Tesouro Direto: títulos públicos operam em alta, com tensão política no radar

No cenário global, aumento nos casos de coronavírus não diminui o otimismo dos investidores, que se apoiam nos pacotes de estímulo fiscal dos governos

Lucas Bombana

SÃO PAULO – As taxas dos títulos públicos negociados via Tesouro Direto iniciam a semana em alta, em uma sessão de agenda esvaziada de indicadores, na qual o noticiário político segue como o principal ponto de atenção do mercado.

Entre os prefixados, o prêmio pago pelo título com vencimento em 2023 estava em 4,19% nesta tarde, o mesmo patamar do pregão de sexta-feira. O juro pago pelo mesmo papel com prazo em 2026, por sua vez, que era de 6,40% na sexta, subia hoje para 6,48%.

Entre os títulos indexados à inflação, o prêmio do Tesouro IPCA+ 2026 subia de 2,66% no último pregão, para 2,71% nesta tarde. A taxa do mesmo papel com vencimento em 2035, que no pregão anterior era de 4,07%, subia hoje para 4,12%.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos ofertados nesta segunda (22):

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No cenário local, os investidores seguem atentos aos desdobramentos da prisão de Fabricio Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), encontrado pela polícia na casa do advogado da família do presidente da República.

O advogado em questão, Frederick Wassef, anunciou na noite deste domingo que deixará a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Wassef também pediu desculpas ao presidente Jair Bolsonaro, de quem sempre tentou mostrar proximidade. No entanto, não esclareceu o motivo pelo qual Queiroz estava em seu imóvel.

Na avaliação do JP Morgan, a prisão de Queiroz aumenta a tensão política no Brasil, pois aproxima as investigações da família do presidente.

O banco americano trabalha com um cenário-base no qual o Banco Central fará um corte de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom), levando os juros básicos para 1,75% ano.

A visão está alinhada à do grupo “Top 5”, do boletim Focus, do BC, que mais acerta as previsões para os indicadores de mercado. Os especialistas reduziram nesta semana de 2,25% para 1,75% a previsão para a Selic em dezembro.

Cena externa

No mercado internacional, o pregão é marcado pelo maior apetite por risco por parte dos investidores, com as bolsas globais em alta, a despeito dos números ascendentes do coronavírus.

A visão é de que a segunda onda não será tão forte a ponto de levar a novas medidas de isolamento social, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve e outros bancos centrais injetam bilhões no mercado.

“O mercado não acredita que veremos bloqueios draconianos, mesmo que haja um ressurgimento do vírus. A política mudou. Também há uma sensação generalizada de que os ativos mais arriscados não caem muito, porque o Federal Reserve não deixaria”, disse, à Bloomberg, James Athey, gerente da Aberdeen Standard Investments.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que, neste domingo, 183 mil casos da Covid-19 foram confirmados no mundo, com o número total de infectados chegando a 8,7 milhões em meio à reabertura de diversas economias.

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