Bolsas operam sem direção única após dados da China e antes de vendas no varejo nos EUA; taxa de desemprego no Brasil e mais destaques

Falas do diretor do BC, Gabriel Galípolo, também estão no radar dos investidores locais

Felipe Moreira

(Getty Images)

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Os índices futuros dos Estados Unidos operam com baixa, enquanto os mercados asiáticos e europeus operam sem direção definida nesta terça-feira (15), com investidores repercutindo uma série de dados econômicos da China que vieram abaixo das expectativas, incluindo sua produção industrial e vendas no varejo.

O Banco Popular da China também anunciou que a taxa de empréstimo permanente foi reduzida para 2,65%, a taxa de empréstimo permanente de 7 dias para 2,8% e a taxa de um mês para 3,15%.

Já nos EUA, investidores aguardam pelas vendas do varejo. O consenso Refinitiv prevê uma variação de 0,3% do indicador em relação a junho.

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Por aqui, sai a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do segundo trimestre.

Na frente política, um conflito entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aumenta a pressão do Centrão sobre o governo Lula e a agenda econômica.

1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA registram perdas na manhã desta terça-feira (15), véspera da ata do Fomc, com agentes do mercado à espera das vendas do varejo americano.

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Os dados de preços de importação e exportação para o mês, juntamente com o índice NAHB do mercado imobiliário de agosto, também estão previstos hoje.

A gigante do varejo Home Depot divulgou seus resultados trimestrais nesta terça-feira. A companhia superou as expectativas de lucros na terça-feira, mas registrou uma queda de 2% nas vendas ano a ano, pois os clientes permaneceram cautelosos com grandes compras e grandes projetos.

Foi a primeira vez em três trimestres que a varejista de materiais de construção superou as expectativas de receita de Wall Street.

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Veja o desempenho dos mercados futuros:

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam mistos, à medida que investidores digeriam dados vindos da China e do Japão.

Na China, o Banco Popular surpreendeu o mercado e cortou a taxa de seus empréstimos de um ano para 2,5% nesta terça-feira, de forma a fortalecer a economia. O anúncio foi feito pouco antes de o país apresentar novos dados decepcionantes da atividade econômica.

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Os números da produção industrial e das vendas no varejo da China para julho ficaram abaixo das expectativas, enquanto o investimento em ativos fixos também aumentou a um ritmo mais lento do que o esperado, e o desemprego urbano aumentou.

A produção industrial aumentou 3,7% na comparação anual, abaixo dos 4,4% esperados pelos economistas consultados pela Reuters. No acumulado do ano, a produção industrial aumentou 3,8% em relação ao ano anterior.

Separadamente, as vendas no varejo na China cresceram 2,5% em relação ao ano anterior, com vendas totais no varejo atingindo 3,68 trilhões de yuans em julho, abaixo da taxa de crescimento de 4,5% esperada pela pesquisa da Reuters.

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Já o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão cresceu 6% em base anualizada nos três meses encerrados em junho, superando as expectativas de uma expansão de 3,1% de economistas consultados pela Reuters.

Na comparação trimestral, o crescimento foi de 1,5% no segundo trimestre, quase o dobro dos 0,8% esperados.

Europa

Os mercados europeus operam sem direção única, com investidores avaliando o crescimento dos salários no Reino Unido e o aumento das taxas na Rússia.

O banco central da Rússia elevou as taxas de juros em 350 pontos-base, para 12%, em uma reunião de emergência, enquanto Moscou procura estabilizar a rápida queda da moeda do país.

Os salários médios mensais no Reino Unido, excluindo bônus, aumentaram 7,8% em julho em relação ao mesmo período do ano passado. O número é a maior taxa de crescimento anual desde que registros comparáveis ​​começaram em 2001.

Commodities

Os preços do petróleo operam com leve baixa, devido às preocupações com a recuperação econômica hesitante da China.

As cotações do minério de ferro na China fecharam com alta, após o Banco Popular da China anunciar cortes nas taxa de juros do País.

Bitcoin

2. Agenda

A agenda desta terça-feira traz as vendas do varejo nos Estados Unidos. O consenso Refinitiv prevê uma variação de 0,3% do indicador em relação a junho.

No Brasil, sai a PNAD Contínua do segundo trimestre de 2023.

Brasil

9h: PNAD Contínua trimestral

10h: Gabriel Galípolo, diretor de política monetária, participa, por videoconferência, como palestrante, de evento do Conselho Federal de Economia.

10h: Roberto Campos Neto, presidente do BC, tem reunião, por videoconferência, com representantes da Genoa Capital, no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília, para apresentação, por parte dos audientes, de seu cenário macroeconômico. (fechado à imprensa)

12h: Campos Neto profere palestra no almoço com parlamentares da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo (FPE) e representantes do Instituto Unidos Brasil (IUB), em Brasília.

12h30: Galípolo participa, como palestrante, de evento do Brazil Journal, em São Paulo.

14:30: Campos Neto tem reunião com Deputado Federal Paulo Guedes (PT/MG), no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília, para tratar de assuntos legislativos. (fechado à imprensa)

19:h Campos Neto participa da Recepção por ocasião do Dia da Independência da República da Índia e em comemoração os 75 anos das relações diplomáticas Brasil-Índia, em Brasília. (fechado à imprensa)

EUA

9h30: Vendas no varejo de julho

9h30: Índice Empire Manufacturing de atividade de agosto

11h: Confiança do Construtor de agosto

3. Noticiário econômico

PAC: Câmara quer incluir obras de parlamentares como contrapartida a emendas

A Câmara dos Deputados quer que o governo faça um ajuste no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para incluir na lista de projetos as obras que são de interesse dos parlamentares. Essa é a contrapartida para que parte dos recursos das emendas seja direcionada ao programa de infraestrutura, que é uma das bandeiras da gestão do presidente Lula.

Com Orçamento apertado, o governo cobiça as emendas parlamentares para conseguir viabilizar o PAC. Os projetos foram anunciados na sexta-feira, mas lideranças avaliam que as bases do programa ainda estão muito amplas e que ainda há tempo para ajustes na lista, principalmente em meio à restrição fiscal.

O governo pretende investir, com recursos próprios, R$ 371 bilhões no programa ao longo dos quatro anos de mandato, mas tem pouco espaço fiscal para isso. Os congressistas sabem disso e querem usar esse poder de barganha para influenciar a escolha das obras. O Executivo é resistente, já que o PAC é um programa do governo.

4. Noticiário político

Haddad faz retratação após mal-entendido com Lira: “Eu sou só elogios para a Câmara” 

Em meio à repercussão negativa de declarações dadas em entrevista divulgada mais cedo na segunda-feira (14), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, ainda na segunda-feira, que não tem críticas à atual legislatura na Câmara dos Deputados e reforçou que tem dividido as conquistas recentes do governo na área econômica com o Congresso Nacional e o Poder Judiciário.

“As minhas declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos até os dois primeiros governos Lula, um presidencialismo de coalizão. E isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável. Então, eu defendi, durante a entrevista, que essa relação fosse mais harmônica e que pudesse produzir os melhores resultados”, explicou.

“Aliás, [em] todo esse tempo, tudo que tenho feito é dividir com o Congresso e Judiciário as conquistas do primeiro semestre: reforma tributária, Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), marco fiscal, as medidas que foram tomadas no começo do ano para fazer o ajuste fiscal. Então, longe de mim querer criticar a atual legislatura.

5. Radar Corporativo

BRF (BRFS3)

A BRF (BRFS3), dona da Sadia e Perdigão, reportou prejuízo líquido de R$ 1,34 bilhão no segundo trimestre do ano, crescimento de quase três vezes em relação ao prejuízo visto em igual período de 2022, de R$ 451 milhões.

A receita líquida recuou 5,7%, para R$ 12,2 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) somou R$ 1 bilhão, queda de 32,7% no mesmo comparativo.

JBS (JBSS3)

A JBS (JBSS3), maior empresa de proteínas animais do mundo, encerrou o segundo trimestre do ano com lucro líquido de R$ 263,6 milhões, ante lucro líquido de R$ 3,952 bilhões no mesmo período de 2022. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado caiu 56,9%, para R$ 4,47 bilhões, e a receita líquida consolidada da companhia recuou 3%, para R$ 89,383 bilhões.

Segundo a empresa, os resultados foram diretamente afetados pelo excesso de oferta de aves no mercado global, que prejudicou a performance de sua controlada Seara, e pelas margens mais apertadas no negócio de bovinos nos Estados Unidos, que têm grande peso em seus resultados consolidados.

Itaúsa (ITSA4)

A Itaúsa (ITSA4) teve lucro líquido de R$ 3,593 bilhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), crescimento de 16,8% na comparação anual, informou a holding controladora do Itaú Unibanco (ITUB4).

O valor maior se deu principalmente em função do melhor resultado das investidas reconhecido pela Itaúsa e pela alienação de ações da XP Inc., a qual contribuiu positivamente no resultado do 2T23 em R$ 409 milhões. Se desconsiderados os efeitos da alienação de ações da XP Inc. nos resultados do 2T23, o lucro líquido do 2T23 teria representado aumento de 4% (R$ 3,185 bilhões ajustados no 2T23 versus R$ 3,076 bilhões no 2T22).

Magazine Luiza (MGLU3)

A varejista Magazine Luiza (MGLU3) viu sua última linha do balanço apresentar um prejuízo líquido ajustado, excluindo efeitos não recorrentes, de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre, representando um avanço de 77,3% frente às perdas líquidas de um ano antes, que somaram R$ 112,1 milhões.

Excluindo os efeitos não recorrentes, o resultado contábil reportado apontou um prejuízo líquido de R$ 301,7 milhões – alta de 123% em um ano –, influenciado pela reintrodução do Difal (diferença de alíquota de ICMS nas vendas interestaduais) e aumento de despesas financeiras no período.

IRB (Re) IRBR3)

O IRB (Re) (IRBR3) fechou o segundo trimestre de 2023 (2T23) com lucro líquido de R$ 20,1 milhões, revertendo prejuízo líquido R$ 373,3 milhões apurado no mesmo período do ano anterior.

O resultado positivo ocorreu pelo segundo trimestre consecutivo. Em relação ao primeiro trimestre desse ano, o crescimento é de 57%. No acumulado do ano, a companhia obteve lucro líquido de R$ 28,7 milhões, alta de R$ 321,6 milhões ante o primeiro semestre de 2022.

O resultado de subscrição do 2T23 foi positivo em R$ 35,4 milhões, registrando alta de R$ 696 milhões em relação ao 2T22, quando foi apurado valor negativo de R$ 661 milhões. Neste 2T23, assim como no 1T23 o resultado de subscrição no Brasil foi positivo: passou de R$ 536 milhões negativos, no 2T22, para R$ 18,1 milhões positivos. O mesmo ocorreu no exterior: de R$ 125,3 milhões negativos, no 2T22, para R$ 17,3 milhões positivos.

Eletrobras (ELET3;ELET6

A Eletrobras (ELET3;ELET6) informou que o seu atual CEO, Wilson Ferreira Junior, apresentou ao Conselho de Administração sua renúncia ao cargo de presidente da companhia.

Ferreira Junior assumiu a maior elétrica da América Latina em setembro de 2022, ainda no governo de Jair Bolsonaro, meses depois da privatização da companhia, em meados do ano passado.

Antes, tinha atuado como CEO da Vibra Energia (VBBR3) e como CEO da própria Eletrobras.

Em razão disso, o Conselho de Administração elegeu Ivan de Souza Monteiro como novo Presidente da Companhia, o qual renunciou à função de presidente do referido Conselho de Administração.

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)