Varejo: hora de investir? Ou de temer inflação e juros altos?

Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital, e Angélica Marufuji, sócia e analista da Meraki Capital, debateram o tema no episódio 142 do Stock Pickers

Equipe Stock Pickers

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Em momento de inflação e juros altos, como o atual, as ações do setor de varejo são as mais penalizadas.

Como estão ligadas diretamente ao consumo dos brasileiros, a redução do poder de compra afeta os resultados e as perspectivas de crescimento dessas companhias.

Apesar disso, dados recentes podem indicar que o pior momento pode ter ficado para trás.

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Segundo o IBGE, as vendas do varejo cresceram 1,1% em fevereiro na comparação mensal, número acima do que o mercado projetava. Das oito categorias, apenas duas sofreram retração no período: os segmentos farmacêutico e de material de construção.

Além disso, ao que tudo indica, o ciclo de elevação da taxa Selic, atualmente em 11,75% ao ano, está relativamente perto do fim.

Nesse cenário, vale a pena comprar ações de varejistas na B3?

“São raras as vezes em que vimos momento como esse, estamos perto do pico dos juros e da inflação, devemos normalizar, e a Bolsa está barata. Não é sempre que as duas coisas convergem”, disse Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital, no episódio 142 do Stock Pickers.

Varejo alta renda

Entre os diversos setores do varejo no Brasil, o menos afetado pela crise é o de alta renda.

Para Angélica Marufuji, sócia e analista da Meraki Capital, as empresas voltadas para esse mercado ainda têm muito espaço para crescer e devem continuar apresentando bons resultados e retornos para os investidores.

Isso porque devem sair vencedoras no cenário posterior à crise. “Eu não faria a troca de uma empresa que já andou [ou seja, não venderia uma ação que já subiu]”, afirmou ela no Stock Pickers.

“Ainda tenho preferência pelas empresas mais premium e marcas reconhecidas”, disse Angélica.

Entre as preferidas do setor, as especialistas destacam o Grupo SBF (SBFG3), controlador da Centauro, Arezzo (ARZZ3), Vivara (VIVA3) e Track&Field (TFCO4).

“As classes A e B vão continuar consumindo. E essas são marcas boas, mas que também oferecem opções mais em conta”, disse Sara, ressaltando o trade down que essas marcas oferecem no próprio grupo.

Alimentos e e-commerce

Apesar disso, as especialistas ressaltam que é importante os investidores não deixarem de estudar os outros segmentos do varejo, como o alimentício e o de e-commerce

“Não podemos deixar de olhar marcas que sofreram muito, mas podem se recuperar. Temos que combinar as duas coisas nesse cenário de varejo”, comenta Angélica.

Nesses outros segmentos, no entanto, o investidor deve ter mais cautela e entender se faz sentido para sua estratégia comprar essas ações.

Sobre o setor alimentício, a sócia da Dahlia ressalta que ele costuma ser mais defensivo. Ou seja, não sofreu muito, mas também não deve apresentar grandes retornos no momento da recuperação.

“As pessoas nunca param de comer, mas não é um setor de crescimento, costuma entregar PIB mais inflação”, disse Sara.

Já sobre o e-commerce, um dos setores mais penalizados desde o segundo semestre do ano passado após o boom de 2020, a sócia da Meraki afirma que, ao que tudo indica, o pior já passou.

Mas, acrescenta, o setor ainda está muito sensível e a volatilidade deve continuar. Por isso, é necessário cautela.

“Ainda é difícil saber quando a rentabilidade desse mercado vai se estabilizar. Por isso, não acho o momento adequado para voltar a ter uma alocação relevante nele”, afirmou Angélica.

Para mais detalhes sobre a visão das especialistas ao setor, veja o episódio 142 do Stock Pickers completo.

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