Marcopolo tem nova sessão de forte baixa pós-balanço: veja o que acontece com POMO4

Queda reflete temores de uma possível desaceleração da demanda, motivada por receita abaixo do esperado e volumes domésticos mais fracos

Felipe Moreira

Foto: divulgação | Marcopolo
Foto: divulgação | Marcopolo

Publicidade

As ações da Marcopolo (POMO4), que recuaram mais de 10% na última sexta-feira (31) após a divulgação dos resultados do 3T25 – refletindo temores de uma possível desaceleração da demanda, motivada por receita abaixo do esperado e volumes domésticos mais fracos -, voltaram cair nesta segunda-feira (3). Os papéis POMO4 fecharam em queda de 8,11%, a R$ 7,25, figurando novamente como a maior baixa do Ibovespa.

O Itaú BBA revisou suas estimativas para 2026 para baixo e espera que o consenso siga a tendência nas próximas semanas, o que pode exercer pressão de curto prazo sobre as ações. O modelo atualizado aponta para um lucro líquido 9% menor em relação ao consenso atual de R$ 1,4 bilhão, implicando que o papel negocia a 7 vezes P/L (Preço sobre Lucro).

Apesar dos ganhos em eficiência operacional, o BBA prevê que a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) deve permanecer estável ano a ano, pois a combinação de mix menos favorável deve compensar melhorias de produtividade.

Além disso, na sexta-feira, a Blackrock reduziu sua participação na companhia, passando a deter 4,981% das ações preferenciais da empresa.

O BBA mantém a recomendação de compra para a Marcopolo, mas alerta que a ação pode seguir tendo um desempenho abaixo do mercado até o ajuste das expectativas, com potencial de valorização futura sustentado por catalisadores de curto prazo, como nova rodada do programa Caminho da Escola, recuperação econômica na Argentina, entregas do Ministério da Saúde acima do esperado e possível dividendo extraordinário.

Os analistas observam que a Marcopolo é bastante negociada por fundos de hedge de São Paulo, que tendem a antecipar pontos de inflexão de curto prazo.

Continua depois da publicidade

Após o lucro líquido da empresa ter crescido seis vezes em seis anos, saindo de R$ 200 milhões em 2019 para R$ 1,2 bilhão em 2025, muitos investidores começaram a questionar a sustentabilidade desse crescimento. “O pequeno desvio negativo de 2% na receita do 3T25 e os comentários da administração sobre custos de financiamento elevados para clientes brasileiros reforçaram temores de que a demanda doméstica possa desacelerar em 2026”, diz o relatório.

Leia também:

O BBA destaca catalisadores positivos como nova rodada do programa Caminho da Escola, possível dividendo extraordinário, maior demanda na Argentina e grande pedido do Ministério da Saúde para 2026.

O banco também destaca o potencial de dividendos extraordinários, dado o debate sobre a tributação de dividendos no Brasil no próximo ano. Até o momento, a administração não indicou discussões internas sobre o tema e aparenta aguardar a aprovação da lei antes de tomar decisões. Com um payout atual de 50% e praticamente zero dívida líquida/EBITDA, um aumento para 100% poderia gerar dividend yield de 11% nos próximos meses, sem contar o que já foi distribuído. Caso a empresa opte por distribuir reservas de capital, o yield total poderia chegar a 13%.

O BBA segue com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para POMO4, com preço-alvo de R$ 12.