11 de setembro de 2001: Wall Street antecipou a queda das torres gêmeas?

Movimento suspeito na véspera alimenta histórias sobre os atentados que paralisaram o mercado por quatro dias nos EUA

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Sempre que os tombos da bolsa vêm à mente, seja em 2008 ou no escândalo da JBS em 2017, o investidor lembra dos pregões marcados pelos circuit breakers, que paralisam as operações quando o Ibovespa marca desvalorização de 10%.

Mas lembrando destas paralisações do mercado, nenhuma na história chega perto daquele 11 de setembro de 2001, há 17 anos. A queda das torres gêmeas em Nova York disseminou o pânico de uma hora para outra em Wall Street, que mais que um circuit breaker, ficou quatro pregões completos sem operar.

O circuit breaker é disparado para evitar perdas descontroladas nas bolsas. Mesmo após quatro dias de recesso, a bolsa de Nova York perdeu quase US$ 600 bilhões em valor de mercado na sua reabertura. Para o Dow Jones, a insegurança e incerteza provocadas pelos ataques terroristas custou 14% em uma semana, seu pior desempenho na história até então.

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Um tombo

Fica difícil traçar um paralelo exato da reação de Wall Street à série de atentados devido à decisão de que os mercados nem abririam naquele dia. Como outros mercados internacionais, a então BM&F Bovespa optou por abrir as portas, mas encerraria seu expediente no meio do pregão.

Naquela terça-feira, 46 ações da bolsa brasileira (13% do total) atingiram suas cotações mínimas dos últimos 12 meses. Mesmo com a tentativa de evitar perdas maiores ao cortar o horário de negociações, o principal índice da bolsa brasileira encerrou aquele pregão com queda de 9,18%.

Teoria da conspiração

Mas a falta de referências exatas de Wall Street naquela terça-feira pede para investigar o pregão anterior, de 10 de setembro de 2001, e as sessões posteriores, quando o mercado norte-americano reabriu no dia 17 seguinte. Daí surgem as curiosidades. De certa forma, o pregão de 10 de setembro registrou alguns movimentos atípicos, que alimentam teorias de que a bolsa já indicava conhecimento antecipado dos ataques.

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Por aí, circulam verdadeiras teorias da conspiração, que não deixam de mencionar dados concretos. Um dia antes dos ataques, chamam atenção para a disparada não habitual no volume de operações envolvendo opções de venda dos ativos das companhias aéreas envolvidas, United e American Airlines.

Operações suspeitas

O movimento das opções de venda de seguradoras como a Munich Re. também não condizia com a normalidade. Após os ataques, empresas como esta teriam de arcar com bilhões envolvidos para cobrir perdas. Por outro lado, companhias de armamentos assistiam transações suspeitas com opções de compra, parecendo esperar por uma resposta norte-americana aos ataques. As teorias que circulam na internet ainda citam a elevada procura por Treasuries naquele dia, aplicação tida pelo mercado como de maior segurança.

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Muitos apontam familiares de Osama Bin Laden como responsáveis por estas operações. O FBI chegou a abrir complexa investigação junto a órgãos reguladores do mercado, na busca pelos investidores por trás destes movimentos. Sem provas concretas de que houveram manobras premeditadas ou informação privilegiada do ataque, encerraram-se as investigações em setembro de 2003.

As faces de Amr Elgindy

Apesar de não apontar culpados, a busca do FBI chegou a Amr Elgindy. Na véspera dos ataques, o investidor egípcio chamou atenção ao ligar para seu corretor e ordenar a liquidação de todas as posições da carteira em nome de um de seus filhos, que envolvia cerca de US$ 300 mil.

Segundo relatos, Elgindy chegou a afirmar a seu corretor que o índice Dow Jones, naquela época em torno de 9.600 pontos, iria cair para próximo de 3.000 pontos. O investidor foi preso em maio de 2002, mas não se sabe ao certo se as autoridades tiraram alguma informação relevante dele ou prova de que havia correlação com os atentados.

Uma matéria do New York Times, publicada em junho de 2002, analisa a vida e as diversas faces de Amr Elgindy. Detalha a defesa de seus advogados, que acusavam o governo norte-americano de racismo pelo fato do investidor ser egípcio, muçulmano e sem correlação com os atentados segundo seus argumentos.

A matéria revelou um Elgindy com inúmeras identidades, que lucrou muito no mercado apostando em ações insignificantes que multiplicaram seu valor. Na ocasião, um investigador da SEC (Securities and Exchange Commission) o definiu como alguém que “sempre tinha uma informação a mais vinda de alguém”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.