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Mesmo depois de praticamente dobrar o preço da sua ação em um ano, a Moura Dubeux (MDNE3) ainda acredita estar barata. E parece ter motivos para isso. Sob a expectativa de resultados recorde na metade inicial de 2025, a incorporadora tem conseguido navegar o ciclo de alta de juros com crescimento nas entregas de empreendimentos e distribuindo lucros.
“O primeiro semestre virá com os maiores números de vendas e lançamentos da história da companhia”, diz o CEO da Moura Dubeux, Diego Villar, em entrevista ao InfoMoney. A empresa deve ultrapassar R$ 1,5 bilhão em lançamentos no primeiro trimestre e há uma expectativa “razoável” de chegar a R$ 3,5 bilhões no ano, com R$ 3 bilhões em vendas.
É um ritmo que não deve desacelerar apesar de o cenário de elevação nos juros normalmente penalizar o setor de construção civil. Na verdade, explica Villar, enquanto a economia estiver crescendo e o desemprego não disparar, o modelo de negócio da Moura Dubeux tem se mostrado vencedor.
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A principal linha de negócios da incorporadora é o segmento de alto padrão, cuja demanda não tende a ser impactada por uma Selic na casa dos 15%. “Em três anos e meio, um cliente de alta renda dobra seu o investimento no Brasil hoje, sem muito esforço, só comprando títulos do governo”, aponta o executivo.
Para dar uma ideia do tipo de alto padrão, a Moura Dubeux comprou neste ano o tradicional Hotel Seara, na avenida Beira-Mar, um dos cartões postais de Fortaleza, para demoli-lo e levantar dois prédios de 50 andares projetados pelo arquiteto Arthur Casas.

Regional, mas com reconhecimento nacional
A Moura Dubeux nasceu e se especializou na região Nordeste, onde hoje tem 54 canteiros de obra. “Quando olhamos para a região, vemos que a demanda vegetativa não é 100% atendida; a demanda estimulada é menos ainda e basicamente o que acontece é: não há muitas incorporadoras explorando o mercado”, avalia Villar.
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Embora haja concorrentes locais em algumas capitais, o executivo diz que a Moura Dubeux é a única com foco na região toda – as exceções são Maranhão e Piauí –, em capitais e praias. Nos estados que atua, seu market share gira em torno de 22% o que a coloca na liderança em todos os mercados que atua.
Seu crescimento se baseia em duas grandes estratégias: uma, voltada para a classe média, com o lançamento de duas marcas específicas – Mood e Única – e outra, no modelo de condomínio fechado, no qual há financiamento prévio com investidores. Com essas duas bases, a empresa consegue preserva o caixa e reduzir a possibilidade de distratos.
Ação barata?
Uma fórmula de baixa alavancagem e caixa reforçado, somada ao crescimento em vendas e lançamentos, abriu os olhos do mercado para a Moura Dubeux. Até o fechamento da última quarta-feira (2), a incorporadora era negociada a R$ 22,98, valorização de 90% em um ano. Desde o início de 2023, o crescimento é de quase 300%.
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“Quando eu olho para as incorporadoras listadas na bolsa e vejo a qualidade da entrega que a gente vem fazendo, versus o nosso market cap, sem mudar nada no Brasil, eu acho barato”, aponta Villar. O CEO argumenta que um cenário de juros reais a 10% e uma política de gastos neutra já posicionaria as ações do setor em múltiplos de 7 vezes o lucro anual.
Para Villar, a ação passou despercebida dos investidores por muito tempo devido à distância da Faria Lima. “Estávamos largados. E era natural, porque não estamos no Sudeste. Nós precisávamos provar que tem demanda consistente, nossa capacidade de crescer, não se alavancar e gerar resultado.”
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) da empresa aumentou 75% no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 81 milhões, enquanto o endividamento foi de 7,8% do patrimônio líquido.
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Por enquanto, no entanto, executivos da Moura Dubeux seguem batendo perna pela Faria Lima: “o trabalho é dobrado no final do dia pelo fato de estar afastado do centro financeiro”.
A Moura negocia um volume diário próximo a R$ 10 milhões hoje, o que não garante tanta liquidez ao papel no mercado. Embora ainda não pense em um evento de liquidez, uma eventual operação de equity buscaria justamente trazer novos fundos que hoje não olham para a empresa.
Classe média e Minha Casa, Minha Vida
Há dois anos, a Moura Dubeux percebeu que estava perdendo um bolso até então seu: o da classe média.
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Enquanto a inflação na construção medida pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subia 9,4% no acumulado de 2022 e 3,32% em 2023, o Bolsa Família incluía uma nova faixa de renda para ter acesso aos benefícios.
Como o salário de famílias de classe média na faixa de R$ 15 mil a R$ 17 mil não acompanhou, ficou caro demais pagar pelo imóvel de alto padrão, mas também não tinha como financiar o imóvel pelo programa do governo. A Moura Dubeux criou a Mood justamente para atender este público.
“Se tivéssemos que levantar o preço do imóvel ao valor que fecha a nossa conta, a família não comprava mais apartamento”, explica Villar. “Então nós reinventamos o produto por meio da engenharia da empresa.”
A aposta foi em um projeto mais industrializado, ao estilo de empreendimentos como os da Direcional e da Tenda, com alvenaria de parede de concreto em formas de alumínio. A unidade tem um índice de vendas sobre oferta (VSO), de 50%, similar ao da própria Moura Dubeux e lançou 13 empreendimentos desde 2023 – a expectativa é que mais dois saiam ainda este ano.
Da Mood surgiu outra marca, a Única, com foco em Minha Casa, Minha Vida. A ideia foi diminuir a metragem e o formato de três para dois quartos por um custo condizente à última faixa do programa habitacional, de renda mensal até R$ 8 mil. Dois projetos serão lançados ainda em 2025, em Natal e Fortaleza, e há previsão de outros em Salvador e Recife para o próximo ano.