Ações ON da Oi caem 7% e PN disparam 23% com especulações sobre venda de ativos; Vale sobe 4% antes de balanço

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (29)

Lara Rizério

Loja da Oi Móvel/Oi telecomunicações em São Paulo (Foto: Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

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SÃO PAULO – A temporada de resultados do segundo trimestre movimenta as ações na sessão desta quarta-feira (29). As units do Santander Brasil (SANB11, R$ 30,96, +3,51%) subiram forte após o balanço, mesmo com impacto de provisões, enquanto a Cielo (CIEL3, R$ 4,94, -3,52%) teve queda.

Além do Santander, teve alta a CSN (CSNA3, R$ 13,00, +5,69%), que foi elevada pelo Bradesco BBI, enquanto a Minerva (BEEF3, R$ 14,09, -4,41%) abriu em alta de mais de 2%, mas virou para queda.

Fora do noticiário de resultados, a Oi (OIBR3, R$ 1,91, -6,83%; OIBR4, R$ 3,40, +22,74%) viu suas ações saltarem mais uma vez no início da sessão, com destaque para os ganhos de mais de 45% dos ativos PN. Porém, os papéis amenizaram, sendo que os ativos ON passaram a ter queda, enquanto os PN fecharam com ganhos de “somente” 20%.

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Na véspera, Telefônica Vivo, TIM e Claro elevaram  a oferta pela Oi Móvel para R$ 16,5 bilhões e afirmaram ainda que a oferta pode contemplar “a possibilidade de assinatura de contratos de longo prazo para uso de infraestrutura”, significando garantia de receita para a Infra Co, valorizando o ativo.

Cabe ainda destacar que, também na véspera, o jornal O Globo informou que americana Highline já estuda fazer uma contraproposta pelos ativos móveis da companhia.

A companhia havia fechado exclusividade para negociar com a Oi até 3 de agosto, tendo até esta data para acertar uma nova oferta que barre a das concorrentes. Com isso, ontem, os ativos OIBR3 saltaram mais de 15%, enquanto os papéis OIBR4 tiveram alta ainda mais acentuada, de 44%.

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Vale destacar ainda que, segundo o Valor, citando fontes, a Highline é um dos cerca de dez grupos que apresentaram proposta pela área de redes de infraestrutura da Oi, a unidade produtiva isolada (UPI) InfraCo.

Confira os destaques da sessão:

Santander Brasil (SANB11, R$ 30,96, +3,51%)

O Santander Brasil  teve lucro líquido de R$ 2,0256 bilhões no 2º trimestre, queda de 46,3% na comparação com o primeiro trimestre, quando lucrou R$ 3,774 bilhões, e baixa de 40,76% em relação ao mesmo período do ano passado, quando registrou um lucro de R$ 3,41 bilhões.

Já o lucro líquido gerencial foi de R$ 2,136 bilhões no segundo trimestre, queda de 41,2% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 44,6% ante o primeiro trimestre.

No semestre, o lucro líquido societário foi de R$ 5,8 bilhões, 14,7% menor frente o 1º semestre de 2019 (R$ 6,8 bilhões).

Já as despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 6,534 bilhões, 90,8% superior na comparação com o trimestre anterior e de 111,3% em relação ao segundo trimestre de 2019. A companhia provisionou R$ 3,2 bilhões para potenciais perdas com empréstimos por causa da crise desencadeada pelo coronavírus.

Vale destacar que, no primeiro trimestre, o banco não havia aumentado suas provisões de forma significativa, alegando que já havia feito reforços e que esperaria para conhecer melhor os efeitos da crise.

A carteira de crédito ampliada do banco chegou a R$ 463,4 bilhões, alta de 0,7% na comparação com o primeiro trimestre. A inadimplência recuou 0,6 ponto percentual, para 3%.

Os analistas do Credit Suisse lembraram que o resultado do banco foi afetado pelas provisões extraordinárias e apontam que o balanço foi positivo, com destaque para a receita líquida de juros (NII).

Já o BBI destacou que as receitas com tarifas vieram mais fracas que o esperado (a queda no comparativo anual foi de 11,9%) e chamaram a atenção para o resultado da margem financeira, que apresentou elevação.

“O maior ponto de interrogação refere-se à sustentabilidade do desempenho da margem financeira, já que a crescente inadimplência à frente poderia começar a pesar sobre a geração de receitas”, avaliaram os analistas do Bradesco BBI, em relatório a clientes.

Cielo (CIEL3, R$ 4,94, -3,52%)

A empresa de meios de pagamento Cielo registrou no segundo trimestre do ano um prejuízo líquido de R$ 75,2 milhões, ante lucro de R$ 428,5 milhões entre abril e junho de 2019.

A receita líquida da empresa, na comparação anual, caiu 12,5%, para R$ 2,4 bilhões. O Ebitda somou R$ 236 milhões, redução de 69,7% ano a ano.

O resultado decorre dos efeitos econômicos da pandemia da Covid-19, embora a empresa venha de trimestres consecutivos de queda do lucro devido ao aumento da concorrência. A empresa informou que vai ajustar a sua estrutura de custos e capital para enfrentar um cenário de forte queda dos resultados.

De acordo com o Morgan Stanley, os números da Cielo foram muito fracos, ainda que não surpreendentes dadas as circunstâncias extraordinárias com o Covid-19. “Lamentavelmente, a companhia não forneceu detalhes de como os negócios estão indo no terceiro trimestre até o momento, agora que algumas restrições de bloqueio foram levantadas”, apontam, destacando que isso pode ser discutido durante as conferências do dia.

A XP Investimentos também apontou que os números foram negativos, com um prejuízo líquido de R$ 76 milhões causado principalmente por: i) desalavancagem operacional, uma vez que o volume financeiro (TPV) despencou 22% na base anual para R$ 128 bilhões, enquanto os custos aumentaram 2% na comparação anual para R$ 1,1 bilhão; ii) menor resultado financeiro, 71% inferior ao mesmo período do ano anterior, para R$ 40 milhões, pressionado pelos menores volumes e a taxa de juros mais baixa da história; e iii) impostos, que chegaram a R$ 20 milhões, mesmo a empresa não reportando lucro antes dos impostos.

“No entanto, reiteramos nossa recomendação neutra e o preço-alvo de R$ 5,00, pois acreditamos que a deterioração esteja parcialmente precificada”, destaca o analista Marcel Campos.

O resultado da Cielo também foi considerado ruim pelo Bradesco BBI, que reduziu a estimativa de lucro para o ano em 44%, para R$ 336 milhões. Já o preço-alvo foi reduzido de R$ 5 para R$ 4,50, com a classificação sendo mantida em “neutra”.

Apesar da redução da estimativa, os analistas avaliam que a empresa tem se esforçado para reduzir a participação nos clientes com menor rendimento (grandes varejistas) e menor participação das operações de pré-pagamento no resultado (queda de 21,2% para 15,3% em um ano).

“A redução na exposição a transações de pré-pagamento de menor rendimento permitiu à Cielo aumentar sabiamente sua posição de caixa e controlar seus indicadores de alavancagem”, avaliaram.

CSN (CSNA3, R$ 13,00, +5,69%)

A CSN apresentou lucro líquido de R$ 446 milhões, ante prejuízo de R$ 1,3 bilhão em igual período de 2019. Os preços mais elevados do aço contribuíram para esse resultado.

A alavancagem da empresa, que é a relação entre dívida líquida e Ebitda, subiu para 5,17 vezes (no primeiro trimestre, era de 4,78 vezes). A companhia afirmou que vai reduzir a alavancagem para 3,75 vezes até o final do ano e a 3 vezes até o final de 2021, mas não detalhou como irá chegar a esse resultado.

O Bradesco BBI elevou a recomendação da CSN para “outperform”. Já o preço-alvo passou de R$ 11 para R$ 17. A mudança leva em conta uma recuperação mais rápida do mercado de aço brasileiro e o segmento de minério se beneficiando da maior produção.

Os analistas da instituição financeira destacaram ainda a geração de caixa mais forte, que vai contribuir para a desalavancagem.

“A demanda doméstica de aço está se recuperando em um ritmo mais rápido do que o esperado, abrindo espaço para novos aumentos de preços de aços planos e longos nos próximos meses, enquanto a empresa também conseguiu ganhar participação de mercado em meio à crise da Covid-19″, destacaram. Já a divisão de minério de ferro deve se beneficiar de maior produção, menores custos e preços saudáveis no segundo semestre e em 2021”, apontam os analistas.

Já o Credit Suisse manteve a recomendação de neutra para o papel, apontando, a possibilidade da alavancagem se manter acima de 4 vezes caso não ocorra a venda de ativos, reforçando que esse processo “deve atrasar devido aos efeitos da pandemia”.

A XP Investimentos também apontou os números como fortes, mantendo recomendação de compra para os ativos: “olhando para frente, vemos um caminho de recuperação no segmento de aço e um aumento no volume de minério de ferro. Além disso, temos uma perspectiva saudável para os preços do minério de ferro, com a oferta ainda apertada e os impactos positivos sobre a demanda devido aos estímulos do governo chinês”.  Por outro lado, o perfil atual da dívida aparece como o principal fator de risco para a empresa, destacando aguardar desinvestimentos para uma melhora do balanço patrimonial.

Minerva (BEEF3, R$ 14,09, -4,41%)

A Minerva registrou lucro líquido de R$ 253,4 milhões no segundo trimestre. Em igual período do ano passado, teve prejuízo de R$ 113,3 milhões.

O Ebitda atingiu R$ 590,2 milhões, crescimento de 2% no comparativo anual e margem Ebitda chegou a 13,4%.

O Morgan Stanley destacou a margem alcançada pela Minerva no trimestre, de 13,4% e da maior geração de caixa.

“A empresa nos surpreendeu positivamente no lado da lucratividade, com as margens bruta e Ebitda aumentando significativamente”, destacou o banco americano.

Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 50,60, -0,73%)

A Telefônica Brasil informou nesta quarta-feira que seu lucro líquido caiu 21,6%, a R$ 1,13 bilhão, no segundo trimestre sobre igual período de 2019.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente foi de R$ 4,103 bilhões, 3,8% abaixo na base anual. A margem Ebitda subiu 0,5 ponto percentual no período, a 39,8%.

A Telefônica Brasil avalia criar um veículo para construir e ofertar infraestrutura de fibra ótica de forma neutra e independente em regime de atacado. De acordo com a operadora, o veículo poderá contar com parceiros e outros investidores na constituição de seu capital social. A companhia não informa possíveis valores, e afirma que a criação da nova unidade está sujeita a aprovações societárias e regulatórias.

O objetivo é acelerar a expansão da rede em um modelo que reduziria a quantidade de investimentos de responsabilidade da Telefônica, ao mesmo tempo em que capturaria valor pela entrada de terceiros, de acordo com o comunicado da companhia. A criação da nova unidade estaria alinhada, de acordo com a tele, a uma estratégia global do setor. A Telefônica afirma que manterá acionistas e o mercado informados a respeito da nova unidade.

Smiles (SMLS3, R$ 15,66, +1,75%)

A Smiles, detentora de um dos principais programas de fidelidade do País, registrou um prejuízo líquido de R$ 400 mil no segundo trimestre de 2020, revertendo o lucro líquido de R$ 155,7 milhões registrado em igual período de 2019. Os dados foram divulgados na noite desta terça-feira, 28, em balanço enviado à CVM.

O Ebitda ficou negativo em R$ 6,2 milhões, contra um resultado positivo de R$ 180,4 milhões em igual período de 2019. Já a margem Ebitda caiu de 64,9% para margem negativa de 11% em igual comparação.

A tombo nos resultados da empresa refletiu os efeitos da pandemia da covid-19. Segundo o documento, a Smiles teve uma queda de 79,6% na receita líquida no trimestre na comparação com abril, maio e junho de 2019, para R$ 56,5 milhões.

Segundo a empresa, as receitas de resgates foram reduzidas em 87,1% no trimestre na comparação anual, para R$ 75,7 milhões, em decorrência do cancelamento de viagens (passagens aéreas, hotéis, aluguel de carros entre outros).

A empresa destacou que, apesar da crise, os resgates em outros produtos – como o Shopping Smiles – apresentaram evolução no período, aumentando sua representatividade, mas não conseguiram compensar o recuo das passagens aéreas.

Apesar das dificuldades, a Smiles sinalizou que a evolução da receita líquida entre abril e junho mostra uma recuperação. “Nesse período, as emissões de bilhetes cresceram 95% e os cancelamentos caíram 45%”. A empresa destacou ainda que, ao final do trimestre, já alcançou cerca de 50% das emissões de bilhetes comparativamente ao mesmo período de 2019.

O resultado financeiro líquido, de R$ 21,3 milhões, aumentou 114% na comparação com o período imediatamente anterior, resultado da recuperação do desempenho dos fundos de investimento que foram impactados pela pandemia da covid-19. No base anual, entretanto, o indicador caiu 35,3%, em grande parte devido à variação da taxa de juros básica de 6,50% para 2,25% ao ano no período.

Vale (VALE3, R$ 62,95, +4,33%)

A Vale informou que adotou, de forma preventiva, um protocolo de emergência em nível 1 da barragem 5, da Mina da Mutuca, em Nova Lima (MG). Segundo a companhia, esse protocolo não exige evacuação da população.  Essa barragem foi construída em solo compactado e não recebe mais rejeitos de mineração.

A Vale informou ainda que o acionamento do Nível 1 da barragem não impacta o plano de produção de 2020.

A companhia divulga seu resultado do segundo trimestre nesta noite e analistas esperam bons números para a mineradora. A expectativa é de que os preços mais altos de minério, de cerca de US$ 93 a tonelada, compensem os números de volume pouco expressivos do trimestre.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.