Ações de Magalu (MGLU3) e Via (VIIA3) são impulsionadas por resultado de Mercado Livre e fecham com salto de até 12%

Varejistas sobem com a percepção de que o varejo on-line continua robusto, apesar da reabertura das lojas físicas; queda dos DIs também impactaram

Mitchel Diniz

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) passaram o dia entre as principais altas do Ibovespa impulsionadas pelos resultados de uma concorrente: o Mercado Livre (MELI34). Os números da gigante do e-commerce desaceleraram, mas foram classificados como “robustos” pelos analistas e indicam que a situação do varejo on-line é melhor do que se esperava. Outro detalhe é que o resultado foi impulsionado em boa parte pelas vendas no Brasil, mercado que corresponde a mais da metade do faturamento do Mercado Livre.

As ações do Magazine Luiza fecharam com disparada de 12,27% a R$ 12,42. Os papéis da Via subiram 10,79% a R$ 7,29.Os balanços das duas empresas estão previstos para a semana que vem. Via divulgará o resultado na próxima quarta-feira (10) e o Magazine Luiza logo no dia seguinte (11). Americanas (AMER3), que também divulga seus números na próxima semana (dia 11), também teve ganhos, ainda que mais modestos, de 6,59% para os ativos AMER3, a R$ 34,95, enquanto [ativo=LAME4] teve alta de 7,42%, a R$ 6,08.

Com a retomada gradual da economia e reabertura das lojas físicas, havia dúvidas se as vendas pela internet seriam capazes de manter o fôlego que apresentaram ao longo da pandemia. O volume de vendas (GMV) do Mercado Livre na América Latina chegou a US$ 7,3 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de aproximadamente 30% em relação ao ano passado. As receitas ficaram em US$ 1,8 bilhão no período. A empresa não informa quanto cada região faturou, mas afirma que a receita líquida em dólares no Brasil aumentou em 57% na comparação anual. Em reais, a cifra mais que dobrou, crescendo 112%.

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O aumento das receitas junto com um maior controle das despesas fez com que o Mercado Livre obtivesse lucro líquido de US$ 95,2 milhões, volume seis vezes maior que o reportado um ano antes.

A empresa fechou setembro com uma base de 78,7 milhões de usuários únicos, o que representa um aumento de 3,4% em 12 meses. O volume total de pagamentos feito pelo Mercado Pago cresceu 59% somando US$ 20,9 bilhões de dólares. Os empréstimos concedidos pela empresa alcançaram mais de US$ 1 bilhão, volume 3 vezes maior do que um ano antes. A companhia ainda afirma que a escassez de chips tem tido algum impacto nas vendas de terminais de pagamentos (POS) do Mercado Pago, mas que está buscando normalizar a situação buscando mais fornecedores para o equipamento.

O Itaú BBA viu os resultados do Mercado Livre como positivos. Os dados sobre faturamento bruto estão em linha com os analistas da casa e o lucro Ebitda foi uma surpresa positiva. Assim, o banco diz que vê espaço para que a empresa eleve a monetização de sua plataforma, o que encara como um catalisador para os resultados especialmente bons do terceiro trimestre de 2021.

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O Bradesco BBI avaliou os resultados do MercadoLibre como sólidos, com crescimento decente por todo o negócio. Os indicadores-chave de desempenho (KPIs) são forte no segmento de marketing, diz o banco, especialmente em se tratando de logística, o que deve fazer com que a empresa mantenha sua liderança em mercados-chave.

Após os resultados, o Morgan Stanley manteve previsões sobre a receita, mas elevou em 15% sua estimativa para o lucro Ebitda em 2021 e em 9% a relativa a 2022. A previsão para GMV recuou 1%. A previsão para o valor total de pagamentos avançou 5%. O preço-alvo é de US$ 2.420, frente à cotação de quinta na Nasdaq, de R$ 1556,49, e a avaliação é overweight (expectativa de valorização acima da média do mercado).

“Estamos entrando num processo de maturação da base, em que o principal objetivo é fidelizar clientes, estimulando-os a fazerem mais transações que rendam receitas”, disse à Reuters o vice-presidente de estratégia, desenvolvimento corporativo e de relações com investidores do Mercado Livre, André Chaves.

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Segundo o executivo, uma vez que o foco das empresas de negócios digitais se move para reter clientes e torná-los transacionais de forma rentável, o Mercado Livre deve ter vantagens comparativas, uma vez que seu esforço nos últimos trimestres para ampliar sua estrutura logística lhe permitirá ganhos de escala e maior controle de custos.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destacou que, além dos resultados de pares e concorrentes vindo mais fortes do que o esperado, como foi o caso também da varejista Arezzo (ARZZ3), que reportou os seus números essa semana, há outro fator de destaque.

“O dia foi mais favorável na curva de juros, hoje em queda. Isso aliviaria uma projeção de vendas futuras das varejistas, que utilizam a modalidade de crédito a prazo”, apontou.

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Já sobre os resultados das outras companhias, Cruz ressaltou que certamente alivia a pressão nas empresas em um momento que investidores desconfiam de um Black Friday e Natal mais fracos.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados