Coronavírus: UBS, Bradesco e BofA revisam projeções para a economia brasileira

Devido à grande exposição do Brasil à China e às commodities, país está entre os mais sensíveis ao choque econômico, dizem bancos

Mariana Zonta d'Ávila

SÃO PAULO – O aumento das preocupações e das incertezas relacionadas aos efeitos do surto de coronavírus sobre as economias mundiais estão levando instituições financeiras a revisar seus cenários-base para o Brasil neste e no próximo ano. É o caso do Bank of America, do Bradesco e do UBS.

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O aumento no número de casos de contágio ao redor do mundo, somado a uma intensa reação de investidores nos mercados, poderá ter fortes impactos negativos no crescimento econômico global – e o Brasil não sairá ileso.

Pelo contrário, devido à alta exposição do país à China e aos preços das commodities, o Brasil está entre os países mais sensíveis ao choque provocado pelo Covid-19. Essa é avaliação do Bank of America, que revisou sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1,9% para 1,5% em 2020, e de 3,5% para 2,5%, em 2021.

“O Brasil é uma economia relativamente fechada, mas as revisões para baixo para o crescimento de economias como a chinesa, americana e europeia, seus principais parceiros comerciais, irá impactar as exportações e o investimento indireto”, escreveu o BofA, em relatório divulgado nesta quarta-feira (11).

A opinião é compartilhada pelo UBS, que vê o Brasil crescendo menos por conta do “fenômeno global” do coronavírus. De acordo com o banco suíço, a maior parte da queda no crescimento deve ficar concentrada no segundo trimestre, por conta de um severo aperto das condições financeiras. Uma recuperação econômica na China no segundo trimestre, contudo, beneficiaria o Brasil a partir de setembro.

Com as mudanças nas projeções, o UBS estima que a economia brasileira cresça 1,3% neste ano, ante expectativa anterior de 2,1%. Já para 2021, o banco vê uma expansão do PIB de 3,2%, ante 2,8% anteriormente.

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Em relatório publicado nesta quarta, o UBS destaca ainda dois cenários em que o avanço do PIB brasileiro poderia ficar menor. Em um deles, a crise se encerraria apenas no fim do segundo trimestre, e levaria o PIB a uma alta de apenas 1% em 2020, e de 3,6%, em 2021. Já no pior dos cenários, com a crise se estendendo até o terceiro trimestre, o PIB brasileiro poderia crescer apenas 0,7%, em 2020.

Uma piora dos cenários doméstico e externo também levou o Bradesco a revisar seu cenário-base. “A reação dos mercados tem sido intensa; a China está retomando muito lentamente de sua paralisação e há alguns relatos de interrupções em cadeias de fornecimento. Tudo isso tem levado a uma piora nas projeções para o crescimento. Esse quadro, obviamente, afeta o Brasil”, escreveu o banco, em relatório divulgado na terça-feira (10).

Agora, o Bradesco vê um crescimento de 2% para a economia brasileira em 2020, ante 2,5% anteriormente. A instituição financeira também revisou sua projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de alta de 3,6%, em 2020, para 3,3%. “A nossa percepção, de baixo contágio, tem se confirmado, refletindo a elevada ociosidade na economia e expectativas bem ancoradas”, assinala.

Mais cedo, foi a vez de o Ministério da Economia reduzir a projeção oficial para o crescimento do PIB em 2020 no Brasil, de 2,40% para 2,10%. De acordo com documento divulgado pelo órgão, a economia brasileira tem mostrado sinais de continuidade do processo de recuperação do crescimento. Há, contudo, um sentimento de cautela decorrente das incertezas do ambiente internacional e as consequentes revisões de expansão dos países desenvolvidos e emergentes.

Expectativas para a Selic

Apesar da pressão cambial, o baixo crescimento da economia e um preço menor das commodities permitiria ao Banco Central voltar a cortar a taxa Selic, destaca o UBS, que cortou sua projeção para a Selic de 4,0% para 3,5% em 2020. No pior dos cenários, diz, a Selic cairia para 3,0%.

No Bradesco, a avaliação é de que, após o choque do coronavírus e a reação do Federal Reserve, o banco central americano, o Comitê de Política Monetária (Copom) praticamente decretou um novo corte de juros. Por isso, o banco revisou sua expectativa para a taxa básica de juros, de 4,25% para 3,75% em dezembro.

O banco ressalta, porém, que a expectativa é muito dependente do comportamento do câmbio e dos preços de ativos nos próximos meses.

O BofA, por sua vez, não revisou suas projeções para a Selic, apenas reforçou que segue esperando um corte de 0,50 ponto percentual em março, seguido por uma redução em 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em abril, levando a Selic para 3,5% até dezembro.

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