A inflação é um fantasma que assombra os governantes e assusta a população do mundo inteiro. Quando os preços dos produtos e serviços sobem mais do que o dinheiro pode comprar significa que a inflação corroeu uma boa parcela do poder de compra da moeda. Por isso mesmo, inflação é o termo na economia de mais fácil compreensão mundialmente, pois se reflete diretamente na vida das pessoas e pode desarrumar a política econômica do país.

O que é inflação

Inflação é o aumento geral continuado de preços de produtos e serviços ao longo de um um período. É, talvez, um dos termos econômicos mais populares no país e no mundo e também de mais fácil compreensão, pois afeta diretamente tanto a política econômica como as finanças pessoais. Ela diminui o poder de compra das famílias, distorce os preços relativos e reduz o padrão de vida dos indivíduos.

É aferida por meio de índices de preços. No Brasil, a inflação oficial é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizado pelo Banco Central no sistema de metas de inflação.

Quais são os tipos de inflação

Inflação de oferta

Também chamada de Inflação de custos, ocorre quando há aumento nos custos de produção, enquanto a demanda permanece estável. Pressão para cima no preço de insumos básicos, como petróleo, energia elétrica, água, transportes, salários, encargos trabalhistas, por exemplo, obrigam o repasse da alta aos preços finais para o consumidor.

Com a elevação dos custos de produção, a tendência também é de o empresariado reduzir a produção, consequentemente, a oferta, o que também provoca pressão nos preços. Um exemplo clássico dessa distorção foi a crise hídrica que assolou o país em 2021, reduzindo a capacidade de produção de energia nas hidrelétricas, fonte principal de geração de eletricidade no país, obrigando o acionamento de usinas termoelétricas, o que elevou o custo de produção de energia.

Inflação estrutural

Está relacionada diretamente à Inflação de oferta. Ocorre em cenários onde há dificuldade de se adquirir a estrutura necessária para a produção, tendo como consequência a expectativa de venda futura do produto a um preço mais elevado.

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O conceito, desenvolvido por economistas ligados à Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), prega que esse processo inflacionário está relacionado a alguma questão específica de mercado, como pressão sindical, tabelamento de preços acima do salário mínimo, entre outras distorções econômicas.

A crise desencadeada pela greve dos caminhoneiros, manifestação que provocou o caos na circulação de insumos importantes, como combustíveis, além de mercadorias, entre as quais alimentos e medicamentos, pode ser considerada um exemplo determinante de inflação estrutural.

O direcionamento a exportação de produtos nacionais em detrimento do abastecimento do mercado interno, em função de câmbio favorável ou de oportunidades no mercado internacional, também é um fato de pressão de alta estrutural de preços.

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Inflação de demanda

É caracterizada pelo aumento da procura por bens e serviços, acima da capacidade de as empresas atenderem à demanda. É deflagrada em momentos de crescimento econômico, que incentiva o consumo das massas sem que haja contrapartida adequada da capacidade de produção.

Geralmente, ocorre quando a economia está a pleno emprego, e as pessoas conseguem aumentar a renda média, demandando produtos e serviços que não tinham capacidade econômica de consumir com a renda anterior. O excesso de procura em relação à oferta disponível desencadeia o aumento de preços e, consequentemente, a elevação das taxas de inflação.

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Inflação inercial

Acontece quando a memória inflacionária persiste no mercado. Os preços não caem ou sobem, muitas vezes, por causa de mecanismos de indexação que reajustam os valores dos contratos pela inflação passada.

Também há situações de insegurança do mercado quando, por receio ou expectativa de que a inflação futura será mais elevada, agentes econômicos reajustam antecipadamente preços de produtos e serviços antes mesmo da ocorrência de algum fator que justifique a majoração. Os preços, mesmo sem motivo aparente, acabam não caindo, mantendo-se nos mesmos patamares, com base na inflação do período anterior, ou sobem, baseados na expectativa de a inflação seguinte ser maior.

Hiperinflação

É o fenômeno econômico em que há um aumento desenfreado dos preços, diariamente. Tecnicamente, considera-se em hiperinflação uma economia cujas taxas médias de variação de preços de bens e serviços ultrapassem os 50% mensais. Pode ser apenas por um período curto de tempo ou de forma mais continuada.

A hiperinflação corrói drasticamente o poder de compra da população, gera queda no Produto Interno Bruto (PIB), causando recessão econômica e desemprego. O fenômeno compromete os investimentos e, consequentemente, o crescimento, o desenvolvimento e a credibilidade do país. Além disso, provoca a perda de confiança da população em relação a sua própria moeda. Muitas vezes, incentivando a reserva de poupança em moeda forte estrangeira, distorcendo ainda mais a economia.

A hiperinflação penaliza, de forma perversa, as camadas mais pobres da população, assalariados, que têm pouco ou nenhum acesso a mecanismos de proteção da moeda, e veem seus proventos perdendo o poder de compra diariamente, diante da implacável majoração de preços por parte da indústria e do comércio, sobretudo de itens da cesta básica.

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Embora distante no passado, esse fenômeno econômico ainda está vivo na memória de parte da população brasileira, que testemunhou a taxa de inflação no Brasil atingir níveis astronômicos, entre o final das décadas de 1980 e início de 1990. Em março de 1990, o IPCA registrou a sua maior taxa mensal, que foi de 82,39%. Em termos de comparação, a menor taxa do IPCA, 0,68%, foi apurada em julho de 2022.

Estagflação

É o fenômeno em que, mesmo com o crescimento econômico baixo ou nulo, os preços não param de subir. Junção de estagnação + inflação resulta da combinação atípica de recessão e aumento do desemprego com taxas altas de inflação, por conta de outros fatores que pressionam a economia.

Esse fenômeno simultâneo, que pode durar anos, contraria aspectos fundamentais da economia. Com um baixo nível de atividade econômica, causado pela recessão, o esperado é a queda nas taxas de inflação, e não a alta, tendo em vista a redução da demanda, pelo aumento do desemprego.

O termo, cunhado em discurso do político britânico Iain Macleod, em meados da década de 1960, ganhou notoriedade por conta da crise do petróleo na década de 1970.

Mais recentemente, voltou à tona, passando a preocupar o mundo, com o risco de mais um período de estagflação mundial, desta vez, em decorrência das distorções econômicas provocadas pela crise sanitária da covid-19 e pelos reflexos da guerra na Ucrânia.

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