Quando começam as discussões sobre economia, finanças ou investimentos, muito se ouve falar sobre a taxa Selic.
Tudo parece, em algum grau, estar relacionado com ela – e isso é verdade mesmo. A Selic é tão importante para a economia e para o funcionamento do mercado financeiro que deve ser compreendida em detalhes por quem investe ou quer começar a investir.
O que é a taxa Selic?
A taxa Selic representa os juros básicos da economia brasileira. Os seus movimentos influenciam todas as taxas de juros praticadas no país, tanto nos empréstimos e financiamentos quanto nos investimentos.
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, um ambiente administrado pelo Banco Central. Neste sistema, as instituições financeiras fazem empréstimos de curtíssimo prazo entre si com garantia de títulos públicos federais.
Essas operações servem exclusivamente para cumprir a determinação do Banco Central de que todas as instituições encerrem o dia com o caixa positivo. A taxa média dessas operações diárias equivale à taxa Selic.
Selic Over
A Selic Over se refere ao tipo de operação que descrevemos acima – quando um banco empresta dinheiro para o outro cobrir o caixa. O nome vem de “overnight”, uma operação de curtíssimo prazo que se fazia na época de inflação altíssima no Brasil, antes dos anos 1990.
Selic Meta
Mas o que interessa de fato para o investidor é a Selic Meta, que é a taxa definida pelo Copom. Ou seja, quando se fala que os juros subiram ou caíram, a referência é à Selic Meta – e é sobre ela que falaremos daqui para frente.
Qual a taxa Selic hoje?
Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano. Ela foi mantida neste patamar na última reunião do Copom, que aconteceu nos dias 17 e 18 de setembro de 2025.
Qual o impacto da Selic?
Como principais efeitos da taxa Selic sobre a vida financeira dos brasileiros, podemos destacar:
Impacto no crédito
Como vimos, a taxa Selic é uma referência para o custo das linhas de crédito em geral.
Quando ela é elevada, a tendência é de que empréstimos e financiamentos fiquem mais caros – ou seja, que bancos e outras instituições financeiras cobrem juros mais altos nessas operações. Já quando a Selic diminui, acontece o movimento contrário: os juros do crédito ficam mais baratos.
Impacto no consumo
Crédito e consumo andam lado a lado. Quando os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, naturalmente o nível de consumo tende a diminuir, já que o custo dos produtos e serviços aumenta também.
Por isso, a tendência é de que uma elevação da Selic cause uma redução das compras, em maior ou menor grau, a depender da magnitude da alta. Por outro lado, quando a Selic cai, o consumo tende a aumentar.
Impacto nos investimentos
De modo geral, uma elevação da Selic beneficia os investimentos de renda fixa, que oferecem uma remuneração baseada em juros. É o caso dos títulos públicos do governo federal, dos tradicionais CDBs emitidos pelos bancos, das letras de crédito, das debêntures, entre outras opções.
Todos esses papéis tendem a ter uma rentabilidade maior em tempos de Selic em alta. Do mesmo jeito, quando a taxa é reduzida, o mesmo acontece com o retorno deles.
Já a renda variável acaba perdendo atratividade com a Selic em patamares elevados. Teoricamente, juros altos desestimulam o investidor a correr riscos como o da bolsa ou de fundos arrojados, por exemplo, pois ele pode ter um bom ganho na renda fixa.
É claro que isso não é uma regra, pois alguns ativos de renda variável podem se beneficiar de uma Selic relativamente alta. Alguns exemplos são ações de bancos e seguradoras, pois o resultado desses setores depende diretamente da taxa de juros.
Quando e como é definida a Selic?
Quem define a Selic “meta” é o Comitê de Política Econômica (Copom), órgão do Banco Central formado pelo seu presidente e por alguns diretores.
O Copom se reúne a cada 45 dias para decidir que Selic “meta” vai vigorar no próximo mês e meio. As reuniões seguem um calendário definido no ano anterior e, em geral, duram dois dias.
Segundo o Banco Central, em cada um desses encontros os participantes assistem a apresentações técnicas, discutem sobre as perspectivas para a economia brasileira e global, avaliam as condições de liquidez e ainda, o comportamento dos mercados.
Os membros do Copom votam sobre os rumos da Selic “meta” somente depois de receber e analisar todas essas informações, além de considerar os principais riscos e potencialidades do cenário macroeconômico à frente. A decisão do Copom é divulgada no mesmo dia, por meio de um comunicado na internet.
A Selic é um dos elementos centrais da estratégia de política monetária do Brasil, que está baseada em um sistema de metas de inflação.
Criado em 1999, esse sistema determina que o país adote medidas para manter a inflação dentro de uma faixa fixada periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional no Brasil. O objetivo é assegurar a estabilidade da economia e evitar que os preços fujam de controle, como já aconteceu em décadas passadas, antes do Plano Real.
Selic alta
A quantidade de dinheiro que circula na economia impacta diretamente a inflação. Quanto mais recursos estiverem disponíveis, mais as pessoas estarão propensas a consumir. E quando a população aumenta a demanda por produtos e serviços, é natural que os preços subam. O contrário também é verdadeiro.
É aí que entra a taxa de juros como principal ferramenta de política monetária para controlar o volume de dinheiro em circulação. Quando a economia está aquecida e os preços começam a subir a ponto de comprometer a meta de inflação, a Selic é elevada.
Com juros mais altos, fica mais caro consumir e tomar crédito, não só para a população, mas também para as empresas e para o próprio governo. Isso desestimula os gastos e ajuda a controlar os preços.
Selic baixa
Já a Selic baixa é tomada em períodos de inflação sob controle, ou quando a economia precisa de um impulso para não entrar em recessão. Nessas situações, o governo reduz a Selic para estimular o consumo e reaquecer a atividade econômica.
Calendário do Copom 2025
| Reunião do Copom | Divulgação da Ata |
| 28 e 29 de janeiro | 4 de fevereiro |
| 18 e 19 de março | 25 de março |
| 6 e 7 de maio | 13 de maio |
| 17 e 18 de junho | 24 de junho |
| 29 e 30 de julho | 5 de agosto |
| 16 e 17 de setembro | 23 de setembro |
| 4 e 5 de novembro | 11 de novembro |
| 9 e 10 de dezembro | 16 de dezembro |
Calendário do Copom 2026
| Reunião do Copom | Divulgação da Ata |
| 27 e 28 de janeiro | 3 de fevereiro |
| 17 e 18 de março | 24 de março |
| 28 e 29 de abril | 5 de maio |
| 16 e 17 de junho | 23 de junho |
| 4 e 5 de agosto | 11 de agosto |
| 15 e 16 de setembro | 22 de setembro |
| 3 e 4 de novembro | 10 de novembro |
| 8 e 9 de dezembro | 15 de dezembro |