Para este gestor, pandemia criou oportunidade em Burger King (BKBR3)

Mesmo tendo maioria das lojas em shopping, empresa acelerou processo que atende ao novo normal

Renato Santiago

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Tocar uma rede de restaurante não parece uma tarefa fácil. Tocar uma rede de restaurantes durante a pandemia, menos ainda. Tocar uma rede de restaurantes que tem dois terços das unidades dentro de shoppings centers durante uma pandemia talvez seja a tarefa mais difícil de todas no setor. 

Essa é a situação na qual o Burger King (BKBR3) se encontra desde que o coronavírus impôs um abre-e-fecha do comércio. 

Com mais de dois terços de seus restaurantes localizados em shoppings, a rede se viu sem a possibilidade de receber seus clientes e sem poder usar a maior parte de suas lojas como pontos para retirada ou produção para delivery. 

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O papel sofreu e chegou a perder 48% do seu valor de mercado pré-pandemia. Mas para Gabriel Trebilcock, da ACE Capital, esse cenário representa uma oportunidade. Ele explicou sua tese no Coffee & Stocks desta quinta-feira. Abaixo os principais trechos da conversa. 

Shoppings

Quando chegou ao Brasil, o Burger King optou por abrir restaurantes em shoppings para ter reconhecimento da marca e aos poucos abrir mais lojas nas ruas. Hoje eles têm 75% dos estabelecimentos em shoppings (544 de 707, o que não conta franqueados). O Mc Donald’s tem 1.100, dos quais apenas 40% são em shoppings.

Restaurantes de shopping são mais caros para manter devido ao aluguel mais alto e também são mais difíceis de serem usados para entregas. E isso pesou bastante nas receitas da companhia desde que a pandemia começou. 

É claro que isso não é bom, mas a direção da companhia conseguiu tirar coisas boas daí, fortalecendo seu aplicativo de entrega, implantando projetos de uso de dados ligados a desconto e criando dark kitchens, cozinhas sem salão que só atendem pedido para entrega. 

Ao mesmo tempo, com a vacina chegando, temos a possibilidade de que o terceiro trimestre de 2021 já seja mais parecido com o terceiro trimestre de 2019 que com o mesmo período de 2020. Isso se reflete da seguinte forma nos nossos preços: se a reabertura vier em breve, o papel pode subir até R$ 13, ou quase 30% em relação ao preço atual. Se as coisas foram mal para a companhia, a ação pode perder cerca de 7%.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney