MRV (MRVE3) salta 10%, Cyrela (CYRE3) sobe 6% e mais: construtoras têm forte alta com recomendações e IPCA-15

Entre as recomendações, o JPMorgan elevou Tenda para neutra (uma semana após a elevação pelo Credit) e reforçou MRV como preferida

Lara Rizério

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A sessão foi de disparada para as ações de construtoras, com uma convergência de fatores macro e microeconômicos levando a uma sessão de ânimo para os ativos.

Nesta quinta-feira, os ativos da MRV (MRVE3) foram o grande destaque, saltando 10,33% (R$ 10,04), Tenda (TEND3) valorizou 4,41% (R$ 7,57), Cyrela (CYRE3) fechou com ganhos de 6,19% (R$ 18,71) e EzTec (EZTC3) subiu 4,39% (R$ 17,13). Já Direcional (DIRR3) teve alta mais modesta, mas ainda expressiva, de 2,18% (R$ 17,35).

Mais cedo nesta quinta, o IBGE divulgou os dados de inflação medidos pelo IPCA-15, com maio registrando alta mensal abaixo do esperado de 0,51%, ante consenso de 0,64%. A inflação de serviços desacelerou mais do que o esperado, impulsionada principalmente por tarifas aéreas mais baixas, o que compensou impressões mais altas em alimentos consumidos dentro e fora de casa, cuidados pessoais, preços de loterias e medicamentos regulamentados.

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Com o dado de inflação abaixo do esperado, os principais contratos de juros futuros também registraram baixa, com a visão de que o Banco Central está mais perto de cortar a Selic, atualmente a 13,75% ao ano, o que beneficia as ações de construtoras, pelas projeções de que juros mais baixos devem estimular a economia com o crédito mais barato.

Além disso, o mercado ainda repercute as revisões de recomendação do JPMorgan para o setor de construção civil, destacando estar mais otimista levando em conta justamente a recente melhora macroeconômica (com revisões para cima do PIB). O banco elevou a recomendação para as ações da Tenda de underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra devido a uma melhora mais rápida do que o esperado nas margens brutas, enquanto reforçou a MRV como a sua preferida do setor. Cabe ressaltar que, na semana passada, o Credit Suisse elevou a recomendação de TEND3 para compra. 

O JPMorgan destaca a recuperação do setor, que teve alta de 26% nos últimos três meses (excluindo Tenda) versus avanço de 3% do Ibovespa no mesmo período, puxado por: i) expectativa de redução nas taxas de juros de 50 pontos-base a 100 pontos-base até o fim do ano, ii) inflação mensal em queda; e iii) redução do risco-Brasil.

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“Dada essa melhora nos dados macro, estamos reduzindo nossa projeção de custo de patrimônio em 120 pontos-base (ou cerca de 9%) levando a uma revisão para cima de 30% em nossos preços-alvo para 2023. (…) Nossa ordem de preferência
é: MRVE3, CYRE3, DIRR3, TEND3 e EZTC3”, apontam os analistas.

O banco aponta que o segmento de baixa renda deve negociar de olho nas mudanças esperadas pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), incluindo maiores subsídios, juros mais baixos e maior teto de preços, a ser votado pelo Conselho curador do FGTS em junho. Além disso, a maior implantação de financiamento de imóveis do MCMV em até 35 anos pela Caixa Econômica Federal (CEF) também deve ser um catalisador, enquanto investidores também monitoram os comentários de Tenda e MRV sobre as margens brutas de vendas.

Além do MCMV, a contratação de unidades do programa Pode Entrar, programa habitacional do município de São Paulo,  durante o 3T23 e 4T23 também representa um importante gatilho para o setor de baixa renda.

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Já para as empresas de renda média/alta, CYRE3 e EZTC3 negociam tendo como catalisador principal o ciclo de flexibilização de juros no Brasil e sua magnitude. Neste cenário, a preferência permanece pela CYRE3, refletindo a
resiliência de seus resultados de curto prazo, principalmente nas margens. Os resultados de EZTC3, por sua vez, podem permanecem impactados pelas margens fracas do projeto Parque da Cidade.

O setor, especialmente olhando para os segmentos de média e alta rendas, deve se beneficiar na frente macro de: i) desaceleração da inflação; ii) discussão em relação à meta de inflação, o que pode impactar a percepção dos investidores
quanto ao início do ciclo de flexibilização; e iii) declínio contínuo nas taxas de juros reais de longo prazo (10 anos), avaliam os analistas.

O JPMorgan possui recomendação equivalente à compra para MRV, Cyrela e Direcional. Para MRV, o preço-alvo para dezembro de 2023 foi elevado de R$ 11 para R$ 13 (upside de 43% frente o fechamento da véspera); para Cyrela, de R$ 17 para R$ 21 (upside de 19%) e para Direcional, de R$ 19 para R$ 21 (upside de 24%).

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Já para Tenda e EzTec, a recomendação é neutra. Para TEND3, além da recomendação, o preço-alvo foi elevado de R$ 5 para R$ 9 (potencial de valorização de 24%) e para EZTC3 subiu de R$ 15 para R$ 18 (upside de 10%).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.