QuintoAndar quadruplica sua avaliação para US$ 4 bilhões, após nova captação de investimento

Rodada de US$ 300 milhões irá para desenvolvimento de mais ferramentas para quem aluga, compra ou vende imóveis. Startup também vai expandir ao México

Mariana Fonseca

André Penha e Gabriel Braga, cofundadores do QuintoAndar (Divulgação)

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SÃO PAULO – O QuintoAndar quadruplicou sua avaliação de mercado em dois anos. A startup para alugar, comprar ou vender um imóvel passou a valer US$ 4 bilhões após uma nova captação de investimento. Foram US$ 300 milhões em uma rodada série E (entenda os estágios de crescimento de uma startup, da ideia ao IPO).

O aporte foi liderado pelo fundo Ribbit Capital, localizado no Vale do Silício e especialista em fintechs. O Ribbit Capital tem no portfólio negócios como Brex, Coinbase, ContaAzul, Cora e Robinhood. Outros fundos que participaram do aporte foram Alta Park, Dragoneer, Kaszek Ventures, LTS, Maverick, Qualcomm e SoftBank Latin America Fund. Ao todo, o QuintoAndar levantou mais de US$ 600 milhões em investimentos.

“O Ribbit é focado em crescimento e costuma olhar para empresas em estágio inicial. A liderança nessa rodada mostra em como, daqui cinco a dez anos, teremos uma empresa bastante relevante e que poderá multiplicar o valor de mercado atual”, afirmou Gabriel Braga, cofundador do QuintoAndar, em conversa com o InfoMoney sobre o novo aporte.

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Provação durante a pandemia

A última rodada havia sido feita em 2019. Gabriel Braga, cofundador do QuintoAndar, afirma que desta vez o interesse dos investidores superou o limite máximo de captação – uma oferta oversubscribed. “Ficamos contentes com a receptividade do mercado. O aumento no valuation reflete tanto os resultados que tivemos no último ano quanto a expectativa futura sobre a empresa”, diz Braga.

Faz mais de um ano que o mundo convive com a pandemia do novo coronavírus – e o modelo de negócios da startup de propriedades (proptech) foi colocado à prova. O QuintoAndar tem como diferencial não exigir garantias como fiador ou seguro-fiança a quem aluga. Ao mesmo tempo, assegura aos donos de imóveis o pagamento em dia do aluguel, mesmo em caso de inadimplência do inquilino.

No primeiro semestre de 2020, R$ 50 milhões foram desembolsados para fazer a cobertura dos aluguéis atrasados. A inadimplência subiu – mas não no nível projetado pela startup em seus cenários catastróficos. O modelo “parou de pé” e a startup “voltou aos patamares normais de inadimplência e de locações e compras a partir de julho”, afirmou Braga em entrevista anterior ao InfoMoney. No mesmo ano, a empresa inaugurou sua frente de compra e venda de imóveis.

Desde então, o QuintoAndar cresceu seu alcance. Na frente de locação, a proptech tem mais de 100 mil contratos sob gestão em 40 cidades brasileiras. A cada mês, mais 10 mil propriedades são alugadas na plataforma.

Já na frente de aquisição de propriedades, são 60 mil imóveis em Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro. 8 mil transações de compra e venda acontecem por ano, em termos anualizados (valor visto no último mês x 12).

“Esses números nos posicionam de forma mais ambiciosa para o futuro: ser o primeiro destino quando a pessoa pensa em moradia”, diz Braga.

QuintoAndar com mais US$ 300 milhões

O QuintoAndar usará os novos recursos para desenvolver novos produtos nas frentes de locação e de aquisição de propriedades.

Em aluguel, a proptech espera crescer dentro das 40 cidades em que atua e expandir para novas regiões. Também desenvolverá segmentações de sua oferta de locação, atendendo melhor partes do mercado com necessidades específicas. “Existem proprietários de muitos imóveis ou que vivem offline, ou então inquilinos que precisam de mais flexibilidade nos contratos”, diz Braga.

Já em compra e venda, o QuintoAndar busca expandir para as cidades onde atua com locação. “No momento, aproveitamos a marca que construímos no aluguel para impulsionar a compra e venda. Mas pretendemos inovar nessa transação e causar a mesma ruptura vista com o fim do fiador e do seguro-fiança na locação”, diz Braga.

Esse desenvolvimento de novos produtos começa com análise de tendências. Globalmente, o cofundador do QuintoAndar vê movimentos globais como compartilhamento de imóveis; alugar por um tempo antes de comprar; e ofertas diferenciadas para quem adquire uma propriedade visando renda futura com locação. “Estamos em um processo de entender as necessidades dos clientes. A limitação do acesso à moradia deixa esse mercado mais lento.”

Além do desenvolvimento de produto, o QuintoAndar também usará os recursos para expansão internacional nos próximos meses. O primeiro destino será o México. “O restante da América Latina tem muitas similaridades com o mercado brasileiro. E o México é o maior mercado da região depois do Brasil”, diz Braga.

Com a entrada de diversas empresas de tecnologia na B3, rodadas relevantes em startups acendem um alerta para uma possível oferta pública inicial de ações (IPO) nos anos seguintes. “Pensamos eventualmente em realizar um IPO, mas não temos uma data definida. Mas gostamos dos benefícios de termos uma validação pública e mostrarmos mais o que fazemos”, afirma o cofundador.

O QuintoAndar tem 2000 funcionários atualmente. Ainda que não tenha uma meta específica de contratação, o plano da startup é contratar funcionários experientes em produto e tecnologia para seniorizar suas equipes. “São profissionais escassos no país, já que poucas empresas trilharam um caminho similar ao nosso. Estamos abrindo o leque para talentos globais, trazendo pessoas que já vivenciaram desafistartos de escalar uma empresa e podem adaptá-los ao contexto do QuintoAndar. A flexibilidade de um modelo remoto e futuramento híbrido facilita tais contratações”, diz Braga.

O QuintoAndar não divulga metas específicas para crescimento em 2021. “Mas estamos um uma boa trajetória e temos a cultura de bater a meta e logo depois aumentá-la. É um ciclo contínuo de expansão que funcionou nos últimos anos e gerou credibilidade entre investidores.”

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.