Além de Bitcoin e Ethereum: 5 criptomoedas para ficar de olho, segundo especialistas

Analistas apontam ativos digitais com bom potencial de crescimento e que podem contribuir para uma diversificação da carteira cripto

Rodrigo Tolotti

SÃO PAULO – Apesar de ainda haver muita discussão, o Bitcoin (e outras criptomoedas) tem se consolidado cada vez mais como uma opção de investimento alternativa, descorrelacionada ao mercado tradicional e ao impacto da economia e política em seus preços.

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Nos últimos anos, muito se destacou o crescimento do Bitcoin, que é a maior moeda digital do mundo. Ainda que seja preciso reforçar que este é um investimento muito mais arriscado que qualquer outro disponível, tem se tornado comum recomendações para que investidores com perfis mais arrojados tenham até, no máximo, 5% de criptoativos em suas carteiras.

Apesar de o Bitcoin ser o maior, ele não é o único ativo digital disponível, e nessa trajetória de mais de 10 anos surgiram outras moedas com propostas diferentes, que podem ser boas oportunidades dado que ainda encontram-se em estágio inicial – podendo oferecer mais retorno, mas também, mais risco.

Especialistas recomendam que o Bitcoin deve ser o primeiro investimento cripto de qualquer pessoa, sendo uma boa porta de entrada para conhecer e entender como esse mercado funciona. Mas para quem já está mais familiarizado, o momento pode ser de expandir o portfólio e começar a diversificar dentro desse mundo.

Por isso, o InfoMoney conversou com quatro especialistas em criptoativos, que apontaram algumas moedas que podem configurar uma boa oportunidade de investimento. Bitcoin e Ethereum ficaram de fora da lista por já estarem mais consolidados e serem conhecidos do público que já não está mais na fase inicial de investimento em cripto.

Rodrigo Miranda, responsável pela Universidade do Bitcoin, explica que, mesmo diversificando nesse mercado, entre 60% e 70% da carteira de cripto deve ter exposição ao Bitcoin. Ele recomenda outros 20% em Ethereum e somente o resto, cerca de 10%, dividido em outras moedas digitais, conhecidas como altcoins.

Como destaca Samir Kerbage, CTO da Hashdex, além das moedas para meio de pagamento, como o Bitcoin, o mercado cripto pode ser dividido em quatro “setores”: smart contracts; finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês); tokens não fungíveis (NFTs); e aplicações da chamada Web 3.0.

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Foram citadas 14 criptomoedas entre os especialistas consultados, mas cinco delas tiveram maior destaque e foram votadas mais de uma vez. Confira a lista, lembrando que não há uma ordem de mais recomendada ou com melhores projeções:

1) Polkadot (DOT)

Um dos conceitos mais conhecidos dentro do mundo das criptos é o dos chamados smart contracts (contratos inteligentes, em português), que são contratos digitais que, usando regras de programação, têm regras definidas para serem executados. O mais conhecido protocolo desse tipo é o Ethereum.

Mas ele não é o único, e para Safiri Félix, diretor de produtos e parcerias da Transfero Swiss, as plataformas que são concorrentes ao Ethereum e que conseguirem aprender com o problema de escalabilidade enfrentado por ele possuem grande potencial.

Nesse sentido, a Polkadot foi um dos tokens mais citados pelos especialistas consultados. Ela é “rede multi-cadeia” que tem como objetivo criar um sistema de blockchains interoperáveis, chamadas de “parachains”, que se conectam à Polkadot e conseguem funcionar de forma paralela.

Segundo Safiri, esse conceito de “parachains” e de integração de várias blockchains é exatamente o que torna a Polkadot mais atrativa. “Eles [desenvolvedores] têm um caso de uso interessante, porque o projeto tem foco na interoperabilidade, tem um potencial interessante”, afirma.

A mesma visão tem Rodrigo Miranda, da Universidade do Bitcoin, que vê a integração permitida por essa rede como o seu grande atrativo para o futuro.

A interoperabilidade da Polkadot visa estabelecer uma internet totalmente descentralizada e privada, controlada por seus usuários, simplificando a criação de novas aplicações, instituições e serviços.

O seu protocolo conecta cadeias públicas e privadas, redes sem permissão, oráculos e outras tecnologias futuras, permitindo que essas cadeias de blockchains independentes compartilhem informações e transações de forma confiável por meio da cadeia de retransmissão Polkadot.

O token DOT nativo da Polkadot busca fornecer governança de rede e operações, além de criar as parachains.

2) Solana (SOL)

Outro token bastante comentado pelos especialistas foi a Solana, que foi criada exatamente para rivalizar com o Ethereum, sendo uma plataforma blockchain com foco em apresentar soluções rápidas, baratas e escaláveis para contratos autônomos.

O objetivo da Solana é melhorar a escalabilidade da rede, introduzindo um consenso de prova de história (PoH, na sigla em inglês) combinado com o consenso de prova de participação (PoS). Essa combinação tem atraído a atenção tanto de investidores pessoas físicas quanto institucionais.

Para Kerbage, a Solana, assim como a Polkadot, são projetos interessantes no quesito infraestrutura, indo para a chamada “camada dois”, focada na aplicação para ativos descentralizados.

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Já Safiri afirma que a Solana “é um dos projetos que tem mais potencial”. “Eles têm um time técnico bastante competente, estão com um bom financiamento para desenvolver e estão construindo um ecossistema muito rapidamente”, avalia.

Miranda, por sua vez, diz que a equipe da Solana está “entregando bastante”, contando com uma rede rápida, com taxas baixas, além de possuir sua própria blockchain.

“Seu grande diferencial é que existe um grupo grande por trás dela, que é a Alameda Research, que também tem porcentagem no projeto da FTX e vem crescendo”, afirma ele, reforçando os investimentos que estão sendo feitos na rede. “Ela não tem tanta propaganda, mas entrega bastante”.

3) Aave (AAVE)

A Aave é outra criptomoeda que tem chamado a atenção do mercado e que especialistas enxergam com bons olhos, principalmente por conta de seu projeto diferenciado, focado em empréstimos usando tokens via blockchain, ou seja, descentralizado, sem intermédio de instituições financeiras.

Miranda destaca que hoje essa é a cripto com maior volume do mercado quando o assunto é empréstimos, foi a que inovou nesse cenário, sendo um bom ativo para diversificação.

A Aave funciona usando a tecnologia de contratos inteligentes na rede Ethereum, garantindo segurança e agilidade nas operações entre quem empresta e quem pega emprestado os valores.

De um lado, investidores que possuem criptoativos guardados podem emprestar a outras pessoas usando a Aave, ganhando com os juros da operação. Atualmente são mais de 20 tokens permitidos na rede.

Já na outra ponta, quem possui alguma das criptos aceitas pode pegar emprestado usando essa rede, de forma rápida, com a segurança garantida pela blockchain, sem nenhum tipo de burocracia e sem precisar de outros ativos como garantia.

4) Cardano (ADA)

Quinta maior criptomoeda em valor de mercado, a Cardano já é conhecida de muitas pessoas, mas seu potencial tem se mostrado mais arriscado diante de muitas promessas feitas pelos desenvolvedores e que ainda não foram entregues.

“Se entregar o que está prometendo, tem muito potencial”, avalia Miranda. “Ela está em outro momento. Enquanto a Solana, por exemplo, está entregando muito e prometendo pouco, a Cardano já prometeu bastante, mas ainda não entregou. Se começar a entregar, tem um grande potencial de valorização”.

A Cardano é uma rede que mistura um pouco de diferentes projetos conhecidos de criptoativos. De um lado, ela visa atuar em operações de contratos inteligentes, como o Ethereum, enquanto de outro, também quer atuar como uma criptomoeda normal, mais ou menos como o Bitcoin.

Ela é uma plataforma que pretende atuar junto a todas as outras criptomoedas, pois acredita que no futuro todas trabalharão juntas. Em resumo, a Cardano aborda diversos problemas trabalhados por diferentes tokens e tenta resolvê-los.

Safiri destaca que há uma grande expectativa de que a Cardano comece a liberar os primeiros smart contracts em sua rede, o que deve ter um impacto bastante positivo no preço do ativo.

Na última semana, Charles Hoskinson, fundador da Cardano, indicou que em breve será feito o anúncio da atualização da rede e que, segundo ele, o investidor “poderá executar contratos inteligentes na Cardano”.

5) Axie Infinity (AXS)

Em um ramo bem diferente dos ativos anteriores, a Axie Infinity se tornou um dos tokens mais badalados dos últimos meses. Atuando na área de NFTs e misturando com jogos online, a AXS tem tido forte valorização em 2021 com um boom de jogadores em sua plataforma.

Criado na blockchain do Ethereum, o Axie Infinity é um jogo que tem a cara de Pokémon, misturando também conceitos de jogos de carta e estratégia, em que o usuário pode ir melhorando seus personagens e ganhando um token quando cumpre certos requisitos, os chamados Smooth Love Potions (SLPs), que também é uma criptomoeda que pode ser negociada.

Leia mais: Axie Infinity: como funciona e quais os riscos do jogo com criptomoedas e NFT que tem rendido grandes ganhos por mês

Sua popularidade tem feito a cotação do token AXS subir forte este ano, mas um dos fatores que têm chamado atenção é a ideia de que seus jogadores estão ganhando milhares de reais por mês dentro da plataforma.

Como destaca Alex Buelau, sócio da Parfin, esse é o jogo mais popular atualmente em blockchain, que segue um modelo de retorno em tokens por simplesmente jogar, o chamado “play to earn” (jogue para ganhar, em tradução livre).

Já Kerbage diz que o segmento de jogos tende a se beneficiar muito com esse novo modelo. “Essa nova modalidade de jogo, que usa NFT, tem um potencial bom de crescimento”, diz.

Outras criptomoedas

Com mais de 11 mil criptomoedas existentes hoje, outros ativos também podem surgir como boas oportunidades e os especialistas recomendam que cada investidor faça sua própria pesquisa, estude e vá atrás dos dados das criptos que pretende investir.

Entre os tokens que foram apontados pelos especialistas ouvidos pelo InfoMoney, apareceram ainda Polygon (MATIC), Chainlink (LINK), Uniswap (UNI), Compound (COMP) e Filecoin (FIL), ainda que com menos potencial do que as criptos citadas acima.

Miranda ainda comentou sobre a PancakeSwap (CAKE), um token de uma das maiores corretoras descentralizadas (DEX, na sigla em inglês) que existem e que se valorizou mais de 2.500% este ano. Porém, ele ressalta que esse é um ativo mais arriscado que a maioria e que é preciso cuidado ao investir.

Segundo ele, esse risco mais elevado está ligado ao fato de ser uma cripto que ainda precisa de muito desenvolvimento e melhoria, sendo que atualmente a plataforma opera na blockchain Binance Smart Chain. “Ainda não se tem tanta informação [sobre PancakeSwap], por isso o risco maior”, afirma.

Buelau, da Parfin, ainda destaca outras três criptos que estão mais fora do radar do mercado. A primeira é a Flow (FLOW), uma blockchain focada no mercado de games e entretenimento com NFTs, já tendo inclusive parceria com a NBA e outras grandes empresas.

Outro ativo é o Hathor (HTR), criado por brasileiros com o objetivo de simplificar o lançamento de novos tokens e ainda tem uma tecnologia avançada que permite o processamento de milhões de transações por segundo. Com custo zero e esse foco em tokenização, Buelau enxerga uma boa oportunidade fora do radar.

Por fim, ele cita ainda a Helium (HNT), uma blockchain do segmento focado em Web 3.0 e que pretende criar uma rede de dados wireless, em que consumidores e pequenos negócios utilizam a rede para promover e validar essa cobertura, servindo como uma espécie de mineração pelo wi-fi.

Os especialistas reforçam que é preciso sempre estudar bem cada criptomoeda antes de investir, entender seu funcionamento e potencial, evitando comprar apenas porque está subindo forte ou ouviu falar bem. Além disso, lembram que Bitcoin e Ethereum ainda devem ser as maiores exposições de uma carteira cripto.

Para os iniciantes, ou quem não quer ter que ficar escolhendo quais ativos investir, existem outras opções no mercado em vez do investimento direto em moedas digitais, como os fundos, com uma variedade grande de novos ETFs sendo lançados na Bolsa e que podem ajudar nessa diversificação de portfólio.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.