Marcopolo (POMO4): quais os próximos gatilhos após tombo de 18% nas ações com 3T

Companhia acumula perdas após divulgação do balanço do 3T25

Felipe Moreira

Foto: Divulgação
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Com a forte queda de 18% nos últimos dois dias após a receita do terceiro trimestre frustrar expectativas, enquanto o Ibovespa subiu 1%, investidores se perguntam o que esperar das ações da Marcopolo (POMO4). O JPMorgan aponta os principais eventos que devem ficar no radar.

O banco destaca que, em 6 de novembro, a subsidiária canadense NFI divulgará os resultados do 3º trimestre, que só serão refletidos no balanço consolidado da Marcopolo no 4º trimestre. Esse será o momento de mensurar o impacto completo do alerta de lucro (profit warning) emitido em 26 de setembro, quando a empresa canadense reportou atrasos nas entregas e uma provisão significativa relacionada ao recall de baterias. O profit warning alerta os investidores que o lucro da empresa no próximo trimestre cairá significativamente quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior, ou a empresa pode até ter prejuízo.

De acordo com a NFI, os resultados do 3T serão afetados por atrasos nas entregas e por uma provisão significativa relacionada a um recall de baterias. A empresa informou que 680 ônibus e um número menor de coaches equipados com módulos de bateria de um único fornecedor foram recolhidos.

Análise de Ações com Warren Buffett

Segundo o consenso Bloomberg, o lucro líquido esperado para o 3T25 é de aproximadamente US$ 13 milhões, contra US$ 25 milhões antes do alerta de resultado. Para o JPMorgan, isso gera uma pressão adicional sobre as ações da Marcopolo, já que novo prejuízo trimestral da NFI poderia piorar ainda mais o sentimento dos investidores. A Marcopolo possui uma participação de 8,1% na NFI. 

Dividendos

O JPMorgan prevê a distribuição de R$ 635 milhões em dividendos em 2026, assumindo payout (proporção do lucro pago em dividendos) de 50% sobre o lucro estimado de R$ 1,27 bilhão em 2025, o que representa yield (dividendo em relação ao valor da ação) de cerca de 8%.

O banco, porém, avalia que essa premissa é conservadora, embora em linha com o histórico e a política da empresa, já que a Marcopolo deve encerrar o ano com caixa líquido (excluindo o negócio bancário) e o capex deve permanecer controlado em torno de R$ 320 milhões em 2026.

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Com payout de 70%, os dividendos poderiam chegar a R$ 800 e 977 milhões, implicando um dividend yield de 10% a 12% após a recente correção das ações.

Valuation da Marcopolo

Na avaliação do JPMorgan, as ações estão sendo negociadas no limite inferior da média dos últimos dois anos, a cerca de 6,0 vezes P/L (Preço sobre Lucro) estimado para 2026, contra uma média de 6,3 vezes no período.

Em termos de EV/Ebitda (Valor da Empresa/ Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), o múltiplo está em 4,7 vezes para 2026, ante média de 5,5 vezes. No entanto, a margem bruta da Marcopolo vem se mantendo em torno de 25% nos últimos três trimestres, frente a 15% em 2023 e 23% em 2024. Com isso, o banco reitera recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 12.

Recomendação de compra

Na véspera, Itaú BBA reiterou recomendação de compra para a Marcopolo e preço-alvo de R$ 12, mas alerta que a ação pode seguir tendo um desempenho abaixo do mercado até o ajuste das expectativas, com potencial de valorização futura sustentado por catalisadores de curto prazo, como nova rodada do programa Caminho da Escola, recuperação econômica na Argentina, entregas do Ministério da Saúde acima do esperado e possível dividendo extraordinário.

O BBA destaca catalisadores positivos como nova rodada do programa Caminho da Escola, possível dividendo extraordinário, maior demanda na Argentina e grande pedido do Ministério da Saúde para 2026.

O banco também destaca o potencial de dividendos extraordinários, dado o debate sobre a tributação de dividendos no Brasil no próximo ano. Até o momento, a administração não indicou discussões internas sobre o tema e aparenta aguardar a aprovação da lei antes de tomar decisões. Com um payout atual de 50% e praticamente zero dívida líquida/EBITDA, um aumento para 100% poderia gerar dividend yield de 11% nos próximos meses, sem contar o que já foi distribuído. Caso a empresa opte por distribuir reservas de capital, o yield total poderia chegar a 13%.

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