“Estamos pessimistas com a Europa e otimistas com os EUA”, dizem gestores sobre temores de recessão

Alfredo Menezes, sócio-fundador, CEO e CIO da Armor, e Sérgio Machado, sócio e gestor da Trópico, falaram sobre o tema no episódio 154 do Stock Pickers

Equipe Stock Pickers

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O ano de 2022 tem sido marcado pela alta inflação no mundo inteiro. Nos EUA, a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,3% em junho na comparação com maio. Com isso, a taxa atingiu 9,1% nos últimos 12 meses, o maior patamar desde 1981. O dado veio acima do esperado pelo mercado, que era de 1,1% na comparação mensal e 8,8% na anual.

Na Europa, o CPI subiu 0,8% em junho e atingiu a marca histórica de 8,6% nos últimos 12 meses, dado também acima das expectativas. Aqui no Brasil, a inflação medida pelo IPCA subiu 0,67% em junho e agora acumula alta de 11,89% nos últimos 12 meses.

Neste cenário, o risco de recessão global aumentou muito nas últimas semanas, assim como as expectativas de aperto monetários pelos bancos centrais. “As crises passadas tiveram um ponto de origem, mas nessa para a gente olha tem problemas”, disse Sérgio Machado, sócio e gestor da Trópico Investimentos, no episódio 154 do Stock Pickers.

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Europa na pior situação

Apesar do cenário adverso no mundo inteiro, Alfredo Menezes, sócio-fundador, CEO e CIO da Armor Capital, afirma que a Europa está na pior situação. Para ele, os EUA podem conseguir controlar alta inflação sem entrar em recessão, já o Velho Continente não.

Isso porque o Velho Continente pode sofrer muito mais com as consequências da guerra na Ucrânia, especialmente na questão do fornecimento de gás russo. Não é à toa, segundo Menezes, que o euro tem perdido muito força e agora opera perto da estabilidade frente o dólar.

“Estamos pessimistas com a Europa e otimistas com os EUA. O que acelerou isso foi o Fed subir os juros enquanto o BCE continua resistindo na elevação”, disse o CEO da Armor Capital no Stock Pickers.

Machado, da Trópico Investimentos, concorda com essa visão e ainda ressalta a diferença das economias do país e do continente. “A resistência da economia americana é brutal, diferente da Europa”, apontou.

Brasil

Neste cenário de EUA em melhor condição do que a Europa, os especialistas pontuam que o Brasil está melhor posicionado. Isso não significa, no entanto, que o País não passará por um momento complicado.

Para Menezes e Machado, o Ibovespa ainda tem mais espaço para cair e o dólar subir. Isso porque, grande parte da valorização da Bolsa e da depreciação do dólar frente o real se deu pelo boom das commodities no começo do ano.

Porém, o movimento agora foi para o sentido oposto, pressionando o mercado brasileiro. Além disso, Machado pontua que a Selic está muito mais elevada do que a inflação, o que também é ruim. “Dar muito remédio pode matar o paciente”, diz o gestor da Trópico Investimentos.

Além disso, a eleição presidencial chegando cada vez mais perto aumenta a volatilidade do mercado interno. “Entre Lula e Jair Bolsonaro não muda nada, o que muda é quem vai ser o Ministro da Economia do Lula. Se ele deixar para anunciar esse nome antes da eleição pode ser que seja alguém que não agrade o mercado”, afirma Menezes da Armor Capital.

Neste cenário, os especialistas afirmam que veem com bons olhos os seguintes setores no Brasil: commodities agrícolas, financeiro, elétrico e de saúde. “Não gosto de construção civil, principalmente das classes C e D”, afirma Menezes.

Para mais detalhes da visão de Alfredo Menezes, sócio-fundador, CEO e CIO da Armor Capital, e Sérgio Machado, sócio e gestor da Trópico Investimentos, confira o episódio 154 do Stock Pickers.

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