Avalanche (AVAX): como o rival do Ethereum tenta conquistar investidores institucionais e “degenerados”

Em busca de novos usuários, a blockchain Avalanche aposta em time de peso e incentivo multimilionário

CoinDesk

(Getty Images)

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A Avalanche (AVAX) é uma blockchain rival do Ethereum (ETH) que voltou a ganhar o noticiário após os controladores do projeto Terra (LUNA) anunciarem uma compra de US$ 200 milhões em AVAX para o tesouro – a quantia é ainda maior do que a de Bitcoin (BTC).

No entanto, o projeto está longe de chamar atenção apenas por este fato. No ano passado, a Avalanche emergiu da relativa obscuridade para se tornar uma grande concorrente do Ethereum, a plataforma líder entre as blockchains compatíveis com smart contracts (contratos inteligentes).

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O token AVAX deu um salto de 2.800% em 2021, ultrapassando as 10 principais criptomoedas por capitalização de mercado. Neste ano, o ativo caiu cerca de 18%. O valor total bloqueado (TVL) nos aplicativos de finanças descentralizadas (DeFi) da rede ultrapassou US$ 10 bilhões pela primeira vez em novembro. Atualmente, a rede está em quarto lugar em TVL, atrás apenas de Ethereum, Terra (LUNA) e BNB Chain.

Até mesmo as pessoas fora do meio cripto podem ter notado os anúncios da Avalanche espalhados pelos vagões do metrô de Nova York, ou o mar de emojis de triângulos vermelhos (logo da plataforma) que seus usuários fiéis divulgam nas mídias sociais.

“A Avalanche atingiu com sucesso a velocidade de escape (expressão da física que se refere a velocidade necessária que um objetivo precisa ter para escapar da atração exercida pela gravidade de algum corpo celeste)”, disse Darryl Wang, ex-investidor da DeFiance Capital, ramificação da Three Arrows Capital.

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“Eu deixei de estar 100% no Ethereum e passei a usar as outras cadeias compatíveis com EVM (sigla em inglês para máquina virtual do Ethereum). Agora, 90% das minhas transações estão na Avalanche.”

A Avalanche é compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM), o que significa que os aplicativos criados usando a linguagem de programação do Ethereum, a Solidity, também podem ser implantados na Avalanche com o mínimo de ajustes dos desenvolvedores.

Até agora, a compatibilidade EVM provou ser importante para blockchains de primeira camada que estão começando. As redes Polygon (MATIC), Fantom (FTM) e Avalanche, por exemplo, vêm cortejando usuários que estão fartos das altas taxas de transação do Ethereum.

A compatibilidade com EVM pode estar perdendo sua vantagem, no entanto, para Terra e Solana – ambas incapazes de se comunicar facilmente com o Ethereum. Essas duas plataformas estão subindo constantemente nos gráficos de TVL, um benchmark para o mind share (conscientização ou popularidade do consumidor em torno do produto) dos usuários. No entanto, os líderes da Avalanche veem a compatibilidade como uma vantagem.

“A Solana segue a estratégia do fosso (manter as vantagens competitivas para proteger lucros de longo prazo)”, disse Wu ao CoinDesk em entrevista durante uma conferência do projeto realizada em março em Barcelona, na Espanha. Para ele, a Solana é talvez a maior concorrente da Avalanche. “Nós não estamos fazendo isso de propósito.”

Origem

Mesmo entre a nascente indústria de criptomoedas, que tem pouco mais de uma década de história, a chegada da Avalanche é particularmente impressionante. Ela foi fundada apenas no início de 2020, e se transformou em uma blockchain de US$ 25 bilhões com pouco mais de dois anos.

A Avalanche é uma criação de Emin Gün Sirer, cientista da computação nascido na Turquia e ex-professor da Universidade Cornell. Foi ele que desenvolveu grande parte da tecnologia por trás da plataforma. Hoje, Gün Sirer atua como CEO da Ava Labs.

Talvez o mais notável sobre Gün Sirer e o resto dos líderes da Avalanche seja seu “pedigree” institucional, particularmente em uma indústria em que adolescentes, desistentes da faculdade e anônimos frequentemente exercem influência desproporcional.

“Eles são definitivamente mais experientes”, disse o fundador da Aave (AAVE), Stani Kulechov, do alto escalão da Ava Labs. “Eles administram o ecossistema Avalanche de uma maneira muito eficiente. Eles são muito orientados por resultados, enquanto o Ethereum é mais orientado por valores.”

Wu, que possui não um, mas dois diplomas da Ivy League (grupo formado por oito renomadas universidades dos Estados Unidos), diz que conheceu Gün Sirer na Universidade Cornell, onde Sirer foi professor de longa data de ciência da computação em sistemas distribuídos, a disciplina de base de redes blockchain.

“Liguei para a direção da graduação e perguntei quem eram as melhores pessoas em cripto no departamento de computação científica”, lembrou Wu. “Eles me disseram para falar com Gün.”

Em 2017, os dois se tornaram conselheiros do “Cornell University Blockchain Club” (Clube de Blockchain da Universidade Cornell).

No mercado cripto, fundadores costumam alcançar status de divindade, como Satoshi Nakamoto no Bitcoin, Vitalik Buterin no Ethereum, Charles Hoskinson na Cardano (ADA) e Do Kwon na Terra. Embora poucos tenham ouvido falar de Gün Sirer, ele foi chamado de “uma grande celebridade” na Turquia, sua terra natal.

“Ele é uma grande razão pela qual decidimos construir a Avalanche”, disse Mustafa Mercan, participante da conferência que, com sua equipe de cinco membros do projeto The Hatch, voou de Istambul para Barcelona.

Institucionais e degenerados

A Avalanche tem usado uma estratégia em duas frentes, cortejando tanto as instituições que procuram mergulhar nas águas do mercado cripto, quanto os “degenerados” das finanças descentralizadas (DeFi) que perseguem o próximo projeto sem fundamentos que promete 1.000% de rendimento percentual anual.

No discurso de abertura da conferência em Barcelona no mês passado, Gün Sirer brincou que havia pessoas “altamente credenciadas” e “altamente questionáveis” presentes, um aceno para as instituições e os “degens” (abreviação de degenerados) na sala.

Entre a multidão institucional, havia empresas tradicionais de serviços financeiros, como Deloitte e Mastercard. No campo mais degenerado, havia os remanescentes do Wonderland, e entusiastas raivosos do Crabada, jogo play-to-earn (jogue para ganhar) que roda na Avalanche.

Talvez o escândalo mais “degen” da Avalanche tenha sido o caso do Wonderland, que cresceu e se tornou um dos maiores dapps da cadeia, até que foi descoberto que seu CFO, que se escondia sob o pseudônimo @0xSifu, é na verdade o ex-cofundador da Quadriga, Michael Patryn.

“Se você comparar o número de situações na Wonderland e na Avalanche com o que está acontecendo na Solana ou na BSC (BNB Chain), você verá uma porcentagem menor na plataforma do que em outras redes”, disse Wu quando perguntado sobre a confusão do Wonderland, talvez o único grande desastre de relações públicas da Avalanche. Correram rumores de que o fundador do Wonderland, Daniele Sestagalli, foi instruído a “não ir” a Barcelona.

Um usuário disse ao CoinDesk que o apelo de varejo da Avalanche vem de sua comunidade robusta, bem como das amplas oportunidades de ganhar dinheiro com os programas de incentivo da rede.

“Em geral, a maioria dos DApps na Avalanche são conduzidos pela comunidade”, disse Wang. “A Solana é muito orientada para o capital de risco. Se você comprou um token Solana em Lisboa, você está mal – eu garanto.”

O marketing para o público de varejo e institucional provou ser um ato de equilíbrio para a Ava Labs. “Você fala com um degen e eles ficam tipo, ‘você é um boomercoin (investidor mais velho)’”, disse Wu. “Quando você fala com alguém no TradFi (finanças tradicionais), eles ficam tipo, ‘você é tão moderno.”

Entre os participantes da conferência que falaram com o CoinDesk, os institucionais pareciam menos apaixonados pela Avalanche – ou, talvez por razões profissionais, eles não tenham demonstrado entusiasmo porque precisam manter sua neutralidade. Muitas instituições admitiram colaborações com várias blockchains de primeira camada (ou de base) como forma de proteger suas apostas em um setor em que os vencedores ainda não estão claros.

“Somos agnósticos em tecnologia”, disse Harold Bosse, chefe de inovação de produtos da Mastercard, em entrevista ao CoinDesk. “Entendemos que haverá um futuro multi-cadeia”. Embora ele tenha se recusado a comentar sobre parcerias específicas, Bosse disse que a Mastercard estava “muito animada” para explorar casos de uso comercial com a Avalanche.

A plataforma de empréstimo de criptomoedas BlockFi demonstrou ter a mesma estratégia que a Mastercard. “Estamos analisando vários projetos diferentes de primeira camada”, disse o chefe global de distribuição institucional da empresa, David Olsson. “Dado que precisamos gerenciar efetivamente os riscos para nossos clientes, achamos que faz sentido explorar não apenas um, mas vários.”

Tekin Salimi, ex-sócio da Polychain Capital, uma empresa de capital de risco cripto que é muito ativa no ecossistema Avalanche, vê o espaço cripto como inerentemente “mais colaborativo” do que as finanças tradicionais.

“É mais como se estivéssemos inventando uma classe de ativos totalmente nova, algo que vai beneficiar todo mundo”, disse Salimi, que anunciou seu novo fundo de risco, o “dao5”, na conferência.

Grandes incentivos

Como cada blockchain de contrato inteligente compete para integrar de empresas como a Mastercard a organizações como a “Frog Nation”, um indicador de competitividade é o tamanho do cofre de um projeto, e quanto recurso dele é possível ser usado para atrair usuários.

Nos últimos oito meses, a Avalanche lançou quatro programas de incentivo de nove dígitos para trazer desenvolvimento para sua cadeia, considerada generosa em comparação com outras blockchains iniciantes. Há quase US$ 800 milhões em AVAX alocados em diversos projetos, de games de finanças descentralizadas a livros de artistas para o metaverso.

“O objetivo é trazer os desenvolvedores para a Avalanche”, disse Gabriel Cardona, líder de relações com desenvolvedores da plataforma e um dos 60 engenheiros da Ava Labs. “Em um ano, prevejo que teremos mais de um bilhão de transações e mais de mil DApps.”

Atualmente, os maiores DApps da Avalanche incluem o Trader Joe, um fork (bifurcação) da exchange descentralizada Uniswap (UNI). Outro dapp popular é o play-to-earn Crabada, a resposta da Avalanche ao Axie Infinity (AXS).

Apesar da trajetória ascendente da Avalanche, os críticos da blockchain apontam que ela ainda não possui um mercado robusto de token não fungível (NFT) como o OpenSea, da Ethereum, ou o Magic Eden, da Solana. Os marketplaces servem como peças centrais da infraestrutura, e a não existência de uma plataforma equivalente ao OpenSea na Avalanche sufocou a adoção de NFTs na cadeia.

Outros críticos apontaram para a infinidade de projetos de “copia e cola” na Avalanche. Até o momento, os DApps mais populares na cadeia foram derivações de protocolos populares como Uniswap ou Olympus DAO (OHM), ou reimplantações de protocolos grandes como Aave e Curve DAO (CRV), que foram lançados pela primeira vez no Ethereum.

Esse é o dilema enfrentado por muitas cadeias compatíveis com EVM, que são forçadas a escolher entre cultivar organicamente seu próprio ecossistema ou acelerar o crescimento cortejando os usuários desgostosos com o Ethereum.

Até agora, a Avalanche ainda carece de um projeto exclusivamente “avalancheano”, que mesmo grandes programas de incentivo não conseguiram produzir.

Sub-redes

Talvez o maior burburinho na conferência esteja centrado em sub-redes, ou redes que permitem que os aplicativos estabeleçam suas próprios blockchains personalizáveis na Avalanche.

As sub-redes permitem que os projetos na Avalanche definam as regras de sua própria cadeia – incluindo quem são os validadores, quais linguagens de programação são usadas e quem tem acesso à sub-rede. A ideia é semelhante às parachains da Polkadot (DOT), às zonas da Cosmos (ATOM) e à Skale, rede de dimensionamento voltada para o Ethereum.

“Todos chegamos à mesma conclusão: a maneira de ter blockchains escaláveis e acessíveis é torná-las específicas para certos aplicativos”, disse Billy Rennekamp, líder do Cosmos Hub na Interchain Foundation. Embora seja um entusiasta da Cosmos, Rennekamp admitiu que é, antes de tudo, um defensor da interoperabilidade entre cadeias.

A arquitetura de sub-rede da Avalanche também foi projetada com escalabilidade em mente, evitando que aplicativos que exigem muito processamento congestionem a rede principal, semelhante à forma como o Axie Infinity construiu sua blockchain Ronin (RON).

“Se você pensar na própria blockchain como um banco de dados público, é quase como se todo aplicativo precisasse de seu próprio banco de dados”, explicou Josh Neuroth, chefe de produto do Ankr, um provedor de infraestrutura para Web 3. “Se você deseja integrar milhões de usuários, precisa de sua própria blockchain.”

Gabriel Cardona, desenvolvedor evangelista da Ava Labs que também apresenta um podcast chamado “Subnet Show”, disse ao CoinDesk que é possível “lançar uma sub-rede em 20 segundos”.“Queremos criar uma sub-rede institucional amigável com a Avalanche e fazer com que outros protocolos DeFi participem”, falou Kulchev, da Aave, ao CoinDesk.

A Aave, além do varejo, atende clientes institucionais. A plataforma recentemente lançou o Aave Arc, uma versão permissionada de seu popular protocolo DeFi desenhada especificamente para esse público. Uma sub-rede exclusiva para alguns selecionados, disse Kulchev, poderia levar o DeFi de forma mais eficiente a investidores institucionais conscientes das restrições regulatórias.

O presidente da Jump Crypto, Kanav Kariya, também revelou que a gigante comercial estava “explorando algumas sub-redes com a equipe Avalanche” em um discurso, acrescentando que o esforço “ainda era amplamente exploratório”.

“Em um ano, a lista dos Top 100 do CoinMarketCap será totalmente diferente, e as sub-redes da Avalanche ajudarão nessa mudança”, disse Cardona. “Finalmente, a blockchain está amadurecendo para cumprir a promessa que sempre imaginamos. É muito gratificante depois de todos esses anos.”

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