Oi (OIBR3): ainda que esperada, venda concluída da operação móvel é positiva para todos os players envolvidos, apontam analistas

O preço ajustado da operação foi de R$ 15,9 bilhões, com TIM ficando com a maior fatia; confira os próximos passos

Lara Rizério

Loja da Oi Móvel/Oi telecomunicações em São Paulo (Foto: Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

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Ainda que já esperada, a finalização da venda da operação da operação móvel da Oi (OIBR3;OIBR4) para o consórcio formado por TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro na última quarta-feira (20) é positiva para todos os players envolvidos, segundo apontam analistas de mercado. O preço ajustado foi de R$ 15,9 bilhões.

Os compradores já pagaram R$ 14,5 bilhões (dos quais R$ 4,6 bilhões já foram utilizados para amortizar a dívida da Oi junto ao BNDES), e o restante ficará retido por até 120 dias para atender eventuais ajustes ou outras despesas imprevistas.

Além do preço de fechamento, a Oi poderá receber um valor contingente adicional líquido de até R$ 294,6 milhões em caso de atingimento de determinadas metas de migração de bases de clientes e frequências. Com o fechamento da operação, os ativos móveis da Oi serão fatiados; a TIM, que tem a menor participação de mercado entre as três, ficará com mais DDDs do que as rivais.

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Assim, a XP destaca que a conclusão é especialmente positiva para a Oi e para a TIM, esta última para a qual possui recomendação de compra e preço-alvo de R$ 21 para o final de 2022.

A TIM desembolsou R$ 7 bilhões pela compra dos ativos e desembolsará mais R$ 230 milhões até o primeiro trimestre de 2023 (1T23) condicionado a determinadas metas de base de clientes. Adicionalmente, a companhia pagou R$ 250 milhões a título de prestação de serviços na fase de transição, além de assumir um compromisso (contrato take or pay) para uso de infraestrutura de transporte por 10 anos com um Valor Presente Líquido (VPL) estimado de R$ 476 milhões.

A Vivo, para a qual a XP possui recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 57, desembolsou R$ 5,4 bilhões pela compra dos ativos e desembolsará mais R$ 115 milhões até o 1T23 condicionado a determinadas metas na transição. Adicionalmente, a companhia pagou R$ 179 milhões a título de prestação de serviços na fase de transição, além de assumir um compromisso para uso de infraestrutura com um VPL estimado de R$ 179 milhões;

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O valor total da operação para a Claro foi de R$ 3,571 bilhões, tendo a operadora já efetuado o desembolso de R$ 3,246 bilhões. Outros R$ 324,6 milhões ficarão temporariamente retidos para eventuais ajustes de preços mediante condições previstas no contrato.

A companhia também efetuou o pagamento de R$ 187,7 milhões referentes a serviços de transição dos ativos a serem prestados por 12 meses a partir da data do fechamento pela Oi. A Claro anunciou ainda que foi firmado o contrato de fornecimento de capacidade de transmissão de sinais de telecomunicação em regime de exploração industrial VPL de aproximadamente R$ 164 milhões, a ser pago para a Oi ao longo de três anos.

A migração de clientes para TIM, Vivo e Claro ocorrerá em fases e vai durar 12 meses. Nesse período, a Oi vai continuar fazendo o atendimento dos clientes para evitar eventuais rupturas e impactos nas operações. Esse formato foi acordado através de um contrato de Serviços de Transição.

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O Credit Suisse também destacou ver a notícia como positiva, mas esperada. “Os números finais foram todos bastante próximos das expectativas, com o preço de fechamento ajustado da transação apenas 4% abaixo do valor proposto de aquisição de R$ 16,5 bilhões anunciado em setembro de 2020, devido a alguns ajustes de caixa e capital de giro, em nossa opinião”, avaliaram os analistas.

A Levante Ideias de Investimentos destacou ainda que a conclusão da venda de seus ativos móveis marca um novo momento na história de reestruturação da Oi. Com a recuperação judicial terminando em maio, a indefinição entre Cade, Anatel e as empresas incomodava demais o mercado. No entanto, é importante ressaltar que na Anatel o deal ainda está em
pedido de vistas, para revisão de alguns pontos do tratado.

“Na nossa visão, com a operação da Oi chegando em um nível insustentável, caso a venda não fosse aprovada, provavelmente a companhia continuaria a diminuir sua relevância, de modo a perder mercado para as demais empresas de forma lenta e mais prejudicial ao consumidor final”, destacam os analistas da casa de research.

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Segundo dados do terceiro trimestre de 2021, a Oi possuía aproximadamente R$ 30 bilhões de dívida líquida. Com a
venda dos ativos móveis, esse número cai quase pela metade, para algo próximo de R$ 15 bilhões. Segundo a empresa, o valor recebido será suficiente para pagar toda a dívida devida ao BNDES (cerca de 4,5 bilhões), e para quitar uma parte significativa dos financiamentos captados durante a recuperação judicial.

Além disso, a companhia espera agora a aprovação da venda do controle da sua rede de fibra para a GlobeNet e fundos do banco BTG Pactual, por aproximadamente R$ 13 bilhões, deixando a companhia praticamente livre de dívida.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.