Ações de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) fecham em queda de até 11% com alta do dólar e cortes de projeções para o setor

Dados da Gol divulgados hoje também mostraram recuperação na receita, mas com margens ainda pressionadas; Morgan e UBS revisaram recentemente o setor

Equipe InfoMoney

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A sessão foi de forte queda para as ações de aéreas, em um cenário de forte aversão ao risco na Bolsa e de alta do dólar ( a divisa americana à vista fechou em alta de 1,96%, a R$ 5,371), – o que impacta as dívidas das companhias-, mas também com dados das empresas e recentes revisões para baixo para o setor.

Os ativos da Gol (GOLL4) tiveram queda de 11,79%, a R$ 7,48, enquanto os papéis da Azul (AZUL4) tiveram queda de 7,55%, a R$ 11,51.

Nesta manhã, a Gol informou ter projetado um prejuízo por ação de R$ 1,80 no segundo trimestre deste ano, excluindo resultados com variação cambial. Nos três meses encerrados em março, a companhia teve prejuízo por ação de R$ 1,65, também na base sem variação cambial, enquanto em igual período de 2021 foi prejuízo de R$ 3,05.

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A empresa espera margem Ebitda (Ebitda, ou lucro sobre juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) de aproximadamente 10% no período de abril a junho, enquanto no primeiro trimestre a margem Ebitda recorrente da Gol foi de 16,8%.

Entre os números operacionais, a Gol projeta avanço de cerca de 50% na receita unitária de passageiros (Prask) ante o mesmo trimestre de 2021, impulsionada pela forte recuperação de viagens corporativas nas malhas domésticas e regionais, bem como retomada de viagens de lazer na malha internacional. A receita unitária total deve crescer 40% na mesma comparação.

O custo unitário sem contar combustível (Cask) deve cair aproximadamente 40% entre abril e junho frente a igual etapa do ano passado, principalmente devido ao aumento de produtividade e apreciação da moeda brasileira versus o dólar no período, disse a Gol. Quando o combustível entra na conta, o cenário do Cask estimado pela aérea muda para aumento de 73% dada a elevação no preço médio de querosene, parcialmente compensada por uma redução de aproximadamente 6% no consumo de combustível por hora operada devido a uma maior parcela da frota composta pelas aeronaves 737-MAX, afirmou a Gol.

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A demanda por voos da companhia deve dobrar no segundo trimestre em base anual, enquanto a oferta de voos deve crescer 125%.

A Gol afirmou que a alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/Ebitda foi de cerca de 10 vezes no final de junho, com liquidez estimada de R$ 3,6 bilhões. A empresa fechou o primeiro trimestre com alavancagem de 10,1 vezes.

A equipe de análise da Eleven destaca que o principal ponto que vem pesando no mercado refere-se ao preço da querosene de aviação, ao qual a Gol estima um preço médio por litro de R$ 6,10, levemente acima das projeções da casa (R$ 6,01).

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“Excluindo o efeito dos combustíveis a companhia deve apresentar uma redução importante na ordem de 40% no custo por assento mostrando um aumento de produtividade com a gradual entrada das novas aeronaves e ganhos com a apreciação do real. Em nossa visão, o resultado negativo já vem sendo precificado com os movimentos de alta do QAV e câmbio nas últimas semanas”, apontam os analistas.

O Itaú BBA ressalta as menores margens para o segundo trimestre de 2022 apesar da alta das tarifas. Os analistas apontam que, dado o risco de queda para os números e os preços dos combustíveis ainda em níveis elevados, continuam cautelosos com as ações da Gol e mantém a recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra), com preço-alvo de R$ 22 (ou upside de 159% em relação ao fechamento de sexta).

Já na avaliação do Bradesco BBI, a receita total da Gol superou o consenso em 2%, com a receita de passageiros por unidade de capacidade (PRASK) subindo 50% na base anual, confirmando o foco de seu sistema de gestão de receita para mitigar a pressão de custos de preços mais altos de combustíveis.

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No entanto, o aumento nos preços do combustível de aviação resultou em uma margem Ebitda contábil de 2%, 7,4 pontos percentuais abaixo do consenso. A taxa de ocupação do segundo trimestre de 77,4% caiu 7,7 pontos percentuais na base anual e com queda de 3,6 pontos na base trimestral, sugerindo que o setor possa começar a reduzir a capacidade na segunda metade do ano e focar nas rotas que oferecem maiores preços e margens.

Revisões 

Além do noticiário sobre Gol, recentemente, alguns grandes bancos revisaram para baixo as suas estimativas para as aéreas.

No último fim de semana, o Morgan Stanley reduziu os preços-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts, ou papéis negociados na Bolsa americana) das aéreas brasileiras.

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O preço-alvo para os ADRs da Azul foi cortado de US$ 10,30 para US$ 5,60 (ou queda de 20% em relação ao fechamento de sexta-feira), enquanto o da Gol (GOL.N) caiu de US$ 5,60 para US$ 2,90 (ou uma cotação 8,5% menor frente o fechamento de sexta). Ambas seguem undeweight (exposição abaixo da média do mercado, ou equivalente à venda).

Os analistas atualizaram as estimativas para Azul e Gol antes do segundo trimestre de 2022 (2T22) de forma a refletir alguns fatores. Entre eles: a curva de combustível de aviação atualizada (com o preço médio assumido de combustível para o ano aumentando em 20%), a desvalorização de cerca de 10% do real desde a última atualização do Morgan, além de premissas de crescimento de capacidade moderadamente menores para 2022.

“Com esses fatores, nossas estimativas de Ebitda para 2022 para Azul e Gol caíram cerca de 20%, implicando em um cenário de deterioração do fluxo de caixa”, apontam os analistas.

No início do mês, o UBS BB também reiterou a recomendação de venda para as ações das duas aéreas. O preço-alvo de Azul foi cortado de R$ 17,50 para R$ 11,50 e o de Gol foi de R$ 11,20 para R$ 8,60.

Os analistas destacaram o atraso na recuperação das viagens aéreas desde o início da pandemia de Covid-19 e a projeção de que a demanda reprimida por viagens possa ter atingido um pico como fatores para a diminuição nas projeções. O corte nos preços-alvo ainda se deve ao aumento nos preços dos combustíveis e na dívida líquida das companhias.

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