Varejo decepciona, IBC-Br e China animam: os dados da economia que surpreenderam os investidores na semana

Dados da semana mostraram tendência contrária no Brasil; já a China, apesar de mostrar desaceleração, apresentou outros números que tranquilizaram mercado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Esta sexta-feira (17) marcou uma semana que se iniciou com indicadores ruins, mas que termina com dados bons não só para a economia brasileira, como também para a economia chinesa, que ajudaram a dar ânimo para os investidores brasileiros.

No final da semana passada, saíram os dados da indústria de novembro, que interrompeu de forma generalizada a trajetória de alta e teve uma queda de 1,2% na base mensal, mostrando que a recuperação da economia brasileira não seria fácil.

Na terça (14), saíram os dados de serviços, que apresentaram queda de 0,1% na base mensal, também abaixo das expectativas, sendo coroada com os números de varejo. Estes últimos subiram 0,6% frente ao mês anterior, na sétima alta consecutiva, mas bem abaixo da alta de 1,2% esperada  em um mês marcado pela liberação de recursos do FGTS e pela Black Friday.

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Esse conjunto de dados colocou em dúvida o potencial de recuperação da economia brasileira e aumentou a aposta pelo corte de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 5 de fevereiro, com economistas até vendo chances de que o ciclo de cortes se estendesse no encontro de 18 de março.

Os números apresentados até então contrastaram com o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), considerado prévia do PIB, que registrou alta de 0,18% em novembro na comparação mensal; o resultado ficou acima da queda de 0,05% esperada pelo mercado.

O indicador foi influenciado negativamente pelos resultados mais fracos da industria, serviços e comércio varejista em novembro, mas sustentado pelo setor de construção civil, que apresentou expansão de 0,8% na base mensal.

O PIB real ainda está 6,1% abaixo do pico do ciclo de dezembro de 2013 e apenas 5,6% acima do nível de dezembro de 2016 (tornando a recuperação cíclica mais fraca já registrada).

“A atividade real deverá ser apoiada pelo ambiente de inflação baixa (que está sustentando a renda dos salários reais), crescimento do emprego, fluxos de crédito e taxas de juros em declínio, mas ainda há uma folga significativa no mercado de trabalho e a confiança do consumidor segue em baixa”, destaca Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs. Ele aponta que a economia continua a operar com um alto grau de ociosidade e o progresso em direção à consolidação fiscal continua sendo essencial para ancorar o sentimento do mercado.

Neste sentido, a XP Investimentos destaca que o resultado levemente acima do esperado, a despeito dos dados mais fracos em novembro, corrobora a mensagem de recuperação gradual da atividade econômica brasileira.

Porém, aponta a equipe de análise, em relação à política monetária, o bom resultado do IBC-Br não deve suficiente para compensar os resultados mais fracos dos principais indicadores em novembro. “Assim, acreditamos que o BC deva entregar mais um corte de 0,25 ponto percentual na Selic em fevereiro”, avaliam.

Já o Itaú Unibanco destacou em relatório que, com a projeção de inflação controlada (alta esperada de 3,3% em 2020,  incorporando menores reajustes em preços administrados), a expectativa é de um corte de 0,25 p.p. em fevereiro e outro de igual magnitude em março,  levando a taxa Selic para o nível final de 4,0%.

China anima

Mas, para além da economia brasileira, os dados da China também animaram. O crescimento econômico do gigante asiático, que desacelerou durante a maior parte do ano passado, manteve-se firme no trimestre final em meio à atenuação de tensões comerciais com os Estados Unidos, o que o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático a uma expansão de 6,1% no ano cheio de 2019. Ainda assim, foi o ritmo de crescimento mais lento em quase três décadas e uma desaceleração em relação ao avanço de 6,6% registrado em 2018.

Mas outros dados animaram mais: a produção industrial chinesa avançou 6,9% na comparação anual de dezembro, acelerando de um aumento de 6,2% em novembro. O avanço de dezembro superou a mediana das projeções de 15 analistas consultados pelo Wall Street Journal, de alta de 5,9%.

Já as vendas no varejo saltaram 8,0% no mês passado em relação a dezembro de 2018, repetindo o aumento de 8,0% de novembro e batendo as projeções de crescimento de 7,8%. Enquanto isso, os investimentos em ativos fixos nas áreas urbanas avançaram 5,4% no ano cheio de 2019, superando as projeções de economistas.

Para tanto, houve arrefecimento de infraestrutura e do setor imobiliário, mas os investimentos na indústria aceleraram, sugerindo melhores perspectivas para o segmento após o acordo com os EUA.

“Levando em conta esses resultados e os demais conhecidos nesta semana, parece que a transição para este ano será mais tranquila, diminuindo os riscos de surpresas negativas com o crescimento deste ano. O PIB deverá avançar 5,8% em 2020 e o governo chinês continuará estimulando a economia ao longo do primeiro trimestre, observando como será a reação após a assinatura da Fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos, que representa a remoção de importante incerteza”, avalia a equipe do Bradesco BBI.

Porém, nesta sexta, um dado decepcionou: a produção industrial nos Estados Unidos, que caiu 0,3% em dezembro de 2019, perante o mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). A expectativa era de uma baixa de 0,2%.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.