Ação da Gol desaba mais de 5% no dia do vencimento de dívida; Petrobras e bancos caem até 3,5% e Energias do Brasil salta 6,6%

Confira os destaques da B3 na sessão desta segunda-feira (31)

Lara Rizério

(Divulgação)

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A sessão foi de queda praticamente generalizada para o Ibovespa, acentuada no final da sessão em meio à apresentação do Orçamento de 2021 pelo governo no final da tarde desta segunda-feira (31).

O maior destaque de baixa ficou para as ações da Hypera (HYPE3, R$ 31,65, -5,92%), sendo seguidas pelas ações da Gol (GOLL4, R$ 17,89, -5,74%). Além da forte alta do dólar, de 1,20%, a R$ 5,4807 na venda, os papéis da companhia aérea foram afetados com a notícia de que ela tem até hoje para pagar empréstimo de US$ 300 milhões garantido pela Delta. Em junho, a Gol disse que não haveria negociação em curso para adiar o pagamento.

As ações das últimas empresas que divulgaram resultados na temporada do segundo trimestre também registraram movimentos distintos na sessão desta segunda. Os papéis do IRB (IRBR3, R$ 7,13, -4,93%), que teve um prejuízo de R$ 685,1 milhões no período, ante um lucro líquido de R$ 397,5 milhões um ano antes, chegaram a ter perdas de 7,33% no início da sessão, amenizaram as quedas, mas ainda fecharam em baixa expressiva (veja mais sobre o balanço clicando aqui).

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Por outro lado, os ativos da Energias do Brasil (ENBR3, R$ 18,69, +6,62%) subiram forte, fechando em alta superior a 6%: a companhia divulgou o resultado, mas os investidores ficam de olho principalmente na nova política de dividendos, prevendo a distribuição de 25% do lucro líquido reportado, 50% do lucro ajustado, ou R$ 1 por ação.

Entre as poucas ações do Ibovespa que subiram mais de 1% na sessão destaque ainda para Via Varejo (VVAR3, R$ 20,50, -1,38%), Fleury (FLRY3, R$ 26,10, +1,05%), Marfrig (MRFG3, R$ 17,80, +1,02%) e Usiminas (USIM5, R$ 10,15, +1%).

Já as ações da Eletrobras (ELET3, R$ 35,51, -5,28%;ELET6, R$ 35,89, -4,45%) voltaram a registrar queda, em meio ao cenário conturbado para a privatização da companhia. Diante da percepção de indisposição da Câmara dos deputados em tratar do assunto, membros do governo passaram a estudar alternativas para fazer a privatização da Eletrobras avançar. Hoje, um caminho em discussão seria iniciar os debates pelo Senado Federal. Mas há obstáculos regimentais importantes ainda não superados.

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“Há questões jurídicas em torno disso. Para iniciar um processo de privatização, é preciso que a proposta seja apresentada pelo Poder Executivo. E uma proposta do Executivo começa obrigatoriamente pela Câmara dos Deputados. É preciso encontrar alguma brecha para que essa proposta inicie no Senado”, observa Erich Decat, analista político da XP Investimentos, no podcast Frequência Política, do InfoMoney. Confira clicando aqui. 

Enquanto isso, os ativos da Petrobras (PETR3, R$ 22,32, -3,42%; PETR4, R$ 21,89, -2,88%) caíram forte. Além do noticiário doméstico conturbado, os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa nesta segunda, com piora considerável na reta final da sessão, em meio à lenta recuperação da demanda global pela commodity e ao aumento da produção nos Estados Unidos.

O contrato do WTI para outubro fechou em queda de 0,84%, a US$ 42,61 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro caiu 1,16%, a US$ 45,28 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Os preços iniciaram o dia em alta, sustentados pela contínua desvalorização do dólar. No entanto, os contratos trocaram de sinal depois que a Administração Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês) do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) informou que a produção de petróleo no país avançou 4,2% em junho ante maio, a 10,4 milhões de barris por dia (bpd). O aumento preocupa porque pode levar ao desequilíbrio do mercado, por conta da demanda reprimida, como resultado das restrições impostas pelo coronavírus. Vale (VALE3) também teve queda, de 2,13%, a R$ 59,79.

Outras blue chips, como as ações de bancos como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 23,55, -3,60%), Bradesco (BBDC3, R$ 19,03, -4,52%; BBDC4, R$ 20,74, -3,40%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,65, -2,22%) e Santander (SANB11, R$ 28,28, -3,42%) também caíram forte na sessão, monitorando o risco fiscal.

Confira os destaques:

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
ENBR3 6.61723 18.69
VVAR3 1.38477 20.5
FLRY3 1.0453 26.1
MRFG3 1.02157 17.8
USIM5 0.99502 10.15

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
HYPE3 -5.91558 31.65
GOLL4 -5.74289 17.89
ELET3 -5.28141 35.51
COGN3 -5.15807 5.7
IRBR3 -4.93333 7.13

IRB (IRBR3, R$ 7,13, -4,93%)

O mercado reagiu hoje aos dados trimestrais do IRB, que divulgou na sexta-feira o resultado do segundo trimestre. A companhia teve um prejuízo de R$ 685,1 milhões no período, ante um lucro líquido de R$ 397,5 milhões um ano antes.

Segundo a empresa, o prejuízo é explicado por despesas com sinistros maiores que as normais e efeito de desvalorização cambial. Os prêmios emitidos somaram R$ 2.543,6 bilhões, o que representa um avanço ante o resultado de R$ 2,355 bilhões um ano antes.

O Credit Suisse esperava um lucro de R$ 118 milhões para a empresa, e destacou o índice de sinistralidade total de 135%, bem acima do esperado. Segundo o banco, o mercado deve reagir ao resultado de forma negativa devido à perspectiva de menor lucratividade.

No primeiro trimestre, o índice de sinistralidade era de 76%; no segundo trimestre de 2019, era de 58%. “Segundo a empresa, a direção agora está no processo de revisar contratos não lucrativos, o que pode afetar o crescimento do prêmio e a sinistralidade no curto prazo, mas também pode melhorar a lucratividade no longo prazo.” Confira mais sobre o resultado clicando aqui. 

O conselho de administração ainda homologou nesta segunda-feira aumento de capital privado no valor de R$ 2,3 bilhões, com a emissão de 331.890.331 ações para subscrição privada a R$ 6,93 por papel.

Em leilão especial na B3 para venda das sobras das ações não subscritas no aumento de capital no último dia 28 foram vendidas 8.383.542 papéis, ao preço de R$ 7,05 por ação, totalizando R$ 59,1 milhões. “O valor adicional de R$ 1.006.025,04, obtido com a venda das sobras de ações não subscritas, será destinado à formação de reserva de capital, em conta de ágio na subscrição de ações”, apontou a resseguradora.

EDP (ENBR3, R$ 18,69, +6,62%)

Outro resultado que repercute é o da EDP Energias do Brasil. A empresa reportou lucro líquido de R$ 237,2 milhões no segundo trimestre, alta de 25,5% sobre o resultado do mesmo período de 2019. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) avançou 5,5% para R$ 586,4 milhões.

A receita líquida consolidada somou R$ 2,6 bilhões, queda de 2,8%. De acordo com o Credit Suisse, o resultado foi fraco, mas isso já era esperado em função dos efeitos da Covid-19. No entanto, o banco destacou que estes efeitos foram parcialmente compensados pelo eficiente controle de custos.

A empresa anunciou ainda um programa de recompras de até 4,1% das ações, num montante de 24,8 milhões de ações. A política de dividendos também foi alterada, prevendo a distribuição de 25% do lucro líquido reportado, 50% do lucro ajustado, ou R$ 1 por ação. A empresa se comprometeu a manter a Dívida Líquida/EBITDA Ajustado entre 2,5 vezes e 3 vezes, com o limite mínimo de 2 vezes.

Já o Itaú BBA avaliou o resultado como positivo, e disse esperar uma reação favorável do mercado neste pregão, em função do anúncio de recompra e da nova política de dividendos. Segundo o banco, o Ebitda ajustado de R$ 526 milhões veio em linha com a sua estimativa, enquanto o lucro líquido ajustado superou as expectativas.

Renova Energia (RNEW11, R$ 9,30, +1,53%)

A Renova Energia, em recuperação judicial, teve prejuízo líquido de R$ 51,4 milhões no segundo trimestre de 2020, 88% menor frente à perda de R$ 426,5 milhões registrada no mesmo período de 2019.

Segundo a companhia, a redução do prejuízo foi causada pela queda nos custos, pela revisão de provisão de despesas administrativas e pelo aumento do resultado de equivalência patrimonial. Além disso, a empresa destacou que houve um impairment (ajuste contábil) no ano anterior, que impactou negativamente os resultados.

O Ebtida somou R$ 37,2 milhões (positivo), ante um Ebitda negativo de R$ 334,25 milhões no mesmo intervalo de 2019. A receita operacional líquida foi de R$ 11,2 milhões, queda de 28% na comparação anual.

Fertilizantes Heringer (FHER3, R$ 2,93, -1,01%)

A Fertilizantes Heringer registrou prejuízo líquido de R$ 47,1 milhões no segundo trimestre deste ano, informou a companhia na sexta-feira. O prejuízo é 147% maior do que o verificado em igual período do ano passado, de R$ 19 milhões. Segundo a Heringer, o resultado foi motivado principalmente pela despesa financeira da variação cambial das dívidas de longo prazo. Isso, porém, não tem efeito no caixa da empresa.

A receita líquida aumentou 54% na mesma comparação, para R$ 293,8 milhões. A companhia atribuiu esse desempenho a um aumento de 53% no volume e a uma leve alta dos preços praticados em relação aos custos.

Gol (GOLL4, R$ 17,89, -5,74%)

O mercado acompanha o caso da Gol, que tem até hoje para pagar um empréstimo de US$ 300 milhões garantidos pela ex-sócia Delta Air Lines, segundo a Reuters. Se a Gol não pagar, a Delta teria que honrar a dívida em nome da empresa.

Segundo a agência de notícias, as agências de rating dizem ser “provável” que a Gol não pague a dívida.

Mas, assim como a Gol, a operadora com sede em Atlanta, que disse em julho estar queimando US$ 27 milhões por dia nos EUA, tem pouco dinheiro para gastar devido à pandemia do coronavírus.

B3 (B3SA3, R$ 58,80, -3,64%)

A B3 vai pagar R$ 140 milhões para encerrar o caso com a Spread Corretora. O acordo encerra litígio com a massa falida da Spread Corretora, segundo comunicado da B3.

O risco de perda era classificado como provável, e montante provisionado era de R$ 379 milhões em junho. O principal objeto da reclamação, por parte da Spread, estava relacionado a direito relacionados a títulos patrimoniais da BM&F, correspondentes, atualmente, a 4,9 milhões de ações da B3.

Arco Educação (ARCO)

A Arco anunciou a compra de 100% da Escola da Inteligência. Primeiro, a empresa vai comprar 60% da companhia por R$ 288 milhões. Os outros 40% serão pagos somente no segundo trimestre de 2023. O negócio está sujeito à aprovação do Cade. A Arco espera concluir a transação até o final do ano.

Para o Credit Suisse, a notícia é positiva. O preço pago implica um múltiplo de EV/ACV (Valor de mercado/ valor de contrato anual) de 6 vezes e um EV/Ebitda de 12,5 vezes. Segundo o banco, a Arco deve continuar a entregar resultados fortes nos próximos anos. “Embora a compra eleve a alavancagem para 3,5 vezes, isso não é uma preocupação devido à forte posição de caixa e fluxo de caixa sólido.” A recomendação para Arco foi mantida em outperform (desempenho acima da média do mercado).

Já o Itaú BBA destacou a compatibilidade estratégica das duas operações. Segundo o banco, o modelo de negócios e receitas da Escola da Inteligência é similar ao da Arco. O Morgan Stanley avaliou o negócio como atrativo, e destacou que a empresa está usando novas tecnologias e processamento de dados para melhorar os resultados acadêmicos.

Aço

O governo dos Estados Unidos decidiu reduzir a cota de importações de aço semi-acabado brasileiro. A medida altera um limite estipulado em 2018, mas a nova cota ainda não foi detalhada. Segundo o Morgan Stanley, a empresa que tem uma exposição relevante a esta cota é a Ternium, que tem um contrato com a Calvert para entregar. Mesmo assim, o banco destacou que o efeito sobre a Ternium será limitado.

O Credit Suisse destacou que as siderúrgicas exportam menos de 5% do volume total para os Estados Unido. Além disso, o banco destacou que o estímulo é temporário e que as principais exportadoras locais são Arcelor Mittal e CSA.

Klabin (KLBN11, R$ 25,70, -1,80%)

O Itaú BBA elevou a recomendação de Klabin para Outperform. Segundo o banco, o potencial de alta vem do projeto Puma II, que deve começar em meados de 2021 e tem potencial para gerar um Ebtida adicional de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões (quando chegar a plena capacidade, em 2025).

O preço-alvo para a companhia em 2021 foi estipulado em R$ 31. Para 2020, o preço-alvo é de 23. Segundo relatório, o Puma II pode destravar um valor de R$ 4,4 bilhões para a companhia.

Light (LIGT3, R$ 15,13, -1,88%)

O Bradesco BBI atualizou suas estimativas para a Light, com preço-alvo de R$ 18 por ação em 2021. Para 2020, o preço-alvo é de R$ 13. O banco manteve rating neutro.

Em relatório, o BBI afirmou que a empresa teve melhorias operacionais recentemente, com cortes de custos, enquanto a demanda tem se recuperado no Brasil. Em sua visão, os riscos relativos à pandemia estão praticamente concluídos.

CCR (CCRO3, R$ 13,33, -0,82%)

A CCR divulgou dados sobre o tráfego nas rodovias sob sua administração na semana de 21 a 27 de agosto. Houve uma queda de 0,5% na comparação com a mesma semana de 2019. Desconsiderando a ViaSul, a queda foi de 6%. Já no acumulado do ano, o tráfego total recua 5,9%.

Sabesp (SBSP3, R$ 47,75, -4,84%)

A Sabesp informou na sexta-feira que fará um resgate antecipado aos detentores de títulos com vencimento em 2020, chamados 6,250% Notes due 2020. O resgate será no montante de US$ 350 milhões, equivalente ao valor total do das Notas existentes. Segundo a empresa, o resgate está em linha com a sua estratégia de redução da exposição cambial. A liquidação financeira do resgate ocorrerá em 30 de setembro de 2020.

Apple (AAPL34) e Tesla (TSLA34)

As ações da Apple  e da Tesla serão negociadas a valores mais baixos a partir da sessão desta segunda-feira na Nasdaq em meio ao desdobramento de suas ações.

Na última sexta-feira (28), os papéis da Apple fecharam a sessão a US$ 499,23, enquanto as ações da montadora de carros elétricos Tesla fecharam a US$ 2.213,40, com forte alta de suas ações em meio ao rali das empresas de tecnologia.

Os papéis da Apple terão desdobramento de um para quatro, enquanto os da Tesla serão desdobrados na proporção de um para cinco. Assim, iniciarão o pregão desta segunda negociadas a cerca de US$ 124,80 e US$ 442,68, respectivamente. Veja mais clicando aqui. 

(Com Bloomberg e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.