As 10 maiores altas e as 10 maiores quedas do Ibovespa no 1º semestre de 2018

Suzano "brilhou" e registrou um salto superior a 141% nos primeiros seis meses de 2018, enquanto BRF foi a grande decepção ao cair mais de 50%

Fredy Alexandrakis

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SÃO PAULO – O primeiro semestre foi de fortes emoções para o Ibovespa: em meio a um otimismo com a economia e com a perspectiva de eleição de um candidato reformista, o Ibovespa chegou a bater uma máxima de 87.652 pontos em fevereiro.  Contudo, com a economia mais fraca (e que ficou suspensa por 10 dias com a greve dos caminhoneiro), eleição ainda embaralhada e o cenário internacional mais azedo com Estados Unidos deflagrando uma guerra comercial e com o Federal Reserve elevando os juros, houve uma virada no humor, e o Ibovespa não somente zerou os ganhos do ano como fechou em queda de 4,76% no semestre, a 72.762 pontos. 

Enquanto isso, muitas ações do Ibovespa tiveram um movimento ainda mais extremo na bolsa – tanto em termos de disparada quanto de queda. A Suzano, por exemplo, brilhou no Ibovespa e mais do que dobrou de valor na Bolsa, enquanto a BRF foi a grande decepção.

LEIA TAMBÉM: Resumo: os 7 eventos do semestre que explicam a queda de 5% da bolsa e a alta de 17% do dólar

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As 10 maiores altas: Suzano e Magalu brilham 

Liderando as altas do semestre a largas braçadas está a Suzano (SUZB3), empresa de papel e celulose com ganhos excepcionais de mais de 140% desde o início do ano. Parte desse desempenho se deve à fusão já há anos esperada com a Fibria (FIBR3) – outra gigante do ramo da celulose -, aprovada em março pelo BNDES e que aguarda avaliação de autoridades concorrenciais. Além do alto potencial de sinergia entre as duas, a união também é especialmente favorável à Suzano, que ganhou vantagem frente a concorrentes estrangeiras na aquisição, pagando valor muito inferior a outras ofertas apresentadas.

A companhia ainda se desviou dos maiores obstáculos apresentados ao crescimento do Ibovespa neste ano, inclusive subindo enquanto outros papéis caíam. Devido a seu perfil exportador, a empresa se beneficiou das altas do dólar – que prometem persistir pelo menos até as eleições de outubro. Outras exportadoras que celebraram o câmbio elevado são Vale (VALE3) e Embraer (EMBR3), com esta última também repercutindo os avanços nas discussões de uma junção com a Boeing.

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Até mesmo a greve dos caminhoneiros pode ter sido interessante à Suzano: outro fator que impulsionou seus papéis neste semestre é o aumento no preço da celulose observado desde o início do ano, e a perda de produção durante a greve colaborou para uma manutenção desse valor.

Com a segunda maior alta do semestre, entre as duas exportadoras de celulose, ficou a Magazine Luiza (MGLU3). A companhia segue um ano de alta de 500% com outra disparada, impulsionada por seus resultados acima do esperado – ela vem superando consistentemente as expectativas e os recordes históricos, trimestre após trimestre.

A Magalu foi ainda apontada pelo Credit Suisse como uma das 7 varejistas no mundo que devem sobreviver ao chamado Apocalipse do Varejo – movimento de crise em que empresas tradicionais do ramo perdem espaço a gigantes do e-commerce, como a Amazon -, devido ao seu forte braço virtual. 

Leia mais: 

– Menos valuation, mais internet: os indicadores pouco ortodoxos para seguir otimista com o Magazine Luiza
– Carteira InfoMoney zera participação de Magazine Luiza com ganhos de 38%

Entre as maiores altas, está na lista ainda a Petrobras (PETR3;PETR4) que, apesar de sofrer um baque na bolsa com a greve dos caminhoneiros e a saída do CEO Pedro Parente, conseguiu registrar fortes ganhos na esteira do otimismo com venda de ativos e a cessão onerosa, além de se beneficiar da alta do petróleo. 

Confira abaixo mais ações que brilharam no Ibovespa no 1º semestre:

Ações Alta no semestre Motivos

Suzano

+141,8%

– Empresa exportadora, que se beneficia com a alta do dólar
– Preços elevados da celulose
– Acordo de fusão com a Fibria

Magazine Luiza

+60,0%

– Resultados acima do esperado
– Melhora do e-commerce

Fibria

+52,7%

– Empresa exportadora, que se beneficia com a alta do dólar
– Preços elevados da celulose
– Acordo de fusão com a Suzano

B2W

+31,2%

– Reestruturação bem sucedida, com maior investimento em logística e distribuição
– Investimento em marketplace

Vale

+24,6%

– Empresa exportadora, que se beneficia com a alta do dólar
– Minério em alta
– Reestruturação da companhia em busca de maior governança corporativa 

Braskem 

+23,5%

– Negociações para a venda da fatia da Odebrecht na companhia

Embraer

+22,0%

– Empresa exportadora, que se beneficia com a alta do dólar 
– Avanço das discussões sobre junção com a Boeing
governança corporativa 

Petrobras

+15,0%

– Cessão onerosa
– Precificação de commodities alinhada com exterior (revés após greve dos caminhoneiros)
– Avanço na venda de ativos

CPFL

+13,3%

– Expectativa por uma nova OPA da State Grid (veja mais clicando aqui). 

Klabin

+13,2%

– Cenário positivo para papel e celulose
– Acompanha movimento das outras companhias do setor (Fibria e Suzano), mesmo que menos voltada à exportação

 

As 10 maiores baixas: BRF em crise 

A forte crise pela qual passa a BRF (BRFS3) a leva ao extremo das perdas no semestre. Apresentando péssimos resultados desde 2016, a companhia sofre ainda com repercussões da Operação Trapaça (nova fase da Carne Fraca), embargos comerciais vindo da União Europeia e da China, e consequências da greve dos caminhoneiros.

O único alívio no noticiário recente da empresa é a eleição de Pedro Parente como novo CEO, fato que impulsionou seus papéis por alguns pregões e inspirou uma postura de otimismo cauteloso nos investidores.

A Eletrobras (ELET3; ELET6) também desponta dentre as maiores baixas do semestre, em queda acentuada nas sessões recentes. Após seus papéis dispararem no segundo semestre de 2017 com notícia de privatização, entraram em movimento de correção conforme a venda da estatal parece cada vez mais distante e incerta.

O mais recente obstáculo ao processo veio sob a forma de liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que impede que o governo coloque à venda ações de empresas públicas, sociedade mista, ou de subsidiárias, como o caso da Eletrobras, sem que o Congresso seja ouvido antes.

Veja abaixo as 10 maiores quedas do 1º semestre:

Ação Queda no semestre Motivos

BRF

-50,8%

– Resultados ruins desde 2016
– Carne Fraca
– Embargo comercial 
– Disputa entre acionistas (Abílio Diniz X fundos de pensão)
– Perdas da produção durante greve dos caminhoneiros

Kroton

-48,5%

– Resultados não animam com FIES mais “restritivo” e desafio para captação de base de alunos
– Algumas contestações sobre entrada no ensino básico (compra cara da Somos Educação)

Eletrobras PNB 

-40,3%

– Movimento de correção após disparada com expectativa de privatização (expectativa de que movimento não ocorra esse ano)

Qualicorp 

-38,3%

– Resultados trimestrais não animaram
– Economia a passos mais lentos faz com que muitos deixem de contratar planos de saúde

Ultrapar 

-38,0%

– Ação cara que vem apresentando resultados ruins, com destaque negativo para o Ipiranga

Ecorodovias

-37,5%

– Citação na Lava Jato
– Concessões durante a greve dos caminhoneiros*

Eletrobras ON

-37,0%

(ver Eletrobras PNB)

CCR 

-36,3%

– Concessões da greve dos caminhoneiros*
– Citação na Lava Jato
– Receios sobre falta de novos projetos 

Sabesp

-30,5%

– Notícias negativas sobre revisão tarifária da companhia
– balanços não animam o mercado

Gol

-28,6%

– Alta do dólar, que afeta os custos da companhia
– Petróleo em alta

*Isenção da cobrança de tarifa de pedágio para eixo elevado dos caminhões nas rodovias paulistas