Ações da Petrobras (PETR3;PETR4) fecham em leve baixa após pregão volátil, com falas de Lula e petróleo no radar

Presidenciável afirmou que estatal não deve seguir paridade internacional de preços e que política só beneficia "acionistas de Nova York"

Vitor Azevedo

Edifício da Petrobras (Shutterstock)

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As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam em leve queda na sessão desta terça-feira (22), após um pregão bastante volátil para os ativos.

Os ativos PETR3 fecharam em queda de 1,55%, a R$ 36,27, enquanto os papéis PETR4 tiveram baixa ainda menos expressiva, de 0,32%, a R$ 33,74.

A sessão começou com ganhos para as ações da companhia, acompanhando os preços do petróleo em meio à tensão entre Rússia e Ucrânia. Na máxima do dia, o contrato futuro do brent, referência da commodity para a Petrobras, com vencimento em abril chegou aos US$ 99,50, fazendo com que os ativos ON subissem até 2,17% e os PN tivessem alta de 2,45%.

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Contudo, uma combinação de desaceleração dos preços da commodity (ainda que em alta) e o noticiário político fez as ações caírem no início da tarde, chegando a ter baixa de até 2,82% para os papéis ordinários e de 1,89% para os ativos preferenciais.

O petróleo se afastou das máximas do dia mas, ainda assim, o brent para abril fechou com alta de 1,52%, para US$ 96,84 por barril; WTI para abril avançou 1,88%, a US$ 91,91.

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Os ativos passaram a cair também após falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atual primeiro colocado para ocupar o planalto em 2022.

Em entrevista a uma rádio de Minas Gerais, Lula voltou a afirmar que caso ocupe a presidência a Petrobras não mais irá implementar preços seguindo a paridade internacional. De acordo com o presidenciável, tal política beneficia apenas “acionistas de Nova York” e o dinheiro dos dividendos devia ser investido no Brasil.

“Destruíram a indústria de óleo e gás, a naval e a de engenharia a troco de beneficiar grandes multinacionais de petróleo, que nunca aceitaram o fato de o Brasil ter descoberto o pré-sal”, disse. “Não podemos aceitar essas histórias de que temos internacionalizar o preço dos combustíveis. Não há justificativa para essa medida a não ser concentrar riqueza na mão dos muitos ricos”.

Presidenciável já havia criticado política de preços anteriormente

No final de janeiro, em entrevista à Rádio Liberal, do Pará,  Lula criticou a atual gestão da companhia, apontando que está sendo “desmontada”.

“Nossas refinarias poderiam estar produzindo muito mais gasolina e não estão. Estamos com uma ociosidade por volta de 20 a 30%. E agora estamos importando gasolina dos Estados Unidos. Não temos que estar preocupados com o lucro. Por que em vez de pagar dividendos para acionistas a gente não investe em refinarias?”, comentou.

Disse ainda que “os combustíveis não podem continuar subordinados a preços internacionais”. “A minha preocupação não é com acionista de Nova York. A minha preocupação é com o povo brasileiro. Se a gente não tivesse petróleo, tudo bem, mas a gente tem”, afirmou então.

Em 3 de fevereiro, ele voltou a falar sobre a Petrobras, apontando que não manterá o preço dos combustíveis vinculado ao dólar, como ocorre atualmente com a política de preços praticada pela estatal.

“Nós não vamos manter o preço dolarizado. Eu acho que os acionistas de Nova York, os acionistas do Brasil, têm direito de receber dividendos quando a Petrobras der lucro, mas é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro”, disse em uma entrevista para a Rede de Rádios do Paraná (RDR).

Falas de Lula deixam investidores cautelosos quanto a papel da Petrobras

Para Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo, as ações caem com investidores temendo que Lula imponha suas vontades sobre a companhia. “É uma vontade que resulta em problemas para o caixa da empresa e que também é insustentável no longo prazo”, explica.

“O Brasil não é autossuficiente em petróleo. Nosso petróleo não é tão bom quanto o que vem de fora, que são mais fáceis de refinar”, comenta. “O Brasil tem problemas em suas refinarias e quando há a importação de petróleo vindo de fora é necessário fazer a transformação da commodity”.

Segundo ele, o processo da Petrobras de formação de preços dos combustíveis é complicado e a companhia, ao contrário do que é pregado, tem sim de importar a commodity. “Não dá para falar uma coisa dessa pois está na cara que o caixa da empresa não vai fechar no positivo. A Petrobras pode voltar a ser o que era no passado: uma das maiores empresas do mundo na questão do endividamento”, comenta.

Durante o governo Dilma Roussef, também do PT, houve a iniciativa de interferir na política de preços da Petrobras. Em 2014, após a implementação da política, a companhia chegou a ter uma dívida bruta de US$ 160 bilhões – que hoje, após uma reestruturação, diminuiu para cerca de US$ 60 bilhões.

“Além da Petrobras, as falas de Lula levantam a ideia de que essas interferências possam acontecer em outras estatais. Afinal, o que inibiria o Lula de fazer intervenções em outras empresas?”, explica Franchini. “Está deixando claro que irá intervir em uma das maiores empresas do Brasil. O mercado liga o sinal do alerta”, comenta o sócio da Monte Bravo.

Em fevereiro, o Bradesco BBI foi no mesmo sentido, afirmando-se reticente com as ações da Petrobras e declarando um “fique por enquanto” para os investidores.

A conclusão dos analistas do banco é que se nada mudar nas políticas atuais sob um próximo governo as ações da estatal podem valer R$ 58 por ação (US$ 21 por ADR), o que representa uma valorização de 71,8%, algo que beneficiaria esse cenário para eles, porém, é o petróleo se mantendo em preços estáveis, algo que não está acontecendo por conta das tensões entre Rússia e Ucrânia.

Em um cenário adverso, porém, o BBI vê as ações podendo recuar para R$ 19,5 (US$ 7 por ADR), contra R$ 33,66 por volta das 14h do pregão desta terça.

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