Embraer: elevação de recomendação e novo acordo para fornecer “carros voadores” fazem ação saltar 12%

Goldman elevou recomendação para equivalente à compra no mesmo dia em que Embraer recebeu encomenda de até 100 eVTOLs da Bristow

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Uma união de notícias positivas leva a uma forte disparada das ações da Embraer (EMBR3) na sessão desta quinta-feira (23). Os papéis EMBR3 subiram 12,16%, a R$ 23,89,  perto da máxima de R$ 23,97 do dia (ou alta de 12,54%)

Durante a manhã, a fabricante de aeronaves brasileira comunicou que a sua “startup” de “carros voadores” (ou os chamados eVTOLs) fez o seu 12º acordo em pouco mais de três meses.

Desta vez, a Embraer recebeu encomenda de até 100 eVTOLs da Bristow, com quem assinou acordo, via a Eve Urban Air Mobility, para atuarem no desenvolvimento de um certificado de operador aéreo (AOC) para a aeronave elétrica de pouso e decolagem vertical.

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Segundo comunicado da brasileira, o memorando de entendimento visa desenvolver um modelo de operação de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) e uma encomenda de até 100 eVTOLs com entregas previstas para começar em 2026.

Nesta semana, ela já havia anunciado outro acordo, com a Helipass, para a França e outros países da Europa.

A parceria visa acelerar e implantar as aeronaves – chamadas também de EVA (Electrical Vertical Aircraft) – com 50 mil horas de voo por ano na aeronave elétrica da Eve, com aumento opcional de 100 mil horas por meio da a rede da plataforma de reserva de voo.

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A Eve oferecerá treinamento, apoio local e publicações técnicas. O lançamento comercial da “EVA” está planejado para 2026. Os voos incluirão passeios turísticos, traslados para aeroportos e serviço sob demanda.

O Bradesco BBI destaca que as notícias são positivas para a Embraer. Os analistas do banco possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ADRs (na prática, ações da companhia negociadas na Bolsa de Nova York) com preço-alvo de US$ 25 (ou potencial de alta de 55,7%), à medida que a empresa está gradualmente diminuindo o risco de seus negócios eVTOL por meio de parcerias estratégicas globalmente.

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O Itaú BBA também tem recomendação outperform para o ADR, com preço-alvo de US$ 21 (ou potencial de alta de 31%) por ativo, mas apontam verem espaço para revisar as estimativas para cima.

A maior exposição ao segmento de eVTOLs, por sinal, fez o Goldman Sachs elevar a recomendação para os ADRs de neutro para compra, com o preço-alvo sendo elevado de US$ 14 para US$ 23, ou um potencial de alta de 43,2% em relação ao último fechamento.

Segundo o Goldman, esse é um gatilho importante de crescimento que não está precificado, com potencial valor de US$ 2 bilhões.

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Além disso, Noah Poponak, Gavin Parsons, Anthony Valentini e Dan DePaoli, analistas do Goldman, apontam que o ADR da Embraer é negociado a um múltiplo de sete vezes o valor sobre o lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de 2023, o que é atrativo, já vez que seu negócio de jatos regionais ainda estão bem abaixo de uma normalização. Enquanto isso, os bons resultados da empresa nas próximas divulgações de balanços devem sustentar a recuperação do valor dos ativos.

Eles citam que o balanço do segundo trimestre já mostrou recuperação de margens e fluxo de caixa, mesmo com os volumes ainda baixos, sinalizando potencial de recuperação continuada.

Os analistas também avaliam que o mercado de aviação está se recuperando e as empresas estão reestruturando suas frotas, o que favorece fabricantes de jatos executivos, como a Embraer. “A maior parte (90%) das receitas e fluxo de caixa da companhia vêm dos seus negócios de jatos executivos e regionais, em um cenário em que a recuperação do setor está sendo sustentada por voos domésticos, onde os fundamentos de viagens privadas são particularmente fortes”, reforçam.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.