Novo presidente da Argentina defende libertação de Lula e eleva risco de atrito com Bolsonaro

Embora Alberto Fernández tenha feito comentários semelhantes durante a campanha, a decisão de a mencionar o assunto após as eleições abre novo risco

Bloomberg

(Twitter/Alberto Fernández)

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(Bloomberg) — Alberto Fernández prepara o terreno para sua primeira disputa diplomática antes mesmo de assumir o cargo de presidente argentino. Uma hora após sua vitória nas eleições, ele pediu que Luiz Inácio Lula da Silva seja libertado da prisão.

Fernandez disse a seus apoiadores em Buenos Aires que Lula foi preso injustamente. Embora ele tenha feito comentários semelhantes durante a campanha, a decisão de voltar a mencionar o assunto após as eleições abre um risco de atrito com o presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro, em uma viagem à Ásia e ao Oriente Médio, lamentou a vitória de Fernández, dizendo que não vai parabenizar o presidente eleito, mas também não se voltará contra ele, segundo a Folha de S.Paulo.

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Em vez disso, o líder brasileiro disse que prefere esperar um pouco para ver o que seu colega argentino realmente fará ao assumir o cargo, segundo o jornal.

Fernández, cuja vitória coloca o Peronismo de volta ao poder nacional na Argentina, visitou Lula na prisão em Curitiba, em julho. Enquanto isso, Bolsonaro alertou que o Brasil poderia deixar o Mercosul caso a Argentina se mova para a esquerda após as eleições.

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Análise

“Bolsonaro foi franco contra Fernández ao longo da campanha. O ministro da Economia, Paulo Guedes, defende mais abertura comercial e sugeriu no passado que isso seria mais fácil fora do Mercosul.

A vitória de Fernández pode fornecer um incentivo político adicional para Bolsonaro buscar mais independência do bloco.

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Menos proximidade com seu principal parceiro comercial seria uma má notícia para a Argentina – já que impulsionar as exportações é uma das melhores esperanças do país para gerar os dólares de que necessita”, destaca Adriana Dupita, economista para América Latina da Bloomberg Economics

Mercosul engloba Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O bloco chegou recentemente a um acordo comercial com a União Europeia após 20 anos de negociações. O Brasil possui superávit comercial com a Argentina.

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