Credit Suisse corta projeção do PIB do Brasil em 2020 para zero

Cenário base do banco prevê recessão no primeiro semestre, com contrações de 0,1% no primeiro trimestre e de 1,6% no segundo

Anderson Figo

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SÃO PAULO — Diante da escalada do coronavírus, o Credit Suisse cortou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 de 1,4% para zero.

O cenário base do banco, agora, prevê uma recessão no primeiro semestre de 2020, com contrações de 0,1% no primeiro trimestre (sobre o trimestre anterior) e de 1,6% no segundo trimestre.

“O desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre de 2020 foi menos afetado pelos impactos do coronavírus, uma vez que o país foi um dos últimos a apresentar a propagação da doença”, disse o banco em relatório.

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“Consequentemente, o impacto do surto de coronavírus em indicadores econômicos não foi relevante entre janeiro e fevereiro, mostrando os primeiros sinais negativos apenas na primeira quinzena de março”, completou.

O Credit disse que está assumindo uma projeção de recuperação da atividade econômica no segundo semestre deste ano. No entanto, o banco frisou que “não é possível descartar uma recessão mais significativa, dependendo do tempo que o governo levar para conter o impacto negativo do vírus.”

Para o banco, a resposta da política econômica anticíclica deve ser mais restrita agora do que na crise financeira global de 2008. “Enquanto na época o governo usou a política monetária e fiscal para reagir aos efeitos da crise, o momento atual indica uma capacidade limitada de usar as duas ferramentas.”

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O Credit enfatizou que a taxa de juros já está em um nível expansionista, limitando o espaço para fortes estímulos monetários.

“Por causa da situação deteriorada das contas fiscais, o governo está se concentrando em antecipação de pagamentos públicos ao setor privado e em adiar pagamentos de impostos do setor privado ao governo. Como resultado, a maior parte dessas medidas fiscais não representa novos gastos”, avaliou.

Sobre o pacote fiscal anunciado pelo ministro Paulo Guedes (Economia), de R$ 147,3 bilhões, o banco disse que ele ajuda empresas com dificuldades financeiras e reforça investimentos no setor da saúde.

“Apesar do menor espaço para estímulos fiscais e monetários em comparação com a última crise global, vemos as instituições financeiras privadas com um sólido balanço patrimonial e um sistema financeiro capitalizado, o que deve reduzir a probabilidade de contágio do setor financeiro”, concluiu o Credit.

Cortes em massa

Também nesta terça-feira (17), outro banco cortou sua projeção para o PIB do Brasil em meio ao surto global de coronavírus. Foi o Santander, que passou a prever crescimento de 1% em 2020, frente aos 2% esperados anteriormente. 

Na semana passada, o UBS, o Bradesco e o Bank of America já haviam anunciado uma redução em suas perspectivas de crescimento da atividade brasileira neste ano.

O BofA cortou a projeção do PIB de 1,9% para 1,5% em 2020, e de 3,5% para 2,5%, em 2021. Já o UBS estima que a economia brasileira cresça 1,3% neste ano, ante expectativa anterior de 2,1%.

Para 2021, o banco vê uma expansão do PIB de 3,2%, frente aos 2,8% projetados anteriormente. O Bradesco vê um crescimento de 2% para a economia brasileira em 2020 — antes, a estimativa era de 2,5%.

O próprio Ministério da Economia reduziu na semana passada a projeção oficial para o crescimento do PIB em 2020 no Brasil, de 2,40% para 2,10%.

De acordo com documento divulgado pelo órgão, a economia brasileira tem mostrado sinais de continuidade do processo de recuperação do crescimento.

Há, contudo, um sentimento de cautela decorrente das incertezas do ambiente internacional e as consequentes revisões de expansão dos países desenvolvidos e emergentes.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.