Apple deve lançar iPhone 14 amanhã, mas não poderá vendê-lo no Brasil sem carregador

Ministério da Justiça suspendeu venda de modelos comercializados sem carregador de tomada e multou empresa em quase R$ 12,3 milhões

Lucas Sampaio

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A Apple (AAPL34) deve lançar o iPhone 14 amanhã, quarta-feira (7), mas não poderá vendê-lo no Brasil se o smartphone também for comercializado sem o carregador (assim como os seus antecessores, os iPhones 12 e 13).

Isso porque a decisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), de suspender a venda de todos os smartphones da Apple comercializados sem carregador, vale não só para os modelos atuais, mas também para futuros lançamentos.

A informação foi confirmada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão ligado à pasta da Justiça e responsável pela decisão. Questionada pelo InfoMoney, a secretaria reforçou que o iPhone 14 também não poderá ser vendido no Brasil se vier sem o carregador.

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Além da suspensão da comercialização dos iPhones 12 e 13, a Apple foi multada em quase R$ 12,3 milhões e foi determinada a cassação do registro dos modelos sem carregador na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Cabe recurso da decisão da Senacon, que foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (6). Procurada pelo InfoMoney, a Apple (AAPL34) disse que planeja recorrer e ressaltou o impacto ambiental de vender os aparelhos sem os carregadores (veja mais abaixo o posicionamento).

“Já ganhamos várias decisões judiciais no Brasil sobre esse assunto e estamos confiantes de que nossos clientes estão cientes das várias opções para carregar e conectar seus dispositivos”, afirmou a empresa, por nota.”Continuaremos trabalhando com a Senacon para resolver suas preocupações e planejamos recorrer dessa decisão”.

A reportagem procurou também a Anatel, sobre a cassação dos registros, mas a agência se limitou a dizer que “analisará o teor do ofício à luz da regulamentação do setor de telecomunicações e se manifestará no momento oportuno”.

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A empresa também voltou a destacar o impacto ambiental de ter parado de vender os aparelhos com o carregador. “Na Apple, consideramos nosso impacto nas pessoas e no planeta em tudo o que fazemos”.

“Adaptadores de energia representaram nosso maior uso de zinco e plástico, e eliminá-los da caixa ajudou a reduzir mais de 2 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono — o equivalente a remover 500 mil carros da estrada por ano. Existem bilhões de adaptadores de energia USB-A já em uso em todo o mundo que nossos clientes podem usar para carregar e conectar seus dispositivos”, disse.

Série de multas dos Procons

Além da Senacon, a Apple tem sido advertida por diversos Procons pelo mesmo motivo. Ela foi multada no Procon-RJ em R$ 12,2 milhões, há cerca de 2 semanas, e pelo Procon-SP em R$ 10,5 milhões, em março de 2021. Mas o InfoMoney revelou recentemente que a Apple não pagou a multa e entrou na Justiça contra a autuação.

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A secretaria disse que a empresa também já foi multada pelos Procons de Santa Catarina, Fortaleza (CE) e Caldas Novas (GO) e até condenada judicialmente, mas “até hoje não tomou nenhuma medida para minimizar o dano e segue vendendo aparelhos celulares sem carregadores”. Disse ainda que outros fabricantes também foram processados, mas “eles têm apresentado propostas para solução”.

Processo da Senacon

O processo foi aberto no Ministério da Justiça em dezembro, e o órgão de defesa do consumidor ligado à pasta diz que as acusações contra a Apple são de:

Diz também que os argumentos da Apple “não foram suficientes, uma vez que a decisão da empresa de vender os aparelhos sem carregador acabou por transferir ao consumidor todo o ônus” e que “a fabricante poderia tomar outras medidas para a redução de impacto ambiental, como o uso do conector de cabos e carregadores tipo USB-C, adotados como padrão pela indústria atualmente”.

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A secretaria afirmou ainda que, caso “persista nas infrações, a Apple poderá ser considerada reincidente, com a aplicação de novas punições ainda mais graves”.

Lançamento do iPhone 14

O lançamento do aparelho (e de outros produtos da marca) ocorrerá nos Estados Unidos e começará às 14h (horário de Brasília, 10h no horário local). Ele terá transmissão ao vivo no site da empresa e no canal da Apple no YouTube.

A expectativa é que, além do iPhone 14, a empresa anuncie novos Apple Watches e outros acessórios. Os eventos de lançamento da Apple em setembro já são uma tradição e completarão uma década neste ano (eles ocorrem de forma recorrente desde o lançamento do iPhone 5, em 2012).

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Segundo a Wired e a CNBC, devem ser anunciados 4 novos modelos do smartphone, e a empresa pode abandonar os tamanhos menores do aparelho, para se concentrar nas telas acima de 6 polegadas (cerca de 15 centímetros).

A Wired diz também que o iPhone deve receber alguns ajustes de design, como acabar com o “entalhe” na parte superior das telas, substituindo-o por um buraco para a câmera (como fazem concorrentes). No processamento, os novos modelos devem receber os chips A16, produzidos pela própria Apple.

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.