Se você demora mais de 2 minutos para explicar uma tese, ela não é boa

Newsletter nº 048

Josué Guedes

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Texto originalmente enviado aos assinantes da newsletter Stock Pickers no sábado, 17 de julho de 2021. Para recebê-la, clique aqui.

Pode parecer que não, mas nosso trabalho é simples: convidamos pessoas extremamente inteligentes para falar sobre com ganhar dinheiro no mercado financeiro.

Cada um dos gestores que já passou por aqui nos ensinou alguma coisa nova e/ou apresentou uma tese de surpreendente.

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São esses momentos que fazem todo nosso trabalho valer a pena.

No último episódio do STKP, conversamos com Marco Freire, que talvez seja o único gestor multimercado raiz do Brasil, isso porque ele tem 20 anos de gestão e sempre atuou em fundos multimercados (para quem não entende o que um multimercado faz, a resposta mais simples é: praticamente tudo, desde bolsa à commodites e até criptomoedas).

Freire é responsável pela gestão dos ativos líquidos da Kinea Investimentos, que totalizam R$ 36 bilhões (a Kinea como um todo tem mais de R$ 50 bilhões em ativos sob gestão).

Gerindo tanto dinheiro, você deve imaginar que para algum ativo entrar nas carteiras da Kinea é necessário horas de apresentação e discussões. De fato, é preciso estudar muito na hora de apresentar algo, mas Freire nos revelou uma característica muito peculiar utilizada por ele na hora de saber se uma tese é boa ou não (e que vai contra o senso comum).

Se você não souber explicar uma tese de investimentos em 2 minutos, ela não é boa.

Pode parecer contra intuitivo, porque quanto mais uma pessoa fala sobre um assunto, mais parece que ele entende sobre aquilo.

Porém, não se deve confundir as coisas, pois é muito mais difícil ser simples do que prolixo.

Um exemplo claro disso é o Minuto Touro de Ouro produzido pelo Pablo Spyer (“vai tourinho”) todas as manhãs antes do mercado abrir.

Pablo contou recentemente no Gaincast, podcast oficial do time de análise técnica do Grupo XP, que para produzir aquele vídeo de um minuto e meio (no máximo) ele leva até 2 horas lendo as notícias, preparando o roteiro e gravando para conseguir chegar no essencial e transmitir uma mensagem que todos consigam entender.

É o famoso menos é mais.

Aproveitando a ideia do Freire e sabendo que, em média, um adulto lê 100 palavras em 1 minuto, vou usar no máximo 200 palavras para explicar cada uma das suas grandes convicções do momento.

1) Alta dos juros nos EUA

Não é novidade para ninguém que os Bancos Centrais inundaram os mercados com muita liquidez nos últimos tempos, mas isso não irá durar para sempre. Em algum momento (não muito distante para Freire), as condições financeiras terão que ser “apertadas” e isso significa que ocorrerá alta dos juros e diminuição da liquidez.

2) Cauteloso com empresas de small caps nos EUA

A pressão de custos vista ao redor do mundo afeta mais as pequenas empresas do que as grandes, que não possuem custo de mão de obra tão relevante. Além disso, a alta de tributos, que deve ocorrer em algum momento, “bate” mais nas empresas pequenas. Como a alta do índice de small caps ocorreu em meio a euforia dos pequenos investidores, de um modo geral, empresas de qualidade inferior ficaram muito caras e tendem a se ajustar.

3) Alta de commodities

O mundo continua num bom ritmo de crescimento e ninguém investiu em commodities por dez anos, porque não havia um retorno interessante nessa classe de ativos. Isso culminou numa fase de oferta limitada com demanda subindo. Atualmente existe déficit em quase todos os mercados do mundo: demanda maior do que a oferta. Além disso, a transição para uma economia mais sustentável nos próximos anos implicará em uma maior demanda de commodities de uma maneira geral. Por consequência, os preços tendem a subir.

4) Apreciação do real

As moedas dos países emergentes, de um modo geral, ficaram muito para trás nos últimos tempos. No Brasil, a história não foi diferente. Mas, com normalização dos juros, diminuição do risco fiscal e contas externas melhorando por conta da alta das commodities, a relação juros-risco tende a diminuir e isso torna a moeda brasileira atrativa.

Essas foram as 4 principais teses apresentadas por Freire num episódio que durou quase 2 horas. Mas tem muito mais lá!

Além das teses, no final, Freire fez um alerta revelador para o investidor pessoa física: “pare de olhar para o CDI como reserva de emergência e comece a pensar em NTN-B”. O motivo está na diferença gigante entre a inflação atual e o retorno do CDI.

Como essa newsletter ficou muito longa, vou deixar isso para depois para não ser prolixo. Mas você pode conferir o que ele falou sobre isso no finalzinho do episódio (veja aqui).

Vendido em bolsa, comprado em juros dos EUA e commodities: as grandes convicções do gestor de R$ 36 bilhões

Gestor de fundo multimercado no fundo é um grande administrador de risco: seu trabalho tem que ser procurar os ativos com a melhor relação “risco-retorno”. É essa definição que Marco Freire usou no último episódio Stock Pickers antes de explicar por que sua carteira está “net vendida” (com mais posições vendidas do que compradas) em ações e está “long” (comprado) em commodities, juros americanos (apostando que a taxa nos EUA vai subir) e em moedas como o real.

Autoridade para Freire não lhe falta: com 20 anos de mercado (todos eles atuando em fundos multimercados), ele hoje é responsável pela gestão dos ativos líquidos da Kinea Investimentos, que totalizam R$ 36 bilhões (a Kinea como um todo tem mais de R$ 50 bilhões em ativos sob gestão).

Confira o papo completo com diversas teses em nosso canal no YouTube (link aqui).

Gestor explica por que prefere Marfrig ao invés de Minerva, JBS e BRF

No Coffee & Stocks desta quinta-feira (15), recebemos Flavio Kac, gestor com mais de 15 anos de experiência e que hoje é responsável pelo fundo Asa Long Biased, da Asa Investments. Ele explicou por que Marfrig (MRFG3) é a maior posição da carteira dele e por que, na visão dele, ela é um melhor investimento agora do que Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3).

A explicação completa você confere nos 30 minutos de conversa no vídeo acima ou direto em nosso canal no Youtube (link aqui).

Lançamento do Corte Pickers…

Em todos os episódios do STPK, existem momentos que se destacam e geram muita repercussão em nossas redes.

O último foi o conselho sobre “ganhar o jogo” do Rodrigo Campos, ex-Constellation, convidado do episódio #103. Se você ainda não viu, aproveite para escutar esse pequeno recorte que viralizou no nosso instagram.

Como agora iremos transmitir ao vivo todos os nossos episódios no YouTube, resolvemos criar um canal só de cortes para o programa e compartilhar os melhores momentos de cada gravação lá.

Até o momento já subimos mais de 40 trechos e logo mais colocaremos os melhores momentos do último episódio também.

Inscreva-se e ative a notificação para não perder nada do que iremos compartilhar no canal Cortes do Stock Pickers!

Dica para o Brasil: só não faça m***a [resumo das cartas de julho]…

Na segunda-feira (12/07), realizamos mais uma live do Carteiros do Condado  com o melhor resumo/debate do que as principais gestoras do Brasil expuseram em suas cartas.

O título do episódio é uma referência ao que foi dito durante a gravação e essa “tese” ganhou força após o Coffee com Ricardo Denadai, por que, para ele, “é só o Brasil não fazer “gol contra” que as coisas darão certo“.

Um episódio, 4 livros…

Após mais um episódio do STPK, nossa biblioteca ganhou 4 recomendações.

Dos quatro livros indicados, 2 são grande novidade em nossa lista que agora possui 254 recomendações.

Marco Freire, da Kinea, recomendou 3 livros:
1. More Than You Know: Finding Financial Wisdom in Unconventional Places (novidade);
2, A lógica do Cisne Negro (novidade);
3. Desafio aos deuses: a fascinante história do risco.

E a Nathália de Sá, analista da XP Allocation, indicou um velho conhecido dos ouvintes do STPK: O Mais Importante para o Investidor (H. Marks).

Aproveite para encontrar sua próxima leitura na maior biblioteca de recomendações do Condado: Biblioteca Stock Pickers.

Josué Guedes
CMO do Stock Pickers