Cartão de crédito perde espaço no e-commerce, com avanço de Pix e carteiras digitais, aponta estudo

Com 48 mil entrevistados, estudo global sinaliza as mudanças no comportamento do consumidor

Giovanna Sutto

(Unsplash)

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O cartão de crédito vem perdendo espaço como meio de pagamento no e-commerce no Brasil e no mundo na medida em que o uso por métodos de pagamentos instantâneos, como o Pix, e carteiras digitais ganham mais relevância.

Em 2022, no Brasil, o cartão de crédito representou 39% do pagamentos feitos em compras online, uma queda de 6 pontos percentuais (p.p) na comparação com o ano anterior, quando representava 45% do total. Os dados integram o “The Global Payments Report”, da processadora de pagamentos Worldpay, e foram divulgados nesta quarta-feira (2).

O Pix no e-commerce representou 24% do total transacionado no Brasil em 2022. Vale lembrar que o modelo foi adotado pelas pessoas físicas, mas ainda não está disponível em muitas lojas online. A modalidade de pagamento já superou o boleto em algumas instituições e se aproxima cada vez mais dos cartões. 

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O estudo, com resultados referentes a 2022, está em sua oitava edição global e contou com 48 mil entrevistados em 40 países. Não foi revelada a quantidade de consumidores que responderam a pesquisa por país.

O cartão de crédito, segundo o estudo, foi o responsável por 20% (quase US$ 1,2 trilhão) de participação no valor transacionado no mundo em 2022, bem atrás das carteiras digitais, como AliPay, ApplePay e GooglePay, com 49%, o que representa cerca de US$ 2,9 trilhões.

Como base de comparação, em 2020, o cartão tinha 22,8% de participação e a carteira digital, 44,5%. Em 2021, o cartão possuía 21% e as carteiras já haviam chegado no patamar de participação de 49%, posição mantida em 2022.

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Os métodos instantâneos foram responsáveis por 9% das compras online no mundo, ou cerca de S$ 525 bilhões, e devem subir para 10% em 2026. Eles não foram contemplados nos últimos dois estudos.

Para 2026, a expectativa é de que a fatia global dos cartões de crédito caia ainda mais e alcance os 16%. Já as carteiras digitais devem crescer para 54% no mesmo período.

Considerando a região da América Latina, que inclui Brasil, Chile, Argentina, Peru, Colômbia e México, o cartão de crédito tem mais força e representa hoje 35% de participação no valor transacionado no e-commerce, mas a previsão é de que em 2026 o cartão represente 29%.

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A carteira digital, por exemplo, deve ter um crescimento na região dos atuais 21% de participação para 28% nos próximos três anos. E os métodos de pagamento instantâneos, a exemplo do Pix, também são mais utilizados na região: representam 15% do valor transacionado no e-commerce e devem subir para 21% em 2026.

Comportamento do consumidor

Juan Pablo D’Antiochia, vice-presidente da Worldpay, afirmou ao InfoMoney que essa movimentação entre os meios de pagamentos mais utilizados para compras online acontece por uma mudança no comportamento do consumidor.

“A tendência é que cada vez mais a conveniência do momento decida o que o consumidor vai usar para efetuar um pagamento online. Com mais opções à disposição, o cliente vai querer praticidade para escolher a melhor forma de pagamento, conforme suas necessidades”, explica o executivo.

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O vice-presidente da Worldpay explica que o movimento de transformação nos meios de pagamentos, com o consumidor sendo o centro da operação e tendo mais poder de escolha, já vinha acontecendo, mas a pandemia acelerou o processo.

“A pandemia acelerou o comportamento digital e expandiu o uso das opções de pagamentos, especialmente centralizando as operações no celular — com todos em casa era uma solução prática. E foi nesse contexto que os aplicativos ganharam espaço. Os consumidores têm 3 a 4 contas, mas costumam centralizar os pagamentos em um delas”, diz D’Antiochia.

A competição por canal foi sendo ampliada e as carteiras digitais ganham espaço nesse cenário, já que basicamente funcionam como apps que centralizam os pagamentos e unem as duas tendências para o consumidor: poder escolher qualquer meio de pagamento e encontrar tudo em um único lugar.

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Para o estudo, o uso do cartão é considerado quando o consumidor embute os próprios dados na hora da compra online, enquanto a carteira digital seria optar por pagar pelo PayPal, PicPay ou Apple Pay, por exemplo, na hora do checkout.

Na metodologia do estudo, carteiras digitais são definidas como: “aplicativos que armazenam com segurança as credenciais de pagamento, permitindo que os consumidores paguem por bens e serviços praticamente em qualquer lugar onde ocorram transações comerciais no e-commerce”.

O texto ressalta que as “carteiras digitais podem ser financiadas diretamente por meio de dinheiro, cartões, transferência bancária ou cobrança da operadora”.

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O desenvolvimento do Super App, promovido pelo Banco Central do Brasil, é um exemplo de como essa centralização é chave no processo de integração da economia digital. Esse recurso não é exatamente uma carteira digital, ou pelo menos pretende ser mais que isso: o objetivo é agregar e integrar todos os serviços financeiros em um só canal e será possível puxar os dados de todas as instituições financeiras para esse mesmo app.

Apesar dos avanços e das mudanças no comportamento das pessoas, incluindo a redução do uso cartão de crédito como era utilizado antigamente, o executivo acredita que dificilmente o cartão vai desaparecer no longo prazo.

“É um produto de muito valor agregado: dá para juntar pontos, milhas, cashback, parcelar compras sem juros, tem uma referência de segurança, especialmente em compras online, e pode ser utilizado em compras de maior valor — de novo: mais uma opção de escolha para o consumidor”, avalia.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.