Bons números para Vale, pior momento para Petrobras: o que esperar dos resultados das duas gigantes da Bolsa

Ambas terão impacto na produção pelo coronavírus, mas Petrobras deve sofrer mais com petróleo; contudo, analistas apontam futuro melhor para estatal

Lara Rizério Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A temporada de resultados mal começou e já conta com balanços de importantes blue chips a serem divulgados. Nesta quarta-feira (29), após o fechamento do mercado, serão revelados os números da Vale (VALE3) e na próxima quinta-feira (30), será a vez de serem reportados os números da Petrobras (PETR3;PETR4).

No caso da Vale, a expectativa é de que os preços mais altos de minério, de cerca de US$ 93 a tonelada, compensem os números de volume pouco expressivos do trimestre, conforme destacado no relatório de produção divulgado na última semana, ressalta a equipe de análise da XP Investimentos.

Cabe destacar que a produção de minério de ferro da companhia no segundo trimestre somou 67,6 milhões de toneladas, 5,5% maior frente igual período do ano passado e de 13,4% ante o primeiro trimestre de 2020. Apesar da alta, a empresa informou que impactos relacionados à Covid-19 somaram 3,5 milhões de toneladas no período, além de ter sofrido com eventos não recorrentes, como manutenção de correias transportadoras de longa distância no S11D (com impacto negativo de 2,1 milhões de toneladas) e a parada prevista da mina de Fazendão em fevereiro, devido ao esgotamento da área de mineração licenciada.

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“Como o dólar mais alto e um frete mais baixo podem equilibrar os gastos com manutenção e outros impactos negativos, temos um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 3,9 bilhões para o segmento de minério de ferro. Em relação ao segmento de metais básicos, temos um Ebitda menor (queda de 18% na base de comparação trimestral) em razão dos preços e volumes mais baixos”, aponta a XP.

Já na avaliação do Itaú BBA, o Ebitda pode chegar a US$ 4,1 bilhões – 35% acima em termos trimestrais, mas 11% abaixo em termos anuais, apontando que os preços realizados do minério de ferro devem melhorar em cerca de US$ 11 a tonelada, favorecidos por preços à vista mais altos e ajustes provisórios positivos nos preços.

Na avaliação dos analistas do banco, a projeção é de que o custo caixa do minério de ferro fique estável em uma base sequencial: o consumo de estoques de maior custo constituído no primeiro trimestre e os impactos da manutenção devem compensar a diluição maior do custo fixo e os fretes marítimos menores.

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Já na divisão de metais de Base, é esperado que os preços mais baixos do níquel e do cobre levem o Ebitda a US$ 486 milhões, um declínio de 40% em termos trimestrais. “Nossa expectativa é de que a divisão de carvão continue apresentando um desempenho negativo do Ebitda, devido aos preços ainda pressionados do carvão e aos impactos relacionados à Covid-19 sobre os volumes vendidos”, apontam.

Também esperando resultados sequencialmente mais fortes para a companhia, os analistas do BBI apontam um outro impacto, desta vez negativo: “esperamos que as despesas relacionadas a Brumadinho totalizem aproximadamente US$ 125 milhões no segundo trimestre, levando o Ebitda ajustado para cerca de US$ 3,56 bilhões”.

Confira o que esperar para o resultado da Vale, segundo média compilada pela Refinitiv/Reuters:

Dados da Vale (em US$ milhões) 2T19 2T20E 2T20E/2T19
Lucro líquido -133 1.695
Ebitda ajustado 3.098 3.607 +16%
Margem Ebitda 33,7% 47,3% +13,6 p.p.
Receita líquida 9.186 7.617 -17%

Petrobras: resultado ruim, mas o pior já passou

Após o histórico prejuízo de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre de 2020, a Petrobras deve registrar um resultado negativo menor na mesma base de comparação, para perdas de R$ 5,18 bilhões, segundo estimativa média compilada pela Refinitiv/Reuters.

Contudo, a avaliação é de que o trimestre deva ser, de uma forma geral, mais fraco frente os primeiros três meses de 2020, conforme destaca o Credit Suisse, principalmente em função dos preços de petróleo mais baixos na média. Vale destacar que, apesar da recuperação dos valores da commodity no final do trimestre, na média do período o brent (contrato usado como referência) caiu 35%, a US$ 33,50 o barril.

Além do baixo preço do petróleo, a companhia também deve ser penalizada pelos volumes mais fracos, impactada pela crise do novo coronavírus. Os maiores descontos nas exportações em função de frete mais elevado e o preço à vista de energia 60% menor podem ser listados como os principais temas que devem ser discutidos após o resultado, apontam os analistas.

Cabe destacar que, na semana passada, a companhia informou que a produção de petróleo e gás natural no Brasil caiu 3,5% no segundo trimestre comparado ao primeiro, somando 2,757 milhões de barris diários de óleo equivalente (boe/d), contra 2,856 milhões boe/d registrados no primeiro trimestre de 2020.

Na avaliação do Bradesco BBI, o Ebitda deve recuar 34% no comparativo anual, para R$ 18 bilhões, com o efeito-petróleo e também pela menor utilização das refinarias, sendo parcialmente compensado por um aumento anual de produção. “A expectativa é de que os resultados do segundo trimestre mostrem o pior momento em termos do impacto do Covid-19, com todas as empresas do setor apresentando números fracos”, ressaltam os analistas.

Contudo, tanto Credit Suisse quanto BBI apontam que o “pior parece ter ficado para trás”. O Credit lembra que, a cada valorização de US$ 5 dólares o barril, o Ebitda da empresa avança em US$ 3 bilhões. “Trabalhamos com Ebitda de US$ 25 bilhões em 2020 (com o brent a US$ 41 o barril em média) e de US$ 31 bilhões em 2021 (US$ 50 o barril em média)”, destacam, apontando que continuam otimistas com o case de investimento na companhia.

O BBI, por sua vez, tem recomendação equivalente à compra para os ativos PETR4 e recentemente elevou o preço-alvo dos ativos para R$ 36, o que configura um potencial de valorização de 58% em relação ao fechamento de terça-feira (28).

Confira o que esperar para o resultado da Petrobras, segundo média compilada pela Refinitiv/Reuters:

Dados da Petrobras (em R$ milhões) 2T19 2T20E 2T20E/2T19
Lucro líquido 18.866 -5.182
Ebitda ajustado 32.651 20.246 -38%
Margem Ebitda 44,9% 36,9% -8 p.p.
Receita líquida 72.567 54.798 -24,5%

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.