Ação da Americanas (AMER3) sobe 15,8% na sessão, mas desaba 73% em dois pregões; Via (VIIA3) cai e Magalu (MGLU3) sobe

Apesar da alta, recuperação dos ativos foi mínima após derrocada de quase 80% da véspera; já Magalu e Via repetiram movimento de ontem

Equipe InfoMoney

Publicidade

Depois da derrocada de mais de 77% na véspera, com a empresa perdendo R$ 8,4 bilhões de valor de mercado, as ações da Americanas (AMER3) tiveram uma recuperação parcial nesta sexta-feira (13), após um início de sessão volátil e em um novo dia marcado por diversos leilões devido à volatilidade dos ativos.

Os papéis AMER3 saltaram 15,81% na sessão, fechando a R$ 3,15, mas ainda acumulam queda de 73,75% em relação à cotação de fechamento da última quarta-feira (11), de R$ 12, às vésperas do anúncio que impactou as ações. Durante o dia, cabe ressaltar, o ativo da Americanas chegou a ser negociado a R$ 4,32 por ação, valorização de 58,8%, mas fechou bem longe das máximas.

“Apesar de hoje ter negociado a uma alta percentual que parece significativa, na verdade representa uma variação [absoluta] pequena em relação à véspera e é pouco expressiva frente à cotação antes do anúncio. Então, há uma ‘ilusão algébrica'”, aponta Cassiano Leme, diretor-presidente da Constância Investimentos.

Continua depois da publicidade

Para ele, é natural que a ação apresente agora uma volatilidade muito alta, uma vez que as informações no momento sobre a situação da empresa são poucas. “Os preços não estarão ancorados num conjunto de expectativas muito bem formado. A ação vai perder liquidez, isso faz normalmente o ambiente de negociação se tornar extremamente volátil enquanto não houver informações suficientes “, apontou.

Entre outras empresas do setor, por mais uma vez, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) tiveram alta, de 7,52%, a R$ 3,43, enquanto Via (VIIA3) fechou em queda de 3,66%, a R$ 2,37, em uma sessão de volatilidade. Na véspera, o papel MGLU3 já tinha subido cerca de 5%, enquanto VIIA3 caiu cerca de 5%.

Leme aponta que a expectativa de que o Magalu terá um competidor enfraquecido, levando à possibilidade de margens melhores, acabou impulsionando a ação da empresa. A companhia ainda é alvo de bastante cautela dos analistas por conta do cenário macroeconômico, mas é apontada como uma das preferidas do setor depois de Mercado Livre (MELI34), que também viu suas ações subirem mais de 5% na Nasdaq nas duas últimas sessões.

Continua depois da publicidade

O que aconteceu com a Americanas

Cabe destacar que as ações da Americanas afundaram na quinta-feira após a revelação na véspera de que o balanço da companhia pode ter um rombo de R$ 20 bilhões relativo a transações com bancos e fornecedores.

O ex-presidente da Americanas Sergio Rial, que assumiu em 2 de janeiro e ficou 9 dias no cargo antes de renunciar na véspera, participou de uma conferência fechada na manhã da última quinta-feira e citou que os problemas decorrem de diferenças de contabilização do custo financeiro de dívida bancária em relação à dívida com fornecedores.

Segundo Rial, a falta de clareza em torno de classificação de operações de “risco sacado”, uma antecipação de recebíveis dos varejistas junto aos bancos, como dívida bancária, é algo que permeia o setor de varejo nacional “desde a década de 1990”.

Continua depois da publicidade

Em sua fala, o executivo afirmou que identificou “sinais de que talvez o nível de transparência e talvez a vontade da própria gestão em querer falar de problemas e desafios não estivesse tão fluída na organização como deveria”.

Rial tentou mostrar que a varejista ainda é viável. Mas ele ressalvou que a empresa precisará de um aumento de capital significativo, sem fazer projeções sobre a dimensão do aporte que os acionistas terão de fazer na empresa após o escândalo.

Assim, cabe destacar que, apesar da alta nesta sessão, o cenário ainda é de muita cautela para os ativos, com uma série de corretoras tendo colocado as recomendação das ações da Americanas em revisão desde a noite de quarta-feira. Na noite de quinta, foi a vez do Credit Suisse, que destacou a série de incertezas ainda no radar para a companhia.

Continua depois da publicidade

(com Reuters)