Pedágios de SP vão ficar quase 12% mais caros na sexta; reajuste contraria promessa do governador

Aumento seria em julho, mas foi suspenso pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB); governo afirmou diversas vezes que pedágios não subiriam em 2022

Lucas Sampaio

Carros passam por pedágio em rodovia da concessionária Rota das Bandeiras no interior de SP (Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

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Contrariando a promessa do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), o preço dos pedágios vai subir até 11,73%, a partir de sexta-feira (16), nas rodovias estaduais privatizadas. O reajuste nas tarifas foi autorizado pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e publicado nesta quarta-feira (14) no Diário Oficial do Estado.

A alta depende do indexador do contrato de concessão: 10,72% nos atrelados ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e 11,73% nos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O reajuste considera a inflação acumulada entre junho de 2021 e maio de 2022 e deveria ter ocorrido em 1º de julho, mas foi “congelado” por Garcia — que, na época, concorria à reeleição. Mas o governador não passou nem para o 2º turno e ficou atrás do governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Fernando Haddad (PT).

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A medida beneficia empresas com capital aberto em bolsa, como a CCR (CCRO3) e a Ecorodovias (ECOR3), que estão entre as principais concessionárias do estado. A Ecorodovias administra as rodovias Anchieta (SP-150), Imigrantes (SP-150), Ayrton Senna (SP-060) e Carvalho Pinto (SP-070).

Já a CCR administra as rodovias Anhanguera (SP-330), Bandeirantes (SP-348), Castello Branco (SP-280) e Raposo Tavares (SP-270), além do trecho oeste do Rodoanel (SP-21). A empresa também tem as concessões das linhas 4 (Amarela) e 5 (Lilás) do metrô paulistano; das linhas 8 (Diamante) e 9 (Esmeralda) da CPTM; e da linha 15 (Ouro) do monotrilho de São Paulo.

18 concessionárias terão as tarifas reajustadas:

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  1. AB Colinas
  2. AB Triângulo do Sol
  3. Cart
  4. CCR Autoban
  5. CCR RodoAnel (trecho oeste)
  6. CCR SPVias
  7. CCR ViaOeste
  8. Ecopistas
  9. Ecovias
  10. Entrevias
  11. Intervias
  12. Renovias
  13. Rodovias do Tietê
  14. Rota das Bandeiras
  15. SPMar (Rodoanel trechos sul e leste)
  16. Tamoios
  17. Tebe
  18. ViaRondon

As estradas administradas pelas concessionárias AB Colinas, AB Triângulo do Sol, Intervias, Renovias e Tebe terão os pedágios reajustados em 10,72% (IGP-M). As administradas por Cart, CCR (Autoban, Rodoanel Oeste, SPVias, ViaOeste), Ecopistas, Ecovias, Rodovias do Tietê, Rota das Bandeiras, SPMar (Rodoanel trechos Sul e Leste) e ViaRondon, em 11,73% (IPCA).

Promessa descumprida

O reajuste estava previsto para ocorrer em 1º de julho, mas foi suspenso na véspera pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), que concorreu à reeleição e perdeu. Garcia e o governo de São Paulo fizeram questão de destacar diversas vezes, desde então, que as tarifas não seriam reajustadas neste ano.

Mas o InfoMoney revelou, em agosto, que o governo estadual havia assinado um contrato com as concessionárias que previa o reajuste dos pedágios ainda em 2022, ao contrário do que havia prometido o governador.

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Após a publicação da reportagem, a Artesp (agência reguladora das concessões) enviou nota afirmando que, “ao contrário do que publicou o site InfoMoney, está mantida a garantia do governo do estado de São Paulo de que não haverá reajuste tarifário em 2022″.

Dias depois, o site fez outra revelação: que o “congelamento” dos pedágios por menos de 6 meses ia custar R$ 782 milhões, segundo cálculos da própria Artesp — quase o dobro do que havia sido reservado pelo governo estadual. Após a publicação das reportagens, o governo de São Paulo afirmou que ia assinar um “aditivo do aditivo” com as concessionárias para não haver reajuste em 2022.

O que diz o governo

A reportagem questionou a Artesp e o governo de São Paulo nesta quarta-feira (14) o porquê de a promessa de Garcia ter sido descumprida. Em nota. a Secretaria de Comunicação do governo paulista afirmou que “a revisão das tarifas não pôde ser mais adiada para não levar à próxima gestão custos assumidos pelo atual governo”.

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“A maioria dos contratos de concessão rodoviária prevê reajuste anual no mês de julho, mas o governo de São Paulo adiou esse aumento em 2022 devido ao cenário de grave crise econômica, inflação alta e escalada de preços de itens essenciais – causada principalmente pelos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis”, afirma o governo.

Veja o posicionamento do governo de São Paulo:

A maioria dos contratos de concessão rodoviária prevê reajuste anual no mês de julho, mas o Governo de São Paulo adiou esse aumento em 2022 devido ao cenário de grave crise econômica, inflação alta e escalada de preços de itens essenciais – causada principalmente pelos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis. O Estado esclarece que a revisão das tarifas não pôde ser mais adiada para não levar à próxima gestão custos assumidos pelo atual governo, que sempre manteve intacta sua responsabilidade social e fiscal e é reconhecido por respeitar seus contratos. Todos os valores a serem ressarcidos para as concessionárias já estão sendo ajustados pela atual gestão, que trabalhou para garantir ao cidadão menor impacto no bolso no pior momento da crise econômica nacional.

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(Com Agência Brasil)

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.