Após Tegma rejeitar proposta de fusão com JSL, empresa deve partir para próximo alvo de aquisições, avaliam analistas

Na avaliação do Bradesco BBI, a fusão poderia destravar R$ 1,90 por papel da holding Simpar

Mariana Zonta d'Ávila

Caminhão da JSL, companhia do grupo Simpar (Divulgação)

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SÃO PAULO – A Tegma (TGMA3) informou na última sexta-feira (16) que seus membros do conselho de administração rejeitaram a proposta de fusão com a JSL (JSLG3).

A proposta havia sido feita no início de julho e previa a combinação de negócios com a rival Tegma, em uma transação em dinheiro e ações.

A proposta incluía pagamento de R$ 989 milhões aos acionistas da Tegma, além de 49,4 milhões de novas ações da JSL, o que os fariam ter cerca de 15% do capital da JSL. A empresa combinada teria receita bruta de R$ 6,1 bilhões e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de R$ 827 milhões.

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Em relatório publicado nesta segunda-feira (19), o Itaú BBA destaca que os detalhes da votação mostram que, embora a maioria dos membros visse valor estratégico na combinação dos negócios das companhias, eles votaram contra o negócio por conta do valuation.

“Segundo o conselho de administração da Tegma, a proposta da JSL aplicou uma avaliação abaixo do valor justo para a Tegma, ao inferir um prêmio sobre o valor de mercado da JSL, dado o pagamento sugerido por meio de uma combinação de dinheiro e ações da JSL”, escrevem os analistas.

Em fato relevante divulgado nesta segunda-feira (19), a JSL escreve que tomou conhecimento da decisão da Tegma e que a companhia “seguirá executando seu planejamento estratégico independente da operação, seja de maneira orgânica ou através de aquisições”.

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A JSL escreve que durante os 15 dias em que sua proposta esteve válida, a JSL não foi convidada a se reunir com a Tegma e seus assessores para apresentar, em detalhes, “o racional, os méritos da operação e potenciais sinergias, que beneficiariam de maneira equânime seus respectivos acionistas, clientes, colaboradores, motoristas de caminhão (próprios, terceiros e agregados) e o setor logístico brasileiro”.

“Além disso, não houve oportunidade para demonstrar o preço justo das ações da JSL que seriam dadas como parte relevante do pagamento, as quais acreditamos não refletirem em seu preço atual os fundamentos existentes para criação de valor sustentável no longo prazo, assim como o valor das cinco aquisições já executadas desde seu IPO, que adicionaram R$ 1,6 bilhão à Receita Bruta1 e R$ 267 milhões ao Ebitda da companhia, correspondendo aos crescimentos de 50% e 66%, respectivamente”, escreve a companhia.

Na avaliação do Bradesco BBI, a fusão poderia destravar R$ 1,90 por papel da holding Simpar (SIMH3), holding da JSL.

“Esperamos que a Simpar e a JSL mantenham uma disciplina financeira e que nenhuma contraoferta seja feita. JSL tem uma longa lista de possíveis fusões e aquisições (M&A) e a companhia seguirá agora para seu próximo alvo”, escrevem os analistas.

O Bradesco BBI manteve sua recomendação de outperform (performance acima da média) para os papéis de Simpar, com preço-alvo estimado de R$ 81,00 para o fim de 2022.

Em relatório, o Itaú BBA escreve que a JSL é líder em um mercado altamente fragmentado no Brasil, com oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico, conforme evidenciado pelas recentes aquisições.

“A empresa possui uma combinação poderosa de uma linha de negócios asset light menos intensiva em capital e uma linha de ativos intensivos. Enquanto o último garante uma entrada de receita mais resiliente, a linha de negócios de ativos leves está posicionada para desfrutar de maior alavancagem operacional com a recuperação da economia brasileira”, escrevem os analistas.

O Itaú BBA mantém sua recomendação de outperform (acima da média do mercado) para os papéis de JSL, com preço-alvo estimado de R$ 15,00 para 2021.

Na avaliação dos analistas, expectativas de melhores tendências operacionais, combinadas com pagamentos antecipados de dívida, vão ajudar a companhia a reduzir sua dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) no futuro.

Com relação à Tegma, o Itaú BBA escreve que a fraca performance do segmento automotivo da companhia no primeiro trimestre levanta dúvidas sobre o cenário para este setor e é algo a ser monitorado.

Apesar disso, os analistas dizem acreditar que a situação deve se normalizar, uma vez que isso provavelmente foi provocado pela falta de peças de automóveis.

“Embora estejamos monitorando a situação, reconhecemos que nossas projeções para a divisão automotiva em 2021 parecem otimistas e vemos espaço para uma revisão para baixo”, escrevem. O banco estima que os veículos transportados pela Tegma vão ultrapassar os níveis pré-pandêmicos em 2023.

O Itaú BBA mantém sua recomendação de outperform para os papéis TGMA3, com preço-alvo estimado de R$ 33 para 2021.

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