Ações da BRF sobem 14% em dois pregões com especulações de que Marfrig chegará a 30% de participação na companhia

Últimas duas sessões da companhia foram marcadas por operação de compra e venda em bloco (ou block trade) que movimentaram papel

Equipe InfoMoney

Planta da BRF (Divulgação)

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SÃO PAULO – A sessão desta quarta-feira (2) marcou mais um dia de forte alta para as ações da BRF (BRFS3), em meio à venda em bloco de ativos da companhia que fizeram os papéis da companhia terem a negociação congelada em cerca de uma hora na véspera e também nesta data.

Ontem, os ativos BRFS3 subiram 9,55%, em meio a mais um block trade (leilão agendado por um grande investidor para se desfazer de uma quantidade de ações) envolvendo as ações da companhia. A operação, a princípio, seria de venda de 2,89% do capital social da companhia com a venda de 23,5 milhões de ativos BRFS3 a um valor de R$ 28,75, movimentando cerca de R$ 670 milhões. Segundo informações do Brazil Journal, com minutos para o fim do leilão, o tamanho do lote aumentou para 36 milhões de ações, sugerindo que a transação atraiu mais vendedores.

Nesta data, o block trade ocorreu no final da manhã: de acordo com informações da Bolsa, o movimento ocorreu devido à negociação de 1,72% do capital das ações ordinárias. Os papéis BRFS3 fecharam esta quarta com ganhos de 4,11%, a R$ 29,38, acumulando assim uma alta de 14% em apenas nas duas primeiras sessões de junho – e após saltarem 24% em maio (veja mais clicando aqui).

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A corretora usada nas operações foi a do JP Morgan, a mesma que foi usada pela Marfrig (MRFG3) para levar a sua exposição ao capital da BRF em 24% do capital social no mês de maio.

E, de acordo com informações da Reuters e do Brazil Journal, a Marfrig está aumentando sua participação na companhia de alimentos por meio de leilão na B3 e deve ampliar sua fatia recém-adquirida de 24% para até 30%.

Questionadas pela Reuters, a Marfrig, gigante do setor de carne bovina e líder global em produção de hambúrgueres, não quis comentar. A BRF, maior exportadora mundial de aves e que também produz carne suína, também preferiu não se pronunciar. Embora as ações da BRF tenham disparado, para uma máxima em 52 semanas, a empresa disse em um comunicado nesta quarta-feira de manhã que desconhecia as razões por trás do salto repentino.

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Cabe destacar que, também de acordo com informações da Reuters, a Marfrig solicitou formalmente ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a aprovação da compra de quase um quarto das ações circulantes da BRF pela companhia, anunciada em 21 de maio – e após muitas especulações de mercado (veja mais clicando aqui).

Uma porta-voz da Marfrig disse à agência que o pedido, que deve ser analisado em um procedimento “fast-track”, foi realizado em 28 de maio e poderá ser processado em até 30 dias. Os papéis da Marfrig chegaram a subir mais de 5% na tarde desta quarta-feira, mas fecharam com alta de 2,60%, a R$ 18,96.

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A decisão da Marfrig de buscar a análise do órgão antitruste ressalta a sensibilidade do investimento, apesar de a companhia insistir que não pretende influenciar a gestão da BRF. A empresa de carne bovina afirmou que a operação, que ocorreu quase dois anos após o fracasso de negociações para uma fusão das duas empresas, tem caráter passivo e visa diversificar seus investimentos.

Em e-mail enviado à Reuters, o Cade afirmou que até o momento não houve qualquer menção no Diário Oficial da União ao pedido feito pela Marfrig ao órgão.

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, sem uma aprovação por parte do Cade a respeito da transação ocorrida, a Marfrig fica vedada de qualquer movimentação em relação à Administração e tomada de decisões na BRF.

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“Porém o órgão não deve dificultar um aval, dado que as companhias operam em mercados distintos, além de a JBS (JBSS3) ter debaixo de sua operação a Seara e a JBS Brasil, o equivalente à BRF e a Marfrig, em uma comparação mais imediata”, avaliam os analistas.

Os analistas lembram que a regra da “pílula de veneno” (poison pill) da BRF, ou seja, gatilho de obrigatoriedade de uma oferta pública de aquisição (OPA) é de 33,33% da participação, o que obrigaria o comprador a realizar uma oferta para os demais acionistas para a compra da companhia toda com um prêmio de 40% sobre o preço médio de mercado.

Com relação às operações da companhia, embora não haja sinergias operacionais relevantes, há uma complementaridade em termos de resultados, dado que o ciclo do frango e dos suínos tende a ter correlação inversa à do boi.

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(Com Reuters)

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