Balanço do Goldman Sachs decepciona, enquanto números do Morgan Stanley no 4T22 superam expectativas

Os dois bancos apresentaram queda nos lucros, com escassez de ofertas públicas e operações de fusões e aquisições

Mitchel Diniz

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Mais dois grandes bancos dos Estados Unidos divulgaram resultados trimestrais nesta terça-feira (17), antes da abertura das Bolsas em Wall Street. Goldman Sachs e Morgan Stanley apresentaram queda nos lucros do quarto trimestre de 2022, diante da escassez nas atividades de fusão e aquisição e ofertas públicas de ações (IPOs) no período.

De acordo com a S&P Global Market Intelligence, apenas 20 IPOs foram feitos nos EUA durante os três últimos meses do ano passado. No mesmo período, em 2021, foram 234 operações.  Juros mais altos e sinais de desaceleração da economia também foram obstáculos para fusões e aquisições.

Na teleconferência sobre os resultados do Morgan Stanley, o CEO James Gorman disse estar esperançoso que as operações tenham uma retomada ainda este ano. O executivo acredita que quando o Federal Reserve interromper o atual ciclo de aperto monetário no país, as empresas vão ter novamente disposição para aquisições ou fazer ofertas públicas.

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O mercado reagiu de forma distinta aos balanços publicados hoje. Enquanto as ações do Goldman Sachs recuavam mais de 6% no início da tarde na Bolsa de Nova York, os papéis do Morgan Stanley avançavam quase 7%. Ainda que os dois bancos tenham apresentado queda no lucro trimestral, aquele que apresentou números mais próximos às expectativas do mercado se saiu melhor.

Lucro do Goldman Sachs ficou 39% abaixo do esperado

O Goldman Sachs lucrou US$ 1,33 bilhão no quarto trimestre de 2022. A cifra foi 66% menor que a registrada um ano antes e também ficou 39% abaixo do projetado pelo mercado. O consenso Refinitiv previa lucro por ação de US$ 5,48 – veio em US$ 3,32 por papel. Desde outubro de 2011 o o número não ficava tão abaixo das expectativas dos economistas.

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“Os resultados do quarto trimestre do Goldman Sachs foram ainda piores que o previsto”, afirmou Octavio Marenzi, CEO da consultoria Opimas em nota citada pela Reuters.

Ele destacou o crescimento das despesas operacionais do banco, da ordem de 11%, para US$ 8,09 bilhões. Enquanto isso, a receita líquida recuou 16% na comparação anual, para US$ 10,59 bilhões, dentro das estimativas do mercado.

Diante desse descompasso, a expectativa é que o Goldman Sachs aplique nova redução de custos e novas demissões também são esperadas, segundo Marenzi.

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O banco estaria se preparando para dispensar mais 3 mil colaboradores, segundo fontes ouvidas pela Reuters. Também estaria planejando interromper a concessão de empréstimos sem garantia, sinalizando que poderá sair do negócio de financiamento ao consumidor para focar em outras linhas.

Em teleconferência sobre os resultados, o CEO do banco, David Solomon, confirmou que diminui ambições na estratégia de empréstimos a consumidores.

O faturamento da parte de banco de investimentos do Goldman recuou 48%, para US$ 7,36 bilhões. Já a receita com gestão de patrimônio recursos do banco caiu 27%, na comparação anual, para US$ 3,56 bilhões.

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“As grandes preocupações macroeconômicas e geopolíticas durante o ano levaram a uma queda nos preços globais dos ativos e spreads de crédito mais amplos”, justificou o banco, no texto que acompanha o balanço.

Outro ponto negativo do balanço foi a provisão de US$ 972 milhões no trimestre. A cifra quase triplicou em relação às provisões de um ano antes (US$ 344 milhões), com mais recursos para potenciais perdas com cartões de crédito e empréstimos. O número também ficou 50% acima do projetado pelo mercado.

Morgan Stanley também teve lucro menor, mas superou expectativas

O lucro líquido do Morgan Stanley também recuou no quarto trimestre de 2022. Foi de US$ 3,59 bilhões, um ano antes, para US$ 2,11 bilhão – queda de 41,2%. Mesmo assim, ficou acima da média das projeções do mercado. O consenso Refinitiv previa lucro por ação de US$ 1,19, mas a cifra ficou em US$ 1,26.

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As receitas do banco recuaram 12,19% na comparação anual, para US$ 12,75 bilhões. Mesmo em queda, o valor superou os US$ 12,64 bilhões esperados pelos analistas do mercado.

No comunicado que acompanhou o balanço, o CEO do banco, James Gorman, avaliou que o Morgan Stanley apresentou um quarto trimestre sólido, “em meio a um ambiente de mercado difícil”.

Assim como o Goldman Sachs, o banco também viu suas receitas do negócio de banco de investimentos minguarem. A queda foi de 49%, em bases anuais, para US$ 1,25 bilhão. Os segmentos de consultoria, ações e renda fixa do Morgan Stanley foram destaques negativos.

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Por outro lado, o segmento de trading foi uma surpresa positiva, saltando 26%, para US$ 3,02 bilhões no quarto trimestre, impulsionado por operações de hedge.

A receita do segmento de gestão de recursos bateu o recorde de US$ 6,63 bilhões, 6% a mais que um ano antes. De acordo com o Morgan, o número foi impulsionado pelo aumento na taxa de juros.

As provisões para créditos inadimplentes do banco saltaram de US$ 5 milhões, no quarto trimestre de 2021, para US$ 87 milhões, indicando preocupações com uma possível recessão nos Estados Unidos e piora na qualidade de crédito do consumidor.

Em entrevista à Reuters, a diretora financeira do Morgan Stanley, Sharon Yeshaya, sinalizou o banco está em posição “confortável”, ao ser questionada sobre a possibilidade de novas demissões. O Morgan teria cortado 2% de sua equipe no final do ano passado, a um custo de US$ 133 milhões em indenizações, segundo a Reuters.

(com agências internacionais)

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados