”, aponta.

O banco vê a projeção de lucros recentemente cortadas para 2023, de R$ 1,15 bilhão, já refletindo os fundamentos atuais da Renner e, portanto, mantém as estimativas existentes e recomendação de compra, com base em um múltiplo de preço sobre lucro (P/L ) para 2023 descontado de aproximadamente 12 vezes.

De olho em iniciativas

Em um período em que o macro não favorece as ações, os analistas destacaram as iniciativas estratégicas da Renner a  serem divulgadas no Investor Day, aponta o BBI.

Durante o evento, Fabio Faccio, CEO da Renner, disse que, após investimentos, a empresa está em um ciclo de redução de estrutura.

“A gente vinha de um ciclo de investimentos maiores, que durou um tempo, e agora temos a redundância da operação de dois centros de distribuição (CDs), mas estamos em um ciclo de redução de estrutura”, apontou. Algumas estruturas, segundo o executivo, não são mais necessárias. “No primeiro trimestre, a Renner operou com dois CDs, após colocar o de Cabreúva em operação”, detalhou.

Segundo Daniel Martins dos Santos, CFO da varejista, as condicionantes do mercado continuam ruins. Apesar disso, ele defende que a Renner vem melhorando sua cobertura. “Seguimos confiantes de que teremos um movimento de recuperação mais forte. Claro que isso é condicionado a algumas variáveis externas, que temos de acompanhar. Veremos se essa tendência se manterá”, disse.

Cabe destacar que, na manhã desta quinta-feira, a Renner divulgou fato relevante com estimativas de redução do custo do transporte no e-commerce em relação à receita digital em 2 pontos percentuais em 2025 versus 2019.

A companhia também prevê diminuir em cerca de 4 pontos o custo logístico sobre vendas digitais em 2024 e 2025 em relação a 2019, bem como alcançar cerca de 20% a 25% do GMV (volume bruto de mercadorias) total em três a cinco anos.

“Vemos as projeções como razoáveis, e destacamos a rápida melhora nas previsões da Renner para sua cadeia de suprimentos em 2023, com a empresa almejando atingir 100% da distribuição de unidades até 2023 – o que implicaria em melhor giro de estoque e dinâmica de cobrança mais assertiva. Não vemos essas projeções como um divisor de águas para a Renner”, avalia o Itaú BBA, que destacou o Investor Day como um evento importante sobre o tema.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.