Apetite por aquisições pode elevar ofertas na Bolsa a R$ 200 bilhões neste ano

A corrida das aquisições é ainda mais evidente no varejo

Estadão Conteúdo

Publicidade

A necessidade de fazer aquisições para sobreviver em mercados em fase de consolidação está alimentando o apetite de companhias brasileiras por emissões de ações em Bolsa.

No acumulado de 2021, mesmo com a volatilidade causada pela crise política e pela segunda onda da covid-19, as ofertas – iniciais (IPOs) ou subsequentes – já somam R$ 65 bilhões. E a expectativa é de que essa ida às compras de grandes negócios se intensifique, podendo elevar a movimentação total a R$ 200 bilhões até dezembro.

A corrida das aquisições é evidente no varejo. Além do Magazine Luiza (MGLU3), que comprou 20 empresas em um ano e meio, o Grupo Soma (SOMA3, que fez IPO em 2020) também fez um movimento ousado ao comprar a Hering (HGTX3). Para isso, passou a perna em outra empresa capitalizada, a Arezzo (ARZZ3), que também quer se fortalecer com compras em setores correlatos.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Há poucas semanas, a Americanas (AMAR3) levou a dona da Imaginarium, e a Renner (LREN3) levantou quase R$ 4 bilhões – segundo o mercado, para incorporar o e-commerce Dafiti.

“As empresas estão captando muito para crescimento e também para fusões e aquisições. É um ‘efeito cadeia’: a empresa observa o concorrente buscando liquidez e também quer se posicionar”, afirma o chefe do banco de investimento do Santander Brasil, Gustavo Miranda.

As empresas também têm envolvido ações nas negociações – por isso, estar na Bolsa pode ser uma vantagem. O chefe global do banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenless, aponta que muitas companhias na posição vendedora não querem sair totalmente do negócio. Foi o que aconteceu no acordo entre Soma e Hering: além de embolsar R$ 1,5 bilhão, a família fundadora continuará a ser acionista.

Continua depois da publicidade

Entre as prioridades desses grandes processos de uniões corporativas, estão o ganho de musculatura para lucrar na retomada e na digitalização, afirma o chefe de mercado de capitais e renda variável para América Latina do Morgan Stanley, Eduardo Mendez.

Já o sócio responsável pelo banco de investimento da XP, Pedro Mesquita, afirma que a liquidez no mercado tem criado um ambiente oportuno para captações, mesmo com um cenário mais volátil, o que tem feito investidores pechincharem preços. “Vemos ainda que muitos setores irão passar por maturação e mais aquisições, as empresas não querem perder oportunidade e há dinheiro disponível”, comenta o executivo.

Para Mendez, do Morgan Stanley, essa sensibilidade a preço vai continuar e pode fazer parte dos IPOs ser adiada, mas ele não vê a janela para emissões se fechando. “Vivemos em uma economia emergente que está evoluindo e se desenvolvendo. Com a volatilidade, os investidores se tornam mais sensíveis a preço, mas não há fechamento de janela”, diz. O banco prevê um volume de R$ 175 bilhões em ofertas para 2021, considerando as emissões em Bolsas estrangeiras.

Mesquita, da XP, também vê mais poder de barganha do lado do investidor. “Mas temos um volume de ofertas muito forte até o fim de ano de empresas de diversos setores”, afirma o executivo, que projeta um volume de R$ 200 bilhões, em um total de 100 ofertas. Greenless, do Itaú BBA, projeta de 60 a 80 operações, com movimentação variando de R$ 150 bilhões a R$ 180 bilhões.

Estrangeiros

O chefe do mercado de renda variável do Citi no Brasil, Marcelo Millen, diz, porém, que a volatilidade acaba afastando os investidores internacionais das ofertas feitas na B3, a Bolsa paulista. À medida que a crise sanitária caminhar para uma solução, segundo ele, o fluxo de recursos deve retornar ao País, engordando, consequentemente, os IPOs.

Em 2021 você pode fazer da Bolsa a sua nova fonte de renda. Inscreva-se e participe gratuitamente da Maratona Full Trader, o maior evento de Trade do Brasil.