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*Kevin de Patoul
Um dos eventos mais significativos para a blockchain Ethereum (ETH) provavelmente será a atualização “Shanghai”. Planejada para ocorrer em abril de 2023, a mudança implementará uma série de melhorias no projeto cripto. A principal delas é a possibilidade de os stakers de ETH (usuários que mantêm criptos na rede para ajudar na segurança e ganhar recompensas) retirarem suas moedas e lucros acumulados.
Os investidores ajudam a validar transações do Ethereum desde dezembro de 2020. Mas, até agora, o staking tem sido uma via de mão única: os fundos foram bloqueados na rede enquanto os desenvolvedores construíam a rede em tempo real. Desse modo, até hoje eles estão bloqueados.
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Protocolos como Lido, Rocketpool e StakeWise começaram a oferecer tokens de “staking líquido” para preencher a lacuna. Em resumo, esses tokens representam o ETH mantido na rede, mas variam de preço e podem ser usados em todo o ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi). Resta ver como a próxima atualização – que pode preceder uma enxurrada de tokens ETH no mercado, permitindo que os interessados novos e existentes saquem – afetará esses protocolos que dominam o staking líquido hoje.
No geral, essa próxima atualização tem a capacidade de aumentar a popularidade do staking de ETH. Ela impulsionará a concorrência entre os protocolos de staking para benefício dos usuários, além de melhorar a segurança da nova cadeia PoS do Ethereum.
Sinais de alta
É fácil pensar que o lançamento da Shanghai no meio de um período de baixa do mercado pode prejudicar o ecossistema de staking. Os stakers, nervosos com as perspectivas macro das criptomoedas em 2023, podem optar por retirar seu ETH, mantendo seus ativos líquidos em caso de mais turbulências no setor.
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Cautelosos em relação aos movimentos regulatórios contra os provedores de serviço com ativos digitais, os novos usuários podem não se apressar em depositar fundos da mesma forma que durante o frenesi de um momento de alta de preços.
No longo prazo, no entanto, a Shanghai (especificamente, a capacidade de retirar as recompensas) é positiva para o Ethereum. A atualização aumentará os incentivos para provedores de liquidez ETH de três maneiras principais.
Inovação
Primeiro, a Shangai estimulará mais inovações em soluções de staking diretas e líquidas. A capacidade de fazer staking e sacar recompensas de ETH com mais frequência gerará aplicações financeiras mais sutis à medida que as pessoas exploram oportunidades para maximizar o rendimento e minimizar os riscos. Veremos inovações pesadas em derivativos de staking e provavelmente soluções de empréstimo mais complexas.
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A Shanghai também será uma benção para provedores de liquidez individuais em plataformas de staking líquido. A capacidade de as pessoas resgatarem seus tokens que representam ETH “trancado” na blockchain forçará as plataformas a se tornarem ainda mais fáceis de usar. Veremos mais recursos e incentivos surgirem no longo prazo.
Fortalecendo o Ethereum
Em segundo lugar, a Shanghai fortalecerá a posição do Ethereum como modelo para protocolos de staking. O rendimento que a cripto paga após a atualização – que varia conforme a liquidez da rede e volumes de transações – emergirá como uma espécie de “rendimento-base” .
Diante disso, os protocolos de staking mais novos e os existentes terão que competir com o mecanismo de rendimento do Ethereum, provavelmente tornando a classe de ativos mais segura, confiável e previsível – e menos arriscada.
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Ativos soberanos
Em terceiro lugar, a Shangai dará aos provedores de liquidez de ETH segurança emocional simples, mas poderosa. Em cripto, o princípio orientador é a soberania sobre seus ativos. Contratos que exigem bloqueio de fundos são algo difícil de engolir, mesmo para aqueles que acreditam profundamente no Ethereum. Com a atualização, a barreira emocional para entrar no staking é eliminada e os provedores de liquidez alocarão seus recursos com mais confiança.
Ao todo, a Shangai dará início a outro ciclo de inovação focado no staking de ETH. Os provedores de liquidez serão os benfeitores tangíveis dessa inovação, acessando um crescente ecossistema de recursos, ferramentas e provedores de serviços. O resultado final é um ecossistema de colaboradores mais descentralizado e uma rede mais segura.
Pontos de centralização
Há um ponto principal que devemos ter em mente depois que a Shanghai entrar em operação – a centralização do staking. Superficialmente, um aumento no staking de ETH significa um crescimento da “descentralização” da rede. No entanto, se a maioria dos novos stakers depois da atualizaçaão optar por fazer staking por meio de um provedor como a exchange de criptomoedas Coinbase, corremos o risco de ver algumas empresas dominarem o ecossistema.
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Com essa consideração em mente, o que esperamos ver é inovação a indústria de staking de modo suficiente para que a descentralização aumente no longo prazo. Mais concorrência significa mais opções, o que pode levar os protocolos a se diferenciarem com melhores produtos e ofertas ao consumidor.
Além disso, organizações como a Ethereum Foundation devem se concentrar em melhorar a experiência do usuário da plataforma, incentivando uma rede de staking mais resiliente.
*Kevin de Patoul é cofundador e CEO da empresa cripto Keyrock
