Netflix passa TV a cabo em número de assinantes no Brasil, segundo consultoria americana

Número de usuários do serviço de streaming no Brasil ultrapassou 17 milhões, contra cerca de 15 milhões da TV por assinatura em junho

Pablo Santana

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O número de assinantes da Netflix no Brasil ultrapassou os da TV por assinatura, segundo a consultoria de pesquisa americana Bernstein. 

Os analistas da empresa afirmam que em junho o serviço de streaming tinha 17 milhões de assinantes no Brasil, o que torna o país o segundo maior mercado da empresa no mundo – perdendo apenas para os Estados Unidos, que contam com 60 milhões de assinaturas.

A consultoria não mencionou o número de assinaturas de TV a cabo no Brasil, mas segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 15,2 milhões de lares tinham acesso a canais pagos no país em junho.

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“A Netflix está ganhando no Brasil porque oferece um produto superior por um quarto do preço da TV paga”, escreveram os analistas.

A Bernstein avalia que a crise econômica e o aumento do desemprego no país colaboraram para o aumento dos cancelamentos de pacotes de TV por assinatura.

A Netflix, por outro lado, continua crescendo, mesmo com a pandemia. No segundo trimestre deste ano, o serviço de streaming informou que registrou mais assinantes pagos do que o esperado, em meio ao isolamento social.

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Foram 10,1 milhões de novos assinantes de maio a junho no mundo, número superior aos 2,7 milhões alcançados no mesmo período de 2019,  e acima dos 7,5 milhões que a companhia projetava.

A demanda por serviços de streaming subiu nos últimos meses, contrariando a previsão de alguns analistas de que assinaturas estariam entre os primeiros itens a serem cortados em meio a uma onda de demissões e temores de recessão econômica.

O bom momento da Netflix ocorre em meio à chegada de outros serviços no mercado brasileiro. O Disney+ anunciou será  lançado no país no dia 17 de novembro.

A concorrência com outros players, como o Amazon Prime Video e o Globoplay, não impediram o crescimento da Netflix no país, ainda que a assinatura padrão do seu pacote seja mais cara do que a dos concorrentes. Segundo os analistas da Bernstein, isso sugere que o mercado ainda tem espaço para competição.

O crescimento da Netflix no Brasil “não foi alcançado por meio de preços reduzidos”, aponta o relatório.

Em reportagem anterior, o pioneirismo da Netflix foi apontado por especialistas como o motivo do seu sucesso no mercado brasileiro.

“A Netflix teve um crescimento exponencial no Brasil porque conseguiu identificar a demanda de um público. Os provedores de conteúdo local de TV a cabo não investiram em plataformas de VoD [vídeo sob demanda] na época de uma forma atrativa, o que inviabilizou o uso da adesão de massa para suas plataformas. Como esses novos serviços sabem que o pioneirismo não existe mais, eles atacam com preços“, afirma Rodrigo Arnaut, diretor da Esconderijo Criativo, consultoria de inovação e tecnologia.

Em relação ao perfil do consumo, o relatório apontou que os títulos em inglês são os preferidos entre os brasileiros. Seis dos dez títulos mais assistidos na plataforma no Brasil entre março e agosto eram em língua inglesa, seguida pela programação em espanhol e depois em português.

Apesar disso, a Bernstein aponta que pode haver mais espaço para conteúdo original em português na plataforma.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios