Stuhlberger otimista, Xavier… também? Uma inusitada revelação neste encontro de gigantes

Famoso por sua visão crítica sobre o futuro e os desafios do Brasil, gestor da SPX explica os 3 motivos que o fizeram mudar de opinião sobre o País

Thiago Salomão

(CONDADO DA FARIA LIMA) – Luis Stuhlberger (fundador da Verde Asset) e Rogerio Xavier (fundador da SPX), dois dos maiores gestores da história do Brasil, estiveram juntos no evento anual do Credit Suisse na última terça-feira (26). Quem acompanha a opinião deles poderia imaginar que veríamos algum embate sobre opiniões/posições diferentes em suas carteiras, mas fomos surpreendidos por um otimismo consensual – a surpresa vem, principalmente, pelo Xavier.

Ver Stuhlberger otimista não surpreende, já que em 2020 ele foi um dos primeiros gestores a dizer publicamente que estava “enchendo a mão” de bolsa em meados de março (antes das mínimas do ano). Ele inclusive relembrou isso no painel de ontem:

“Em algum momento eu disse ano passado que a gente não sabia qual até onde iria a Covid, mas que quando a gente soubesse já seria ‘too late’ para comprar [ações]. Hoje, nossa dúvida é entender o quanto dessa recuperação já está no preço”, disse o CIO da Verde. Para ele, a própria evolução das vacinas já seria motivo para deixá-lo otimista, mas isso é reforçado pela política de estímulos do novo governo americano: “diria que essas projeções de PIB de 6,5% para os EUA de fato podem se materializar”.

Já Xavier é notoriamente conhecido pela sua visão “pessimista” sobre Brasil (respondendo a isso em outra live, ele disse que não se considera pessimista, mas sim um realista). Três meses atrás, em live feita com a casa de análise Spiti, ele revelou que estava comprado em bolsas americanas mas que “o cenário não estava propício para tomar risco no Brasil” e criticou a política monetária do Banco Central. Já agora em janeiro, a SPX trouxe um tom mais otimista em carta comentando os resultados de 2020, porém ainda cética com Brasil.

Desta vez, o discurso de Xavier foi bem mais pró-Brasil: “O Brasil sempre foi capaz de me surpreender pelo lado negativo, mas nos últimos 7 dias, apareceu uma luz no fim do túnel – e não é um trem vindo na minha direção. 3 fatores muito importantes aconteceram [para isso]”, explica o gestor.

Esses três fatores foram:

  1. Ata do Copom:Recebi com enorme satisfação o resultado da última reunião, sempre fomos muito críticos ao nível da taxa de juros que chegou no Brasil e o foward guidance amarrava ainda mais para essa aberração de juro baixo. Não só o foward guidance cair como ter vindo discussão de alta de juros nesta reunião já me trouxe muito ânimo. Parece que esse ano vai ser o ano de concertação dos exageros cometidos em 2020, seja com juros ou com auxílio”.
  2. Retirada dos auxílios: Caso aconteça algum auxílio, deve ser menor que ano passado, diz Xavier. “Não vai me preocupar dar o auxílio por 3 meses”, diz o gestor. Stuhlberger concordou com o efeito benigno desta extensão.
  3. Eleição na câmara e no Senado: “Isso está com uma cara muito favorável ao governo. Muito provável que o Arthur Lira ganhe na Câmara e o Rodrigo Pacheco no Senado, o que seria uma notícia espetacular para o governo. Mesmo que você aprove um auxílio emergencial novo, é bem provável que você tenha a aprovação de uma PEC importante”.

A Lara Rizério publicou no InfoMoney um belo resumo sobre esse papo de uma hora (link abaixo).

Stuhlberger e Xavier veem cenário mais positivo para o Brasil e o mundo, mas alertam sobre o que já está precificado

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers