Banco do Brasil (BBAS3) acredita que vai recuperar provisionamento com Americanas (AMER3)

O BB informou ter provisionado R$ 788 milhões para o caso

Mitchel Diniz

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O provisionamento relacionado à dívida da Americanas (AMER3) pode até ter impactado o lucro do Banco do Brasil (BBAS3) no quarto trimestre de 2022, mas não impediu que o BB tivesse um resultado considerado robusto e positivo. Além disso, executivos do banco acreditam que os recursos provisionados vão ser recuperados.

Na noite de ontem, sem citar diretamente o nome da varejista, o o BB informou ter provisionado R$ 788 milhões para o caso. O valor corresponde à metade da dívida que a Americanas tem com o banco, de R$ 1,3 bilhão.

“A provisão é técnica, baseada em nossos modelos e requer acompanhamento do caso daqui pra frente”, afirmou Felipe Prince, vice-presidente de controles internos, na teleconferência com analistas sobre os resultados da companhia.

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O Banco do Brasil adotou uma postura diferente de outros “bancões” em relação à divida da varejista em recuperação judicial. Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) optaram por provisionar 100% de suas exposições já no balanço do quarto trimestre de 2022.

“Com o tempo, colocamos novas variáveis nesse modelo que vão dizer se a provisão é suficiente ou se vamos ter de elevá-la”, explicou Prince. Contudo, ele afirmou estar certo de que o banco será capaz de recuperar ao menos uma parte do crédito.

Nova CEO destacou governança do banco

A teleconferência sobre os números do quarto trimestre foi a primeira de Tarciana Medeiros como CEO do Banco do Brasil. Ao ser questionada sobre o risco de intervenção do governo, maior acionista do BB, na gestão do banco, a executiva destacou a governança da instituição.

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“Nós somos um banco que conta com uma governança corporativa forte e em evolução. Somos uma S.A. com estatuto próprio, mais abrangente até que a nossa legislação vigente”, disse Tarciana.

“Nosso sistema é colegiado e temos 1 milhão de acionistas. No que diz respeito de proteção em relação a interferências [do governo], estamos bastante confortáveis”, afirmou.

A executiva também deu a entender que dará continuidade à estratégia da gestão passada. “Nossos antecessores trouxeram a empresa até aqui com muita competência”, reconheceu. E disse que a nova equipe tem o papel “de assumir um legado e evoluir ainda mais”, para deixar o banco pronto para mudanças no sistema financeiro.

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Ela explicou que o BB vai trabalhar na evolução de modelos analíticos de conhecimento do cliente e também na simplificação de oferta de produtos e serviços.

“Simplificando a gente expande”, disse ela. “A aceleração da transformação digital é um dos pilares pra construir um banco para cada cliente”, complementou a CEO.

Crescimento do ROE esbarra em juros

No quarto trimestre, o retorno sobre patrimônio (ROE, na sigla em inglês) do Banco do Brasil chegou a 23%. Assim, o BB apresentou a maior rentabilidade da temporada entre os bancões.

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Contudo, Ricardo Forni, vice-presidente de gestão financeira do banco, explica que o crescimento do ROE esbarra na redução da taxa básica de juros.

“Um pedaço do retorno sobre patrimônio está atrelado à Selic. Olhar no contexto de que a perspectiva é de redução de juros a partir do segundo semestre deste ano, vai afetar [o ROE] pra 2024, 2025”, admitiu.

“Mas é um jogo de estratégia, de posicionamento de balanço, de originação de crédito”.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados