As ações de varejistas que são compra para o Morgan Stanley – e o que esperar para 3T

Banco manteve a recomendação de compra para Mercado Livre, Lojas Renner, Vivara e Azzas

Felipe Moreira

Ativos mencionados na matéria

Cabides com roupas em mostruário de loja de moda (Foto: Kai Pilger/Pexels)
Cabides com roupas em mostruário de loja de moda (Foto: Kai Pilger/Pexels)

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O Morgan Stanley avalia que varejo brasileiro apresentou tendências mistas no segundo trimestre de 2025, com o setor de vestuário registrando um trimestre particularmente forte, enquanto resultados do varejo de alimentos desaceleraram, em meio a altas taxas de juros.

No 2º trimestre de 2025 (2T25), a taxa Selic alcançou 15,0%, afetando o consumo de forma desigual no Brasil, na avaliação do banco. No segmento de vestuário, Lojas Renner (LREN3) registrou crescimento de 17,3% em vendas mesmas lojas (SSS, Same-Store Sales), enquanto C&A (CEAB3) teve alta de 17,0% no SSS.

O Morgan Stanley manteve a recomendação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para Mercado Livre (BDR: MELI34), Lojas Renner, Vivara (VIVA3) e Azzas 2154 (AZZA3), fundamentando-se no crescimento rentável e na estrutura de capital defensiva dessas empresas.

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No varejo de alimentos, Assaí (ASAI3) reportou crescimento de 4,6% SSS, e GPA (PCAR3) teve alta em vendas mesmas lojas ajustadas pelo calendário.

Entre varejistas especializados, Vivara (VIVA3) cresceu 11,0% SSS, Natura (NATU3) avançou 10% SSS, e Petz (PETZ3.SA) registrou 5,5% SSS.

Para plataformas internacionais na América Latina, o Morgan Stanley destacou que Shopee apresentou crescimento rentável no Brasil e que TikTok Shop tem sido percebido mais como parceiro do que concorrente.

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Mercado Livre – liderança em crescimento online

O Morgan Stanley observa que a MercadoLibre (BDR: MELI34) adotou uma postura mais assertiva em investimentos em logística e marketing, especialmente no Brasil, o que resultou em crescimento de GMV (Gross Merchandise Value, Valor Bruto de Mercadorias) acima dos pares locais.

No 2º trimestre de 2025 (2T25), o GMV do Brasil, ajustado pelo câmbio, avançou 29% ano a ano, com aceleração de 5 pontos percentuais em relação à média de dois anos. Após a expansão das políticas de frete grátis em junho, os itens vendidos aceleraram para 34% a.a. no mês, acima dos 26% registrados no trimestre.

Entre concorrentes locais, o crescimento foi mais moderado: Magazine Luiza (MGLU3) registrou GMV online -2% a.a., enquanto Casas Bahia (BHIA3) cresceu 11% a.a., ainda abaixo da MELI.

Perspectiva para o 3T25

Olhando para o 3º trimestre de 2025 (3T25), o Morgan avalia que os comentários futuros das empresas indicaram resiliência do consumo no Brasil. O banco observou que, considerando o cenário de crescimento versus margem na sua cobertura, o crescimento mediano da receita no 2T25 foi de 9% ano a ano, enquanto o EBITDA mediano cresceu +11% ano a ano, indicando que a expansão equilibrada e lucrativa permanece em foco.

O Morgan Stanley destacou que, apesar do fraco desempenho das vendas em junho observado pelos varejistas de alimentos do Brasil, tanto Assaí quanto GPA reportaram melhora significativa nas vendas de julho e agosto em relação a junho. No vestuário brasileiro, durante o Brazil Consumer Day, Renner, C&A e Riachuelo (GUAR3) reforçaram a consistência nas tendências de vendas em uma base normalizada de dois anos durante o 3T25.

No caso de Azzas (AZZA3), após desempenho mais fraco no 2T25 em seu canal de franquias, a administração citou ajustes de produtos que devem entrar em vigor apenas no 4T25, com melhora gradual ao longo do 3T25.

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Para a Mercado Livre, a expectativa de crescimento do GMV (volume bruto de mercadorias) no 3T25 se mantém, impulsionada por investimentos no Brasil, equilibrados por efeitos positivos de lucratividade em outras frentes, incluindo publicidade, crédito e Argentina.

No caso de Natura (NATU3), o banco manteve recomendação neutra, apesar de considerar positivos os esforços de simplificação. Por outro lado, manteve a recomendação de venda para Magazine Luiza, citando cautela em relação à margem EBITDA e ao fluxo de lucro líquido, que dependerá de melhora nas vendas de bens duráveis, queda nos juros ou retomada do comércio eletrônico (eCommerce).