4 ações sobem mais de 20% e 4 papéis caem mais de 10%: as maiores altas e baixas do Ibovespa em julho

Petroleiras foram destaque de ganhos, mas Méliuz encerra mês com a maior alta do período; já Gol e Azul são maiores baixas

Lara Rizério

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Apesar da volatilidade registrada nas últimas sessões, o Ibovespa conseguiu engatar o seu quarto mês seguido de alta, fechando julho com ganhos de 3,27% e perto dos 122 mil pontos.

A alta de commodities e a expectativa pela queda de juros guiaram esse movimento, com o segundo ponto devendo se concretizar na quarta-feira (2), próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Entre as maiores altas do Ibovespa, estiveram ações de petroleiras e construtoras, enquanto as aéreas se destacaram entre as maiores quedas, mas ainda acumulando ganhos expressivos no ano. Apenas quatro ações caíram mais de 10%, enquanto 4 delas subiram mais de 20%.

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Confira os destaques:

Maiores altas

Méliuz (CASH3): alta de 27,14%

As ações do Méliuz tiveram um mês de recuperação, com o mercado de olho na queda de juros pelo Copom esta semana e com previsões de recuperação das atividades da companhia.

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A sessão de destaque foi do dia 14 de julho, quando os papéis saltaram 15,37%.

O movimento ocorreu após o BTG Pactual reiterar recomendação de compra para os papéis da companhia e destacar que ela foi “esquecida” no último rali, com queda de 40% no acumulado do ano (até o fechamento do dia 13 de julho), enquanto o Ibovespa subia quase 9% no período.

Os analistas do BTG Pactual destacam terem participado de uma reunião com o diretor executivo (CEO) da companhia, Israel Salmen, e outros executivos nesta semana, apontando que a empresa deve, no segundo semestre, começar a colher frutos do seu acordo com o BV e de uma melhora do cenário macro.

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“O acordo comercial, através do qual o BV atuará como parceiro financeiro do Méliuz, deve render resultados significativos a partir da segunda metade do ano”, disse o time, chefiado por Ricardo Buchpiguel.

PRIO (PRIO3) e 3R (RRRP3): saltos de 23,03% e 19,10%

Os investidores repercutem a alta dos preços do petróleo, que na semana passada registraram sua quinta semana consecutiva de ganhos, com os investidores otimistas de que a demanda saudável e os cortes na oferta manterão os preços sustentados.

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Ao mesmo tempo, analistas vêm destacando que a PRIO se destacando como a favorita de analistas no setor de óleo e gás.

Neste mês, o Bank of America reiterou preferência pela ação e elevou o preço-alvo de R$ 54 para R$ 55, citando Albacora Leste – bem como e o inicio da operação do campo Wahoo em 2024, que pode levar a companhia a saltar para 140 mil barris diários. Fora isso, o fim da tributação sobre as exportações de petróleo também foi mencionado.

Os analistas também estão de olho na temporada de resultados, com a PRIO divulgando seus números no dia 2 e 3R no dia 8 de agosto.

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Para a PRIO, a XP espera que a companhia reporte resultados fortes mais uma vez, impulsionados por aumentos sequenciais de produção (quase +50% no trimestre, com um trimestre cheio de Albacora Leste e números fortes do campo de Frade).

A queda nas receitas em relação ao trimestre anterior é explicada por menores embarques de petróleo (-2% na base trimestral), preços da commodity mais baixos e quase um trimestre inteiro de impactos de impostos de exportação de petróleo (os analistas estimam um custo de cerca de US$ 30 milhões). “No geral, acreditamos que neste trimestre a PRIO deve apresentar outro recorde de baixa no custo de extração (cerca de US$ 9 o barril), empurrando a margem Ebitda para cima (73% versus 72% no 1T23)”, avaliam.

Já para a 3R, a grande novidade para este trimestre será o Cluster Potiguar (ao lado de seus ativos downstream) aparecendo nos resultados da empresa, o que os analistas veem que ajudará a aumentar a Receita Líquida e o Ebitda, apesar dos custos de transição e preços mais baixos do Brent como ventos contrários no trimestre.

Além dos volumes, eles acreditam que os melhores preços realizados no Complexo Recôncavo e Papa-terra devem ser os destaques positivos deste trimestre, com o Custo de Produtos Vendidos (CPV) caixa do Complexo Potiguar no lado negativo.

Os resultados de Clara Camarão devem ficar próximos de zero, devido aos custos de transição e giro de estoque. No geral, estimamos um aumento trimestral em Ebitda ajustado de cerca de 30%, mas ainda com uma margem relativamente baixa (25%) que deve crescer nos próximos trimestres com o aumento da produção e redução dos custos de transição.

Carrefour Brasil (CRFB3) sobe 22,50%

As ações do Carrefour registram uma recuperação, mas ainda caem no acumulado do ano. No fim do mês, a companhia divulgou seu resultado, registrando baixa de 95,2% no lucro líquido ajustado no segundo trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado, saindo de R$ 600 milhões para R$ 29 milhões.

De acordo com a varejista, o resultado foi impactado pelo impacto financeiro de sua integração com o Grupo BIG.

Porém, as ações reagiram positivamente ao balanço.

“Os resultados de Carrefour Brasil no segundo trimestre foram fracos, com uma dinâmica macro ainda desafiadora e continuação das tendências de baixa lucratividade no BIG. No entanto, os números superaram todas as nossas expectativas”, avalia o Itaú BBA.

Segundo os analistas do banco, os pontos positivos do resultado incluíram: um aumento de 0,8 ponto porcentual (p.p) na margem (rentabilidade) bruta em relação ao ano anterior no braço de Atacarejo, impulsionado por melhores negociações com fornecedores, após a integração do Grupo BIG; a maturação gradual das lojas convertidas, com a margem Ebitda (ou Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita) atingindo o ponto de equilíbrio (de -5,6% em 2022); tendências saudáveis de lucratividade nas lojas orgânicas do Atacarejo; e melhoria na dinâmica de geração de fluxo de caixa (alívio de caixa de R$ 2,5 bilhões em relação ao trimestre anterior).

“Se essas tendências continuarem nos próximos trimestres, o Carrefour poderá apresentar um melhor momento operacional. Diante das baixas expectativas do mercado para os resultados da empresa no período, não descartamos uma reação marginalmente positiva da ação no pregão”, avaliaram os analistas do BBA em análise antes da abertura do mercado.

A XP também viu o Carrefour Brasil reportando resultados acima das suas estimativas no 2T23, principalmente por uma melhor dinâmica de rentabilidade, mas também de faturamento. Contudo, as recomendações para ambas é equivalente à neutra.

MRV (MRVE3) em alta de 20,14%

A MRV (MRVE3) registrou mais um mês de ganhos. Diversos bancos têm elevado as suas projeções após a oferta de ações que levantou R$ 1 bilhão para a companhia, entre outras medidas para reduzir a alavancagem, além de apontarem dias mais positivos com o Minha Casa Minha Vida (MCMV).

No fim do mês, o Goldman Sachs elevou a recomendação para ações da construtora de venda para neutro, graças às recentes medidas de redução de alavancagem adotadas pela empresa (oferta subsequente e vendas de imóveis multifamiliares nos EUA), que ajudaram a mitigar os riscos financeiros.

O Bradesco BBI também atualizou suas estimativas após a conclusão da oferta de ações da MRV e outras medidas positivas, mantendo classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e elevando preço-alvo de R$ 16 para R$ 20 (ou upside de 41%), sendo R$ 15,00 referente às operações da MRV Brasil e R$ 5,00 da Resia.

Os analistas do BBI veem a MRV como a ação com o maior potencial de valorização em uma reclassificação em sua cobertura de baixa renda, combinando um desconto significativo para pares em Preço (P)/ Valor Patrimonial (BV) – negociando a 1,2 vez o P/BV, contra pares entre 1,9 vez (Direcional DIRR3) e 4,9 vezes (Cury CURY3).

Além disso, vê opcionalidades positivas tanto no Brasil (potencial de alta esperado para 2024 sob as novas regras do MCMV + programa Pode Entrar , ainda sem estar nas projeções do banco) quanto nos EUA (os analistas ainda veem o mercado excessivamente cético em relação às perspectivas para Resia).

Ainda em destaque, a Cyrela (CYRE3) aparece como uma das preferidas dos analistas, mesmo entre aqueles que mostram preferência para baixa renda. A ação não figurou entre as cinco maiores altas, mas se destacou na sexta posição, com ganhos de 18,33%.

Em meados de julho, a companhia divulgou sua prévia operacional do segundo trimestre de 2023. As vendas líquidas contratadas neste trimestre somaram R$ 2,491 bilhões, valor 54% superior ao registrado no 2T22 (R$ 1,622 bilhão) e 61% acima do 1T23 (R$ 1,545 bilhão). A participação da companhia nas vendas contratadas foi de 81% no 2T23, inferior aos 86% do mesmo trimestre do ano anterior e acima do 1T23 (75%). Na sessão pós-divulgação da prévia, as ações saltaram 8,69%.

A empresa lançou 17 empreendimentos no período, totalizando valor geral de vendas (VGV) de R$ 2,537 bilhões (participação própria), crescimento de 190% no trimestre e 52% no ano e superando a projeção de crescimento de 38%. Nos seis primeiros meses de 2023, os lançamentos da companhia totalizaram R$ 3,412 bilhões em VGV, 44% superior ao mesmo período do ano passado.

Com base na prévia operacional forte, os analistas do Credit Suisse acreditam que a Cyrela reportará uma receita superior ao esperado, o que sustentara um forte balanço. “Esperamos uma receita líquida de R$ 1,65 bilhão (alta de 14% versus o  consenso) e uma ligeira expansão da margem bruta (+140 pontos-base na comparação trimestral para 32%, 20 pontos-base acima do consenso). Assim, o lucro líquido pode totalizar R$ 230 milhões (+50% na base anual).

Confira as maiores altas do Ibovespa em julho:

Empresa Ticker  Preço Variação percentual
Méliuz CASH3 R$ 9,93 +27,14%
PRIO PRIO3 R$ 45,62 +23,03%
Carrefour CRFB3 R$ 13,72 +22,50%
MRV MRVE3 R$ 13,90 +20,14%
3R RRRP3 R$ 35,55 +19,10%

Maiores baixas

Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) caem, respectivamente, 26,88% e 19,03%

Após se destacarem entre os maiores ganhos do primeiro semestre de 2023, as ações de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) amargaram as maiores quedas do Ibovespa em julho, o que também evidencia a forte volatilidade dos ativos.

Na primeira metade do mês, o Goldman Sachs cortou a recomendação das ações da Gol de compra para neutro, devido ao desempenho positivo dos ativos, enquanto manteve Azul com recomendação neutra.

Nesse contexto, analistas comentaram que estão mais seletivos na cobertura de companhias aéreas e preferindo balanços mais fortes e posicionamento competitivo entre as empresas da América Latina (Copa e Volaris).

Já na semana passada, a Gol divulgou seu resultado, superando as projeções com melhora das margens.

Entre abril e junho deste ano, a Gol conseguiu reverter um prejuízo bilionário registrado um ano antes. A companhia lucro líquido de R$ 556,3 milhões. No segundo trimestre de 2022, a cifra tinha ficado negativa em R$ 2,968 bilhões.

Conforme o esperado pelos analistas, o balanço da Gol foi em parte beneficiado pela desvalorização do dólar e uma queda no preço dos combustíveis, o que responde a 40% dos custos da companhia. Assim, a companhia conseguiu reduzir suas despesas em relação a um antes e sua receita por assento cresceu.

Contudo, na ocasião, o JPMorgan manteve sua avaliação underweight, exposição abaixo da média do mercado, ou equivalente à venda, para o papel GOLL4, por calcular que o ativo está sendo negociado a múltiplos superiores à média de seus pares na América Latina.

A Genial também tem recomendação equivalente à venda para GOLL4, enquanto manteve recomendação de manutenção para Azul, por ver a última companhia em uma posição mais resiliente.

A Azul divulgará seus resultados no próximo 10 de agosto. Cabe destacar que a companhia divulgou resultado de sua reestruturação de dívida, o que foi visto como positivo, mas também gerou algumas considerações sobre os valores de rendimentos pagos aos detentores dos títulos.

CVC (CVCB3) em baixa de 15,10%

As ações da CVC registraram forte queda na Bolsa apesar de um mês de julho aparentemente “calmo” no noticiário da companhia de turismo, mas com as atenções novamente se voltando para os números a serem apresentados para o segundo trimestre de 2023. Os resultados serão conhecidos no próximo dia 8 de agosto, após o fechamento do mercado.

Cabe destacar ainda que, em 23 de junho, a companhia de turismo precificou sua oferta pública de distribuição primária de ações, com bônus de subscrição, em R$ 3,30 por papel, mediante à emissão de 166.666.666 milhões de novas ações ordinárias da companhia, considerando a colocação das ações adicionais, totalizando aproximadamente R$ 550 milhões.

A Guide apontou que a oferta deveria pressionar as ações da CVC no curto prazo, com a projeção de que o preço de tela fosse para o preço da oferta de R$ 3,30 – atualmente a ação está a R$ 2,98.

A casa de research, contudo, destacou a necessidade da companhia de otimizar sua estrutura de capital, considerando seu alto endividamento, sua necessidade de capital de giro e sua elevada queima de caixa apresentada nos últimos trimestres.

Locaweb (LWSA3) cai 13,64%

A Locaweb também devolveu boa parte dos ganhos anuais em julho, fechando o período em queda, ainda que subindo 6,44% em 2023. No fim do mês passado, a ação da empresa esteve no rol das que tiveram a recomendação cortada após um forte desempenho recente com o cenário de queda de juros no radar.

No dia 26 do mês passado, o JPMorgan cortou a recomendação de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutra, com avanço de 63% nos últimos três meses até então.

“Não estamos fazendo mudanças nas projeções operacionais em nosso modelo e mantemos nosso preço-alvo de R$ 9 para dezembro de 2023, que apresenta upside limitado neste momento”, apontaram os analistas do banco na ocasião.

Os analistas destacaram que a Locaweb cumpriu suas promessas de melhoria de margem, especialmente no curto prazo. As margens das empresas adquiridas aumentaram em todos os trimestres desde o 1T22, passando de -11,9% no 4T21 para -1,2% no 1T23, principalmente impulsionado por uma boa evolução na receita, bem como alguma consolidação de pequenas empresas.

Já para o segundo trimestre, com os números sendo apresentados em 11 de agosto, o Itaú BBA apontou que, após o resultado do primeiro trimestre e mesmo vendo forte compromisso da Locaweb em entregar margem (rentabilidade), a visão é que os resultados do segundo trimestre não mostrarão sinais de melhoria substancial na expansão da empresa.

“Com um crescimento pouco inspirador, o bom momento visto nos últimos dois meses dificilmente continuará. Dada a nossa expectativa de crescimento mais suave no segundo trimestre e um efeito de carregamento para o restante de 2023, decidimos revisar nossa estimativa de receita para o crescimento anual da empresa em cerca de 6%, uma mudança que flui para o lucro líquido e resulta em uma revisão para baixo do lucro por ação de 19%”, avaliam os analistas do banco, que possuem recomendação equivalente à neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 7,50.

“Seguimos com a recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para LWSA3, uma vez que, como destacamos, será necessária uma melhoria consistente no momento (especialmente crescimento) para nos tornarmos mais positivos na história”, avaliam os analistas.

Braskem (BRKM5) cai 8,83%

A novela sobre a compra da fatia da Novonor na Braskem (BRKM5) e o quanto isso seria benéfico (ou não) para os ativos da companhia são pontos que seguem no radar do mercado, assim como as tentativas para impedir essa venda.

Além disso, no fim do mês, empresa anunciou um acordo firmado com a prefeitura de Maceió para o pagamento de R$ 1,7 bilhão referente ao acidente geológico de Alagoas, dos quais R$ 700 milhões já foram provisionados. O acordo ainda precisa de homologação judicial.

Soma-se a isso a notícia, de acordo com um artigo da Bloomberg desse mês, de que o TCU deve suspender a venda da petroquímica devido a preocupações de que novos custos de indenização relacionados a Alagoas possam acabar sendo pagos pela Petrobras (o segundo maior acionista). O artigo afirmoiu que esses custos precisam ser mais bem estimados para que a venda seja aprovada.

Embora o acordo entre a BRKM e a prefeitura de Maceió seja positivo para a empresa, pois encerra mais uma negociação prolongada, o BTG Pactual apontou em relatório valor adicional de R$ 1 bilhão (5% do valor de mercado), que precisa ser provisionado, o que pode continuar prejudicando a capacidade do investidor de avaliar adequadamente o fim desse imbróglio.

“Lembramos que ainda existem outras frentes de discussões judiciais com o estado de Alagoas e a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) que podem chegar a R$ 2,5 bilhões (13% do valor de mercado)”, aponta.

Já em relação à eventual suspensão do processo de venda da BRKM pelo TCU, ainda não está fortemente convencido de que isso possa ocorrer no curto prazo, aponta.

Cabe destacar ainda que, durante o mês, o JPMorgan cortou a recomendação das ações para neutra, por conta do valuation e também vendo demora na recuperação nos preços dos petroquímicos.

Confira as maiores altas do Ibovespa em julho:

Empresa Ticker  Preço Variação percentual
Gol GOLL4 R$ 9,63 -26,88%
Azul AZUL4 R$ 17,70 -19,03%
CVC CVCB3 R$ 2,98 -15,10%
Locaweb LWSA3 R$ 7,41 -13,64%
Braskem BRKM5 R$ 25,40 -8,83%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.