Ações da Oi (OIBR3) fecham em alta de quase 11% com expectativa por reunião da Anatel na sexta sobre venda dos ativos móveis

Análise da operação de venda dos ativos para rivais TIM, Claro e Vivo antecede o tão esperado julgamento do Cade, que pode ocorrer em fevereiro

Lara Rizério Mitchel Diniz

Publicidade

As ações da Oi (OIBR3;OIBR4) registram uma sessão de alta na B3 nesta quinta-feira (27), com as duas classes de ativos chegando a ter ganhos no intraday superiores a 10%. Os papéis OIBR3 avançaram 10,99%, a R$ 1,01, e os ativos OIBR4 tiveram ganhos de 10,74%, a R$ 1,65.

No radar da companhia, está o tão esperado avanço na venda dos ativos móveis da companhia para as suas concorrentes TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro. A parte de telefonia móvel da operadora em recuperação judicial foi arrematada em leilão judicial por R$ 16,5 bilhões, no final de 2020.

Às 10h (horário de Brasília) da próxima sexta-feira (28), o conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) analisa a operação nesta sexta-feira em reunião extraordinária, podendo representar mais um passo para a alienação do ativo.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O parecer de análise da transação será apresentado pelo relator Emmanoel Campelo, sendo submetido em seguida à votação. Há a possibilidade de adiamento da decisão com pedido de vista de outro integrante da diretoria da agência reguladora.

A operação também precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa de aprovação pela autarquia, por sinal, movimentou as ações na semana passada.

Os papéis da Oi chegaram a saltar 15% no dia 18 de janeiro com a possibilidade de que o Cade analisasse a operação em sessão extraordinária no último dia 26, o que não se concretizou. Porém, a expectativa é de que o Conselho antitruste analise a operação em breve.

Continua depois da publicidade

Em breve análise, o Bank of America destacou esperar que o Cade aprove a transação entre as companhias em meados de fevereiro, enquanto também espera a concessão da anuência prévia à operação pela Anatel na sessão de amanhã.

Sem cobertura para as ações da Oi, o BofA reiterou recomendação de compra para os papéis da TIM com preço-alvo de R$ 17 (ou potencial de valorização de 34% em relação ao fechamento da véspera). A recomendação para a América Móvil, controladora da Claro no Brasil, cuja ação é negociada na Bolsa mexicana, também é de compra. Os analistas reforçam que ambas as empresas devem ser as principais beneficiárias do negócio, já que TIM e Claro devem receber, respectivamente, 40% e 32% da base de clientes da Oi.

Já para Telefônica Brasil a recomendação é neutra, com preço-alvo em R$ 50, ou potencial de valorização de 4,6%.

Expectativas para o Cade

Com relação ao Cade, independentemente da data, o analista Ricardo Schweitzer destacou em entrevista ao Radar InfoMoney na semana passada (veja no vídeo abaixo) que acredita que o Conselho deva impor algumas restrições para mitigar o risco de concentração de mercado da operação, mas avalia que as chances da compra não ser aprovada são mínimas.

Schweitzer explicou que a Oi deve embolsar em breve o valor da compra dos ativos, ganhando capacidade para sair da recuperação judicial e tocar suas operações, que serão focadas em telefonia fixa e banda larga.

Essa nova empresa, sem a parte de telefonia móvel, já está sendo apelidada de “Mini Oi”. “Uma empresa pouco endividada, com um braço de infraestrutura como sócio estratégico [a V.tal, de fibra óptica] e um braço próprio B2C”, afirma o analista.

Para Schweitzer, essa conjuntura poderia, enfim, destravar valor para as ações da companhia. “A partir do momento em que a empresa sai da recuperação judicial, ela se torna elegível para o investimento de uma série de investidores institucionais, como os fundos e volta para o radar. Porém, o desafio da empresa, depois de pagar suas dividas, é apresentar melhoras operacionais”, disse ele.

Entre os desafios da Oi pós-recuperação judicial, estão a expansão da base de assinantes da banda larga, um segmento que demanda investimentos e está bastante competitivo. Schweitzer lembra que provedores regionais se capitalizaram ao longo dos últimos anos, acirrando a disputa. “Paralelo a isso, a Oi precisará conseguir mais contratos para a V.Tal, de integração de provedores e 5G, para rentabilizar mais esses ativos”, explica o analista.

Procurando uma boa oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.