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Na esteira da Petrobras, uma multinacional quer conectar as pontas da energia eólica

Prysmian vê fornecimento local de cabos submarinos como diferencial para ajudar a estatal a impulsionar a produção de energia a partir dos ventos

Rikardy Tooge

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Em uma fase em que a Petrobras volta a se colocar como indutora da produção de energia eólica no Brasil, a Prysmian quer conectar todas as pontas. A múlti italiana especialista na produção dos mais diversos cabos, entre eles os submarinos, diz estar pronta para atender os mais de 80 projetos de usinas voltadas à produção de energia a partir dos ventos na costa brasileira.

“Nós acompanhamos a evolução desse tema desde 2010, com a implementação dos primeiros parques na Dinamarca, Alemanha e Reino Unido”, recorda-se ao IM Business Raul Boronat, diretor geral da Prysmian no Brasil, ao citar os pioneiros na produção de energia eólica em alto-mar. “E o maior aprendizado que tivemos é que, se queremos dar escala a esses projetos, temos que ter uma boa cadeia de fornecimento local”.

O raciocínio do executivo coincide com os primeiros passos da Petrobras em sua trilha rumo à energia eólica. Na primeira quinzena deste mês, a estatal anunciou um investimento de R$ 130 milhões para que a WEG possa acelerar a produção do maior aerogerador do país. Na sequência, assinou um acordo com a Casa dos Ventos, juntamente com sua sócia TotalEnergies, para avaliarem juntas as oportunidades no segmento.

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Vale lembrar que, na contramão das iniciativas da petroleira brasileira, multinacionais fornecedoras de equipamentos paralisaram suas operações no país insatisfeitas com a rentabilidade dos projetos. Boronat diz que esse é mais um ponto que reforça a necessidade de se ter fornecedores que produzem em larga escala no Brasil. O executivo lembra que os cabos são parte importante para a viabilidade econômica dos projetos, especialmente os em alto-mar. Cerca de um terço dos custos dos parques eólicos offshore é com o cabeamento submarino – na produção onshore, a participação dos cabos na estrutura de custos é menor, de 5%.

Raul Boronat. CEO da Prysmian no Brasil: empresa confia no know how para atrair a Petrobras (Divulgação)

Para dar conta do fornecimento desses projetos, a Prysmian estima que precisará de cerca de dois anos para preparar suas fábricas no Brasil. Com sete fábricas no país, estima que suas plantas em Poços de Caldas (MG) e Vila Velha (ES) seriam as responsáveis pela iniciativa. Além dessas, há também duas unidades em Sorocaba (SP), em Cariacica (ES), Joinville (SC) e Londrina (PR).

A Prysmian já é fornecedora de cabos submarinos da Petrobras para as plataformas de petróleo em alto-mar. É justamente por fabricar no país e já ter uma relação de confiança com a Petrobras que a empresa quer se posicionar para a transição energética. “Somos uma das poucas no mundo com essa experiência [em eólicas offshore] e nossa cadeia de produção está no país”, reforça Boronat. Ele diz que o fornecimento dos insumos necessários para a fabricação dos cabos submarinos já existe no país.

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Há quase cem anos instalada no país, a Prysmian desembarcou em 1929 como uma frente de negócios da Pirelli em cabos e fornece para a Petrobras desde os primórdios da petroleira, nos anos 1950. Além dos negócios com a estatal, a Prysmian também fornece cabos para o setor de telecom, com clientes como Claro e Vivo, e transmissão e distribuição de energia, para a Enel e Neoenergia.

Em 2005, a gigante italiana desmembrou essa vertical de seu negócio e listou a empresa na Bolsa de Milão, tornando-a uma corporation (sem acionista controlador) desde então. No ano passado, obteve R$ 3,16 bilhões em receita líquida no Brasil, crescimento anual de 22,5%, sendo a vertical de energia responsável por R$ 2,15 bilhões deste faturamento. No mundo todo, a companhia registrou 16 bilhões de euros em vendas no último ano.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br