Copom eleva Selic em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano; BC prevê novo ajuste em menor magnitude para próxima reunião

Copom eleva taxa de juros em seu maior nível desde o início de 2017, buscando conter inflação

Equipe InfoMoney

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em um ponto percentual nesta quarta-feira (4), que foi de 11,75% para 12,75%. A decisão foi unânime. Assim, a instituição confirmou as expectativas do mercado, sem maiores surpresas, e colocou a taxa de juros oficial do Brasil em seu maior nível desde o início de 2017, sendo o décimo aumento seguido da taxa.

O aumento de um ponto percentual da taxa Selic já era esperado pela maioria dos analistas, por conta da recente manutenção dos altos níveis de inflação – no mês de abril, o IPCA-15, prévia da inflação oficial, teve leitura de 1,73%, no seu maior nível em 27 anos.

Com a alta já sinalizada anteriormente, o que era mais aguardado pelo mercado na publicação era o tom que o Copom trouxe após o anúncio: a sinalização dos próximos passos. A autoridade monetária ainda não encerrou o ciclo de aperto e monetário e sinaliza com uma nova alta, em menor magnitude, na próxima reunião, marcada para os dias 14 e 15 de junho.

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Alguns analistas já preveem Selic terminal acima de 14%, visto os últimos dados sobre as altas dos preços. A XP, por exemplo, enxerga o Copom ainda entregando mais uma alta de um ponto na reunião de junho, com o ciclo fechando em 13,75%. O Safra contempla um aumento de 0,5 ponto, com o ciclo encerrando em 13,25%. O Credit Suisse vê, por sua vez, uma alta de 0,75 ponto em junho e de 0,5 ponto em agosto.

Cenário piorou

No texto do comunicado, o Copom afirma que o ambiente externo seguiu se deteriorando e as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram, com uma nova onda de Covid-19 na China. A elevação de juros em economias desenvolvidas elevam as incertezas e geram volatilidade adicional para os países emergentes.

“A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente”, diz o comunicado.

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O Comitê admite que as incertezas em torno de suas premissas é maior que o de costume, mas optou por se basear em um cenário no qual o preço do petróleo encerra o ano de 2022 em US$ 100 e passa a subir em ritmo de 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Também prevê adoção da bandeira “amarela” nas tarifas de energia entre dezembro e janeiro. “Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023.”

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Para o Comitê, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território contracionista.

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“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, diz o texto.

Leia abaixo o comunicado do Copom na íntegra:

Em sua 246ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,75% a.a.

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A atualização do cenário do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. A reprecificação da política monetária nos países avançados eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes;

Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom indica um crescimento em linha com o que era esperado pelo Comitê;

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A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente;

As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;

As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,9% e 4,1%, respectivamente; e

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No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,95*,­ evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). Optou-se por manter a premissa de que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023. As projeções para a inflação de preços administrados são de 6,4% para 2022 e 5,7% para 2023. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país, parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local; e (ii) uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos.

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes.

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