IPCA sobe 1,06% em abril, maior alta para o mês desde 1996

Índice oficial de inflação do Brasil foi puxado pelas altas da gasolina e do leite longa vida; Consenso Refinitiv projetava alta mensal de 1,0%

Lucas Sampaio

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o índice oficial de inflação do país, subiu 1,06% em abril na comparação com março e ultrapassou os 12% no acumulado em 12 meses, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (11).

Foi a maior alta para o mês desde 1996 (1,26%), há 26 anos, com um resultado puxado por alimentação, bebidas e transporte (principalmente gasolina e leite longa vida). Com isso, o IPCA acumula alta de 4,29% no ano e de 12,13% nos últimos 12 meses (acima dos 11,30% de março).

O indicador ficou praticamente em linha com as expectativas do mercado, pois o consenso Refinitiv projetava uma alta mensal de 1,0% e anual de 12,07%.

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Os 12,13% de inflação acumulada nos últimos 12 meses é a maior desde outubro de 2003 (13,98%) e mais que o triplo da meta do Banco Central para 2022 (que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos).

Mas o IPCA de abril veio abaixo do de março, que subiu 1,62% e foi o maior resultado para o mês desde 1994 (e acima do esperado). Já O IPCA-15, que é uma prévia do IPCA, havia subido 1,73% em abril, a maior alta para o indicador desde 1995 e a maior variação mensal desde fevereiro de 2003.

Inflação e Selic

O número foi divulgado um dia após a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), documento em que o Banco Central reconheceu que há uma deterioração na dinâmica inflacionária do Brasil apesar do ciclo “bastante intenso e tempestivo” de ajuste nos juros.

Na tentativa de combater a inflação elevada, o BC elevou a Selic na semana passada em mais 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano, e diz ser provável uma extensão do ciclo de alta da taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, em junho (mas em uma intensidade menor).

A Selic estava em 2% ao ano no começo de 2021, e a alta de 10,75 pontos porcentuais em pouco mais de um ano já é o ciclo de aperto monetário mais intenso do Brasil desde 1999. Na ata do Copom, os diretores do BC destacaram que a forte alta de juros ainda não foi sentida completamente e pode afetar a atividade econômica acima do previsto.

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Alimentos, bebidas e transportes

Os principais impactos da inflação em abril vieram de alimentação e bebidas e de transportes e os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA, segundo o IBGE. O grupo alimentos e bebidas teve a maior variação (+2,06%) e o maior impacto no índice (0,43 ponto percentual), seguido de perto pelo de transportes (+1,91% e 0,42 ponto percentual).

Em alimentos e bebidas, a alta foi puxada por alimentos para consumo no domicílio (+2,59%) e por uma alta de mais de 10% no leite longa vida (que sozinho impactou o índice em 0,07 ponto percentual). Outras altas relevantes foram a da batata-inglesa (+18,28%), do tomate (+10,18%), do óleo de soja (+8,24%), do pão francês (+4,52%) e das carnes (+1,02%).

Em transportes, a alta foi puxada principalmente pelo aumento nos preços dos combustíveis, que continuaram subindo (alta de 3,20% e impacto de 0,25 ponto percentual no IPCA de abril). O destaque negativo foi novamente a gasolina (+2,48%), produto com maior impacto positivo no índice no mês (0,17 ponto percentual).

André Almeida, analista da pesquisa do IBGE, diz que alimentos e transportes “já haviam subido no mês anterior e continuaram em alta em abril” e destacou que “a gasolina é o subitem com maior peso no IPCA (6,71%), mas os outros combustíveis também subiram”. “O etanol subiu 8,44% e o óleo diesel, 4,74%”.

A alta de 4,74% do diesel em abril não considera o reajuste de 8,9% no combustível anunciado pela Petrobras na segunda-feira (9), e a nova alta vai pressionar o IPCA de maio.

Energia elétrica

Houve ainda aceleração da inflação nos grupos saúde e cuidados pessoais (+1,77%) e artigos de residência (+1,53%). O único a apesentar retração nos preços foi habitação (-1,14%), pois os demais grupos ficaram entre a valorização de 0,06% de educação e a de 1,26% de vestuário.

O grupo habitação (-1,14%) foi o único a apresentar variação negativa em abril devido à queda nos preços da energia elétrica (-6,27%), com o fim da bandeira tarifária escassez hídrica na metade do mês. Ela foi substituída pela bandeira verde, que não tem cobrança extra na conta de luz.

A queda nos preços de habitação não foi maior devido a altas no gás de botijão (+3,32%) e no gás encanado (+1,38%).

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.